Dados de ensaios clínicos randomizados levaram à recomendação do uso de dolutegravir (DTG) em crianças e adolescentes vivendo com HIV. Entretanto, dados de vida real ainda são escassos.
Resultados de um estudo longitudinal multicêntrico foram apresentados na 24th International AIDS Conference, avaliando a eficácia de esquemas baseados em DTG para manter supressão viral a curto e a longo prazo nessa população.
Metodologia
Trata-se de um estudo retrospectivo, com revisão de dados clínicos e taxas de supressão viral, de crianças e adolescentes com HIV entre 0 e 19 anos de idade atendidos em clínicas 6 países africanos e que estavam em uso de DTG.
Supressão viral foi definida como uma carga viral < 1.000 cópias/mL. Exames de carga viral foram avaliados a cada 6 meses após o início de DTG e o primeiro resultado foi usado como referência para acompanhar a tendência longitudinal de taxas de supressão viral.
Leia também: AIDS 2022: TARV, hormonioterapia e aspectos metabólicos
Resultados
Foram identificados 11.799 crianças e adolescentes que se enquadravam nos critérios de inclusão. O tempo médio de acompanhamento após o início de DTG foi de 22,4 meses. Estavam disponíveis 22.577 resultados de carga viral, variando entre 6 e 60 meses após os participantes terem começado DTG.
Para os resultados dos primeiros 6 meses de uso de DTG, a taxa de supressão viral foi de 92,1%, sem diferença entre os sexos (91,6% em mulheres vs. 92,7% em homens) ou entre diferentes faixas etárias (88,9% nos com 0 a 4 anos vs. 94,1% nos com 5 a 9 anos vs. 93,5% nos com 10 a 14 anos vs. 90,5% nos com 15 a 19 anos). As taxas de supressão viral se mantiveram sem perda significativa ao longo do tempo de acompanhamento da coorte, também de forma similar entre sexo e idade.
Mensagem prática
Os resultados desse estudo são mais uma evidência da eficácia de DTG na população pediátrica, inclusive quando utilizado como início de tratamento.