Você está de plantão no Pronto Atendimento, às 21h50, e chama o próximo paciente. Um homem de cerca de 60 anos, acompanhado por uma moça bem mais jovem, se levanta quando você pronuncia seu nome completo, da porta do consultório.
Ele se levanta sem esforço e após três ou quatro passos recua e pega uma sacola de plástico com a logo marca de um centro de imagens conhecido da região, que estava ao seu lado numa cadeira vaga. Os dois entram na sala. Ela, passando a mão na testa e puxando a cadeira para o senhor se sentar, diz: “Meu pai vomitou sangue de manhã”.
Na folha de triagem os sinais vitais mostram PA 110/60 mmHg, Fc 75 bpm, Frm 18 irpm, temperatura axilar 36,5 ºC e glicemia capilar de 156 mg/dL.
Você olha profundamente nos olhos do paciente e percebe que trata-se de um homem levemente hipocorado, acianótico e um pouco taquipneico. Ele parece ansioso mas atento. Bem atento. A esclera está ictérica? Ou é apenas palidez?
A filha então continua dizendo “Meu pai tem problema de coração, tem pressão alta e hoje vomitou sangue. Na hora a pressão estava baixa então eu não dei a losartana. Ele é teimoso, não queria vir. Aí eu cheguei do trabalho e o trouxe a força!” Ela olha de lado para ele, enquanto ele desvia o olhar para o chão.
Você continua olhando para aquele senhor, nota que em seu antebraço direito há uma tatuagem de uma águia, azulada e mal delimitada, provavelmente por ter sido feita há algumas décadas. Ele está magro! Sempre foi magro assim? Ao lado da tatuagem há uma equimose.
“Ele fez alguns exames que o médico pediu”. O paciente pega a sacola e tira alguns exames de sangue e uma radiografia de tórax. “O médico disse que o coração dele pode estar grande”. Você olha rapidamente a radiografia mas não percebe aumento de área cardíaca.
Pela primeira vez ele fala algo “Mas eu estou bem. Não vomitei mais…” Você desce os olhos, da tatuagem até as mãos do homem a sua frente, e suas mãos chamam a sua atenção.
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A foto mostra as famosas unhas de Terry, descritas por Richard Terry, em 1954. Este padrão característico da unha está classicamente associado à cirrose hepática. As unhas de Terry totalmente desenvolvidas exibem uma opacidade semelhante ao vidro fosco de quase todo o leito ungueal. A condição é bilateralmente simétrica, com tendência a ser mais acentuada no polegar e no indicador.
O mecanismo subjacente às unhas brancas ainda não foi esclarecido, embora os achados patológicos tenham mostrado telangiectasias na banda distal e na região proximal da unha. Nem hipoalbuminemia ou anemia nem a gravidade da cirrose hepática tem relação com as unhas de Terry e a largura da faixa de cores distal das unhas.
As unhas de Terry também foram descritas em pacientes com com doença tireoideana ou cardíaca. O diagnóstico diferencial mais importante são as unhas urêmicas meio a meio que normalmente são observadas na insuficiência renal crônica.
Agora vamos as demais alternativas:
Há sinais de emagrecimento e desnutrição sim que, somados a outros dados do exame físico e história do paciente, poderiam levantar a hipótese de alguma patologia instalada. As dispepsias funcionais jamais serão hipóteses para pacientes com doença orgânica evidente já que são doenças funcionais, como o próprio nome acusa.
Procurar dermatopolimiosite em um paciente sem sintomas cutâneos ou musculares nunca é um bom caminho. Estamos falando de uma doença rara que, em regra, aparece raramente. Além disso, não há pápulas de Gottron na foto.
Quanto a lesão do segundo neurônio motor, a foto isoladamente não é suficiente para confirmar ou excluir. Mas preste atenção que o paciente foi andando até o consultório e abriu a sacola de exames sozinho, além da queixa principal ser um sangramento digestivo. E será que um paciente com fraqueza muscular diria “… eu estou bem…”?
Incorreto
A foto mostra as famosas unhas de Terry, descritas por Richard Terry, em 1954. Este padrão característico da unha está classicamente associado à cirrose hepática. As unhas de Terry totalmente desenvolvidas exibem uma opacidade semelhante ao vidro fosco de quase todo o leito ungueal. A condição é bilateralmente simétrica, com tendência a ser mais acentuada no polegar e no indicador.
O mecanismo subjacente às unhas brancas ainda não foi esclarecido, embora os achados patológicos tenham mostrado telangiectasias na banda distal e na região proximal da unha. Nem hipoalbuminemia ou anemia nem a gravidade da cirrose hepática tem relação com as unhas de Terry e a largura da faixa de cores distal das unhas.
As unhas de Terry também foram descritas em pacientes com com doença tireoideana ou cardíaca. O diagnóstico diferencial mais importante são as unhas urêmicas meio a meio que normalmente são observadas na insuficiência renal crônica.
Agora vamos as demais alternativas:
Há sinais de emagrecimento e desnutrição sim que, somados a outros dados do exame físico e história do paciente, poderiam levantar a hipótese de alguma patologia instalada. As dispepsias funcionais jamais serão hipóteses para pacientes com doença orgânica evidente já que são doenças funcionais, como o próprio nome acusa.
Procurar dermatopolimiosite em um paciente sem sintomas cutâneos ou musculares nunca é um bom caminho. Estamos falando de uma doença rara que, em regra, aparece raramente. Além disso, não há pápulas de Gottron na foto.
Quanto a lesão do segundo neurônio motor, a foto isoladamente não é suficiente para confirmar ou excluir. Mas preste atenção que o paciente foi andando até o consultório e abriu a sacola de exames sozinho, além da queixa principal ser um sangramento digestivo. E será que um paciente com fraqueza muscular diria “… eu estou bem…”?
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Clínica Médica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) • Mestrado pela Universidade Federal de Viçosa (UFV) • Professor de Clínica Médica da UFV • Professor de Clínica Médica da UNIFAGOC • Instagram: @bruno.farnetano • Youtube: Semiologia Retrô