Alto consumo de suco de frutas aumenta risco de mortalidade?

Embora os sucos de frutas contenham algumas vitaminas e fitonutrientes, os ingredientes predominantes são “açúcar e água”. Entenda os riscos dessas bebidas:

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As doenças cardiovasculares (DC) representam importante causa de morbimortalidade na atualidade, e o alto consumo de bebidas açucaradas, incluindo sucos naturais, tem sido associado a vários fatores de risco para DC, incluindo dislipidemia, diabetes e obesidade. Um recente estudo de coorte, com uma análise secundária dos dados obtidos de 30.183 participantes do estudo longitudinal Reasons for Geographic and Racial Differences in Stroke (REGARDS) tentou estudar a associação de bebidas açucaradas e sucos com 100% de frutas (sozinhos e em combinação) com mortalidade.

O consumo médio de bebidas açucaradas, avaliados por um questionário alimentar validado, foi de 8,4% do valor energético total (VET). Quando comparou-se o alto consumo (10% do VET) vs o baixo consumo (<5% do VET) de bebidas açucaradas, os hazard ratios ajustados ao risco foram de 1,44 (IC 95%, 0,97-2,15) para mortalidade por doença arterial coronariana e 1,14 (IC 95%, 0,97-1,33) para mortalidade por todas as causas. Esses achados sugerem que o consumo de bebidas açucaradas, incluindo sucos de frutas, está associado à mortalidade por todas as causas.

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O teor de nutrientes de 100% de sucos de frutas e de bebidas açucaradas (refrigerantes, sucos e chás industrializados) é muito semelhante. Embora 100% dos sucos de frutas contenham algumas vitaminas e fitonutrientes que estão em falta na maioria das outras bebidas açucaradas, os ingredientes predominantes em ambos são “açúcar e água”. Embora o açúcar nas bebidas industrializadas seja adicionado durante o processamento e o açúcar em 100% suco de frutas seja natural, o carboidrato fornecido para o corpo e resposta bioquímica após sua metabolização é a mesma.

O metabolismo da frutose, que é derivada de outros açúcares, ocorre quase que exclusivamente no fígado. Sabe-se que o consumo de frutose altera os níveis lipídicos no sangue, marcadores de inflamação e pressão arterial, enquanto o alto consumo de glicose tem sido associado à resistência à insulina e diabetes, independente do peso do paciente. O consumo de frutose também pode estimular uma resposta hormonal que promove a deposição de gordura central, considerado fator de risco para doenças cardiovasculares.

Quais são as recomendações das sociedades de Pediatria sobre o consumo de suco por crianças?

Por muito tempo, o suco de frutas foi recomendado pelos pediatras como uma fonte natural e saudável de vitaminas e como fonte extra de água para bebês e crianças saudáveis. Embora o consumo de suco tenha alguns benefícios, também tem efeitos prejudiciais em potencial. O alto teor de açúcar no suco contribui para o aumento do consumo de calorias e o risco de cárie dentária. Uma desvantagem do suco de fruta é que ele não tem a fibra da fruta inteira, o que pode predispor ao ganho de peso inadequado.

Neste sentido, as premissas básicas das recentes diretrizes dietéticas da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e Academia Americana de Pediatria (AAP) dão ênfase nos alimentos densos em nutrientes. A fruta, junto com vegetais, são os principais alimentos recomendados para fornecer vitaminas e minerais necessários, reduzir o risco de doença cardiovascular e potencialmente proteger contra o câncer, reduzindo a ingestão calórica excessiva. Suco de fruta não oferece vantagem nutricional sobre frutas inteiras.

O resumo das recomendações atuais, principalmente no primeiro ano de vida, é: “Mais frutas, mais água e nada de suco”.

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Referências:

  • Collin LJ et al. Association of Sugary Beverage Consumption With Mortality Risk in US Adults: A Secondary Analysis of Data From the REGARDS Study. JAMA Netw Open. 2019 May 3;2(5):e193121.
  • Heyman MB, Abrams SA: Fruit juice in infants, children, and adolescents: current recommendations, Pediatrics 139(6):e20170967, 2017
  • Sociedade Brasileira de Pediatria Manual de orientação para a alimentação do lactente, do pré-escolar, do escolar, do adolescente e na escola/Sociedade Brasileira de Pediatria. Departamento de Nutrologia, 3ª. ed. Rio de Janeiro, RJ: SBP, 2012. 148 p.

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