No próximo dia 03 de março, é comemorado o dia da Audição. Esta data, instituída pela Organização Mundial de Saúde, tem como objetivos, a divulgação de informações para promoção de cuidados com a saúde auditiva de todos, à nível mundial, e também, a conscientização sobre deficiência auditiva. A audição é uma função sensorial importante e está relacionada à aquisição de outras habilidades como a fala, a comunicação e a socialização. Para que o desenvolvimento da função auditiva aconteça, é fundamental a integridade da anatomia e função das estruturas auditivas, bem como do sistema nervoso central e periférico.
Desenvolvimento auditivo na criança
Durante o acompanhamento do desenvolvimento de uma criança, o enfermeiro deve se atentar para aspectos relacionados ao desenvolvimento global, incluindo o desenvolvimento auditivo, principalmente em crianças com fatores de risco para perdas auditivas ou que necessitaram de internação em unidade de terapia neonatal.
Ao longo do desenvolvimento, o bebê passa por fases de maturação da função auditiva. O sistema auditivo já está formado ao nascimento, e o bebê apresenta uma audição reflexa. Com a exposição a estímulos sonoros, o bebê vai vivenciando experiências auditivas, que provocam respostas comportamentais esperadas, de acordo com sua idade cronológica.
A primeira fase do desenvolvimento auditivo é a detecção do som. Nessa fase, ocorre a percepção da presença ou ausência do som. Em seguida, a criança aprende a discriminação auditiva, em que ela começa a ser capaz de perceber dois sons diferentes. Ao longo do desenvolvimento, a criança aprende a reconhecer determinado som, classificar e nomear o que ouviu, podendo apontar a fonte sonora ou mesmo repetir o som. Por fim, na fase de compreensão auditiva, a criança além de compreender o som, ela é capaz de elaborar uma resposta para aquele som (ex: ouve uma pergunta, compreende e forma uma resposta).
Saiba também: Deficiência auditiva em crianças
Do nascimento aos 3 meses de vida, o bebê apresenta o Reflexo de Moro que é desencadeado em bebês com audição normal, quando expostos a estímulos de 65 dB NPS ou mais. Nessa idade, ao ouvir a voz da mãe, ele apresenta comportamento de ficar mais calmo. Até os 6 meses, o bebê começa a ser capaz de fazer a localização lateral do som, virando a cabeça para a fonte sonora.
Aos 9 meses, a localização lateral é mais rápida, e o bebê vira a cabeça de forma mais brusca em direção ao som lateral. Os comandos simples começam a ser compreendidos aos 10 meses como dar “Tchau”, mandar beijo, bater palma. A partir dos 13 meses, o som é localizado em todas as direções.
Além da avaliação do desenvolvimento da audição, é importante que o enfermeiro avalie, em sua consulta, a presença do Reflexo Cocleopalpebral. Esse reflexo é apresentado em todas as idades quando há exposição a sons de forte intensidade, em torno de 90 dBNPS. A ausência de reflexo deve ser investigada, podendo ser sinal de alteração auditiva ou não.
Cerca de 1 a 6 recém nascidos, a cada cem mil nascidos vivos, e 1 a 4 recém nascidos, a cada cem bebês que necessitaram de internação em unidade de terapia intensiva neonatal apresentam perda auditiva. Os estudos mostram que 50% dos casos de perda auditiva poderia ser prevenida ou ter os seus efeitos minimizados se diagnóstico e intervenção precoces.
Mensagem final
Atualmente, a Triagem Auditiva Neonatal deve ser realizada em todos os bebês, preferencialmente nas primeiras 24 a 48 horas de vida, ainda na maternidade. Nos casos em que não tenha sido feito na maternidade e bebês nascidos em domicílio, a Triagem deve ser realizada no primeiro mês de vida do bebê, exceto em bebês que não tenham condições de saúde para realização da triagem.
Para saber mais sobre esse assunto, baixe já o app Nursebook!
Referências bibliográficas:
- Santana JCB, et al. Saúde da Criança e do Adolescente: puericultura na prática pediátrica. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2011.
- Fonseca EMGO. Desenvolvimento normal de 1 a 5 anos. Revista de Pediatria Soperj, suplemento. 2011,
- Hockenberry MJ. Wong Manual Clínico de Enfermagem Pediátrica. 2º ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.
- Ministério da Saúde (Brasil). Saúde da Criança: Crescimento e Desenvolvimentos – Caderno de Atenção Básica. Brasília: 2012.
- Hockenberry MJ, Wilson DW. Fundamentos de Enfermagem Pediátrica. 9ª ed. – Rio de Janeiro: Elsevier, 2014.
- Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Atenção à Saúde. Diretrizes de estimulação precoce : crianças de zero a 3 anos com atraso no desenvolvimento neuropsicomotor / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde. – Brasília: Ministério da Saúde, 2016.