O câncer de mama é o tipo de câncer mais comum entre mulheres do mundo inteiro. A doença, bem como o seu tratamento, podem provocar impactos negativos de diversas maneiras para o processo de amamentação, trazendo sobretudo morbidades para a saúde da mãe e bebê.
Impactos negativos do câncer de mama na amamentação
- Medicamentos: Medicamentos usados para tratar o câncer de mama podem ser incompatíveis com o período de lactação ou produzirem efeitos de redução na produção de leite, dessa forma, a amamentação deve ser interrompida durante o uso da medicação incompatíveis ou caso seja compatível, complementada com leite artificial;
- Cirurgia mamária: Procedimentos cirúrgicos podem comprometer a capacidade lactacional de maneira irreversível da mama. Em casos de mastectomia total, em torno de 95% ou mais do parênquima da mama é removido, podendo incluir até o complexo aréolo mamilar. Mesmo que permaneça algum tecido mamário residual, a mama será incapaz de produzir leite em uma quantidade adequada para as demandas do bebê.
- Radioterapia: essa modalidade de tratamento promove um processo de fibrose patológica, fazendo com que os ductos lactíferos se proliferam durante o período gestacional. Também podem provocar alteração na característica de elasticidade do complexo aréolo mamilar dificultando a pega do bebê e alterações no sabor do leite aumentando o risco de recusa do bebê.
- Quimioterapia: provoca impactos na capacidade de produção láctea durante o tratamento.
Em mulheres que apresentaram câncer de mama antes do período gestacional e lactação e obtiveram a cura, é importante enfatizar que não está contraindicado a amamentação. Entretanto, caso haja baixa produção de leite, não é recomendado o uso de galactagogos ou medicações que aumentam os níveis de prolactina, por estarem associados ao maior risco de tumorigênese. O acompanhamento com equipe multiprofissional deve ser realizado e estratégias para aumento da produção de leite com bomba extratora podem ser benéficas em alguns casos.
Em mulheres que apresentam câncer de mama durante a fase de lactação, não há, até o momento, evidências científicas que comprovem riscos para o bebê da ingestão de leite materno diretamente da mama adoecida. Entretanto, durante o tratamento com quimioterapia, o aleitamento materno deve ser suspenso pois há risco de neutropenia infantil. A amamentação pode ser retomada após o período de metabolização da droga no organismo, se a mulher desejar. Entretanto, é importante lembrar que a quimioterapia provoca redução na capacidade de produção de leite de ambas as mamas, sendo necessário a complementação com leite artificial.
Caso a decisão seja pelo desmame, não é recomendado que ele seja de forma abrupta, pois há risco de crescimento tumoral. O desmame deve ser feito gradualmente, utilizando medicações como a cabergolina.
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Rastreamento
O rastreamento de rotina para câncer de mama em mulheres que estão amamentando, não está contraindicado, uma vez que os exames radiológicos usados para rastreio como mamografia, ultrassonografia de mama e ressonância magnética de mama com contraste são compatíveis com o processo de lactação. Entretanto, essa deve ser uma conduta individualizada, pautada nos riscos pessoas do desenvolvimento de câncer de mama de cada mulher.
Durante a fase de lactação, as mamas apresentam características específicas desse período que podem interferir na aparência das imagens como hipervascularização, ductos lactíferos dilatados devido a presença de leite, maior densidade do parênquima mamário. Dessa forma o ideal esvaziar a mama antes do exame para reduzir a quantidade de leite, melhorando a sensibilidade do exame. Caso contrário, as chances de resultados falso positivos são maiores.
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Referências bibliográficas:
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