Aspergilose Pulmonar: diagnóstico e tratamento

A aspergilose, causada predominantemente por Aspergillus fumigatus, é a infecção fúngica mais frequente dos pulmões.

O espectro da Aspergilose Pulmonar é amplo e depende do estado imunológico do hospedeiro. A. fumigatus pode causar reações alérgicas pulmonares em pacientes com asma ou fibrose cística, conhecida como aspergilose broncopulmonar alérgica (ABPA).

No caso da aspergilose pulmonar crônica (APC), a condição afeta indivíduos imunocompetentes ou levemente imunocomprometidos e têm doença pulmonar subjacente, como doença pulmonar obstrutiva crônica, sequelas de tuberculose, infecções micobacterianas não tuberculosas ou câncer de pulmão.

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Existem padrões distintos de APC com apresentações clínicas sobrepostas, variando de aspergiloma simples (uma bola fúngica dentro de uma cavidade existente) a formas cavitárias crônicas, fibrosantes e formas micro invasivas de aspergilose pulmonar. A aspergilose pulmonar invasiva aguda (API) afeta pacientes que apresentam vários graus de imunossupressão no contexto de malignidades hematológicas, neutropenia induzida por quimioterapia ou terapias imunossupressoras para distúrbios autoimunes ou transplantados. A API também surgiu entre pacientes de unidade de terapia intensiva (UTI) sob ventilação com covid-19 e que aparentemente eram imunocompetentes.

Aspergilose Pulmonar: diagnóstico e tratamento

Diagnóstico e tratamento

A aspergilose pulmonar representa um desafio diagnóstico e terapêutico devido à modesta sensibilidade e especificidade dos testes diagnósticos, resultando em frequentes atrasos diagnósticos e terapêuticos, limitação terapêutica, interações medicamentosas significativas (especialmente para triazóis), eventos adversos e o surgimento de resistência. A documentação microbiológica pode ser obtida por culturas em amostras respiratórias com procedimentos não invasivos (escarro) ou invasivos (broncoscopia com lavado broncoalveolar). O PCR para Aspergillus é uma ferramenta muito sensível, mas pode ser menos específica do que a cultura para a distinção entre colonização e infecção.

O teste de galactomanana (GM) pode ser realizado no lavado broncoalveolar com sensibilidade (75–85%) e especificidade (75–80%) aceitável. O teste de GM no soro tem baixa sensibilidade e não é recomendado. A detecção de imunoglobulina G anti-Aspergillus ou precipitinas tem bom valor preditivo positivo para o diagnóstico e boa sensibilidade (75–80%) para aspergiloma, mas não para aspergilose pulmonar cavitária crônica. É recomendado para diagnóstico e também é útil para monitorar a resposta à terapia.

Três classes de medicamentos antifúngicos estão atualmente licenciadas para o tratamento da aspergilose: os polienos (formulações de anfotericina B), os triazóis (voriconazol, posaconazol, isavuconazol, itraconazol) e as equinocandinas (anidulafungina, caspofungina, micafungina). Alguns novos medicamentos com potente atividade anti-Aspergillus (por exemplo, olorofim, fosmanogepix) estão atualmente sob investigação clínica e estão disponíveis para uso compassivo. Espera-se que essas drogas se tornem peças-chave para o tratamento de aspergilose invasiva resistente a azóis.

O manejo da APC é complexo e requer abordagem multidisciplinar envolvendo pneumologistas, cirurgiões torácicos, radiologistas e infectologistas. Como a APC pode apresentar sintomas e padrões radiológicos muito heterogêneos com variáveis graus de extensão, as indicações para cirurgia devem ser cuidadosamente avaliados individualmente considerando o número e o tamanho das lesões e as condições subjacentes do paciente, sobretudo em relação aos status clínico e a função pulmonar.

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Mensagens práticas:

  • A aspergilose pulmonar crônica pode ocorrer, sobretudo, em pacientes que possuem doenças estruturais pulmonares, como bronquiectasias, sequelas de tuberculose e DPOC.
  • Os principais sintomas da doença são tosse, hemoptoicos, febre, emagrecimento e inapetência, porém presentes em poucos casos
  • O principal tratamento de pacientes ambulatoriais ainda são os derivados azólicos como o itraconazol e o voriconazol.

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • Lamoth F, Calandra T. Pulmonary aspergillosis: diagnosis and treatment. Eur Respir Rev 2022; 31: 220114. DOI: 10.1183/16000617.0114-2022.  

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