A meningomielocele é uma das formas mais tradicionais de deformidade do tubo neural, induzindo a uma exposição da medula espinhal a atmosfera externa. Trata-se de uma má-formação com grande incidência mundial, onde só no Brasil cerca de 1,9 a cada 10.000 nascidos vivos apresentam a patologia.
Os portadores desta doença podem apresentar déficit motor e cognitivo em variados graus, incontinência do sistema urinário, intestinal e alterações no sistema nervoso central. Além disso, é comum o desenvolvimento da dilatação dos ventrículos cerebrais ocasionando na hidrocefalia.
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Tratamento
Para correção desta enfermidade, até 2011 apenas o tratamento cirúrgico pós-nascimento estava validado e amplamente utilizado. Este consistia em realizar a sutura da medula através da metodologia de fechamento por planos. Porém esta técnica acarretava na fixação da medula ao sítio cirúrgico e, devido ao desenvolvimento da criança, em outras alterações neurológicas que surgiam atribuídas ao estiramento do nervo.
Ainda que, conforme o estudo de Bevilacqua e Pedreira (2015), cerca de 70% dos casos de meningomielocele possam ser prevenidos com a elevação dos níveis séricos de ácido fólico até a sétima semana gestacional (período final do fechamento do tubo neural), pouco se podia fazer nos casos onde a patologia era identificada após este período.
Cirurgia intrauterina
Surge então, a cirurgia fetal para correção de meningomielocele. Estudos apontam que os indivíduos submetidos à técnica de correção intraútero, obtém melhor prognóstico neuropsicomotor ao nascer e redução da necessidade de derivação ventrículo-peritoneal, além de possuir o dobro de chances de deambular.
É importante que cada caso seja avaliado de maneira individual, onde o binômio mãe e filho deve ser considerado, onde é imprescindível que a equipe multidisciplinar seja treinada e qualificada, com retaguarda de UTI para ambos. Desta forma, a mãe deve ser recepcionada na instituição de saúde com antecedência, para que esta possa ser orientada e assistida pela equipe multidisciplinar podendo assim minimizar o aparecimento de eventos.
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No centro cirúrgico o enfermeiro e sua equipe devem disponibilizar os materiais e insumos necessários para o procedimento, além das verificações necessárias às cirurgias de grande porte, como por exemplo, a confirmação de reserva de hemocomponentes junto ao banco de sangue. É importante ressaltar que este procedimento deve ser realizado com todas as medidas para Latex Free.
Todo o fluxo institucional implementado para o atendimento deste procedimento, deve ser constantemente revisado, testado e treinado, já que esta cirurgia pode resultar em um parto prematuro com possível necessidade de reanimação neonatal. Ressalta-se mais uma vez a grande importância de reconhecer possíveis complicações, utilizando em todo o processo operatório as orientações do protocolo de cirurgia segura, priorizando a segurança do feto e da mãe.