Baixa atividade no LES está associada com menor dano acumulado pela doença?

Estudos já demonstraram que atingir baixa atividade ou remissão do LES reduz a probabilidade de morte e outros desfechos.

O lúpus eritematoso sistêmico (LES) é uma doença capaz de afetar virtualmente qualquer órgão ou sistema. Desse modo, a manutenção do bom controle da doença pode reduzir a chance de suas complicações. 

Estudos já demonstraram que atingir baixa atividade de doença ou remissão reduz a probabilidade de morte, dano, reativações, hospitalização, custos e eventos cardiovasculares, além de melhorar a qualidade de vida. 

Por esse motivo, diversos grupos de estudo e sociedades têm direcionado seus esforços para construção de definições desses estados.  

lúpus

O estudo 

O grupo DORIS (Definition of Remission in Systemic Lupus Erythematosus), em sua publicação de 2021, definiu remissão como SLEDAI clínico de 0, com avaliação global do médico de <0,5 (escore que vai de 0 a 3), prednisona ≤5 mg/dia e imunossupressores/biológicos em doses estáveis (de manutenção). Já a definição de baixa atividade é um pouco mais variada. A coorte de Toronto (LDA-TC) a definiu como SLEDAI clínico de dois ou menos, sem prednisona ou imunossupressores.  

A colaboração Ásia-Pacífico definiu os seguintes parâmetros (APLC/LLDAS): SLEDAI ≤4, sem atividade em órgãos principais (renal, neurológico, cardiopulmonar, vasculite ou febre), sem novas manifestações em relação à avaliação prévia, avaliação global do médico ≤1, com prednisona ≤7,5 mg/dia e/ou drogas imunossupressoras em doses de manutenção. 

A análise dessas definições em conjunto demonstraram a redução no dano acumulado pelo LES em diferentes estudos. No entanto, a análise do impacto de cada um deles de maneira isolada não foi feita de maneira extensiva. Para responder a essa questão, Ugarte-Gil analisaram o impacto de se atingir remissão ou baixa atividade de doença na evolução do dano, utilizando a coorte de incepção do SLICC. 

Métodos 

A coorte do SLICC é uma importante coorte no estudo do LES. A partir dela, foram derivados critérios de classificação e um escore para avaliar o dano acumulado pela doença e seu tratamento. Participaram dela 33 países da Ásia, Europa e América do Norte, dos anos de 1999 a 2011. 

Os pacientes incluídos na coorte foram categorizados de acordo com o atingimento ou não dos critérios de remissão do DORIS e de baixa atividade de doença LDA-TC e APLC, ao longo do seguimento. Como a avaliação global do médico não era coletada pela coorte na época, ela foi excluída das análises, dando origem ao LLDAS modificado (mLLDAS). Foram analisados cinco grupos diferentes:

  1. Remissão DORIS sem tratamento
  2. Remissão DORIS com tratamento
  3. DDA-TC
  4. mLLDAS
  5. Doença ativa

Para cada visita, apenas a definição mais rigorosa foi computada. 

A partir disso, o dano acumulado utilizando do SDI foi calculado entre duas visitas consecutivas. 

Resultados 

Foram analisados 1.652 pacientes (88% sexo feminino, idade média de 34,2 anos e tempo médio de seguimento de 7,7 anos). 

Todos os quatro estados analisados, quando comparados aos pacientes em atividade, apresentaram uma menor chance de progredir com dano, mesmo após controle para possíveis confundidores. O riscos relativos estão descritos abaixo (vs. doença ativa): 

  • Remissão sem tratamento: RR 0,75 (IC95% 0,70-0,81);
  • Remissão com tratamento: RR 0,68 (IC95% 0,62-0,75); 
  • LDA-TC: RR 0,79 (IC95% 0,68-0,92); 
  • mLLDAS: 0,76 (IC95% 0,65-0,89).

Saiba mais: Quando suspender a medicação de manutenção na nefrite lúpica? Resultados do estudo WIN-Lupus

Comentários 

Esse trabalho é interessante por reforçar a importância de se atingir baixa atividade de doença e remissão do LES para se evitar que o paciente evolua com acúmulo de dano relacionado à doença. 

Desse modo, todo médico que cuida de pacientes com LES deve estar familiarizado com essas definições para que o tratamento seja sempre ajustado com o objetivo de se atingir essas definições acima apresentadas, evitando, portanto, a inércia terapêutica.

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • Ugarte-Gil MF, Hanly J, Urowitz M, et al. Remission and low disease activity (LDA) prevent damage accrual in patients with systemic lupus erythematosus: results from the Systemic Lupus International Collaborating Clinics (SLICC) inception cohort. Ann Rheum Dis 2022;81:1541–1548. 

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