Bebês hospitalizados que usam fórmulas infantis têm risco maior de desmame precoce

O uso de fórmulas infantis em bebês internados está associado a uma menor duração do aleitamento, afetando a saúde do binômio mãe-bebê.

O aleitamento materno proporciona inúmeras vantagens tanto para a saúde do bebê quanto para a da mãe. O aleitamento exclusivo está associado à redução da morbimortalidade infantil quando comparado ao aleitamento parcial, incluindo taxas mais baixas de infecções respiratórias e do trato gastrointestinal e menor ocorrência de síndrome de morte súbita do lactente. Mesmo uma breve exposição a uma fórmula infantil já altera o microbioma do bebê em longo prazo e aumenta o risco de alergia aos 2 anos de idade.

O uso de fórmulas em bebês internados está associado a uma menor duração do aleitamento, afetando a saúde do binômio mãe-bebê em longo prazo. A utilização de suplementos alimentares no hospital em bebês internados é influenciada por uma infinidade de fatores, desde as características físicas e culturais das mães às políticas hospitalares, treinamento da equipe, disponibilidade de fórmula gratuita e até mesmo no momento do parto.

A perda excessiva de peso neonatal é frequentemente citada como motivo da suplementação. No entanto, existe uma perda de peso que é fisiológica. Outras razões apresentadas para o uso de fórmulas em bebês internados incluem hipoglicemia e hiperbilirrubinemia do recém-nascido (RN). Essas condições podem ser prevenidas ou tratadas através do manejo adequado da lactação e da disponibilidade de leite humano ordenhado.

As circunstâncias raras que requerem fórmulas hospitalares incluem, por exemplo, erros inatos do metabolismo em neonatos ou quando a mãe está sendo submetida a algum tipo de tratamento que impede a lactação, como quimioterapia.

mãe amamentando bebê que faz uso de fórmulas infantis sentada

Uso de fórmulas infantis em bebês internados

Em artigo recente publicado no jornal Pediatrics, as pesquisadoras Marcia Burton McCoy e Pamela Heggie, de Minnesota, Estados Unidos, determinaram a propensão de bebês internados a receber fórmula infantil com base em vários fatores pré-recorrentes e mediram o impacto entre aqueles que receberam fórmula e aqueles com risco igual para recebê-la, mas que foram amamentados exclusivamente.

As pesquisadoras conduziram um estudo observacional em que foram utilizados métodos de escore de propensão para comparar lactentes amamentados e que receberam fórmula com bebês em aleitamento materno exclusivo (n = 5310) durante a hospitalização pós-parto.

Foram utilizadas análises de sobrevida para comparar a duração do aleitamento materno em lactentes em aleitamento materno exclusivo no hospital e lactentes alimentados com fórmula durante a internação. Duas análises foram conduzidas: a primeira assumindo que todo o viés foi controlado através da correspondência e a segunda análise foi mais conservadora (n = 4836), fazendo correções adicionais para suplementação. Foram selecionados bebês inscritos no Minnesota Special Supplemental Nutrition Program for Women, Infants, and Children (Programa Especial de Nutrição Suplementar de Minnesota para Mulheres, Lactentes e Crianças) 2016.

Resultados da pesquisa

Nesse estudo, as razões de risco para o desmame aumentaram com o tempo. Na primeira análise, a razão de risco no primeiro ano foi de 6,1 (intervalo de confiança de 95% [IC] 4,9-7,5), aumentando com a idade (primeiro mês: 4,1[IC95% 3,5-4,7]; 1–6 meses: 8,2 [IC95% 5,6-12,1]; 6 meses: 14,6 [IC95% 8,9-24,0]). A segunda análise, mais conservadora, mostrou que os bebês expostos à fórmula tinham 2,5 vezes o risco de desmame, em comparação aos bebês que eram amamentados exclusivamente (razão de risco = 2,5; IC95% 1,9-3,4).

Embora a associação entre o uso de fórmula por bebês internados e o período que dura a amamentação esteja bem estabelecida, esse estudo evidencia que a suplementação da amamentação de bebês no hospital com o uso de fórmulas afeta negativamente a duração do aleitamento: crianças expostas a fórmulas infantis no hospital têm um risco 2,5 a 6 vezes maior de desmame precoce no primeiro ano de vida do que crianças em aleitamento materno exclusivo.

As fórmulas infantis geralmente são fornecidas em quantidades maiores do que o fisiologicamente apropriado, sendo que uma criança que recebe suplementos amamenta com menos frequência, diminuindo a secreção de prolactina na mãe. Por fim, as fórmulas no hospital também aumentam a probabilidade de suplementação após a alta hospitalar. Estratégias para diminuir o uso desses suplementos incluem educação pré-natal, aconselhamento de colegas e funcionários do hospital, educação médica e contato pele a pele da mãe com o bebê.

Referência bibliográfica:

  • McCoy MB, Heggie P. In-Hospital Formula Feeding and Breastfeeding Duration. Pediatrics. 2020;146(1):e20192946.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo

Selecione o motivo:
Errado
Incompleto
Desatualizado
Confuso
Outros

Sucesso!

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo.

Você avaliou esse artigo

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Baixe o Whitebook Tenha o melhor suporte
na sua tomada de decisão.

Especialidades