Colestase intra-hepática da gravidez pode levar a alteração cardíaca fetal

Um estudo analisou a presença de disfunção miocardia fetal em mulheres chilenas com diagnóstico de colestase intra-hepática da gravidez.

A colestase intra-hepática da gravidez é a doença hepática mais comum da gestação. Clinicamente se apresenta com prurido generalizado, mais intenso em palma das mãos e planta dos pés e com piora noturna. E laboratorialmente apresenta valores elevados dos sais biliares.

Essa doença está relacionada com desfechos perinatais adversos, como prematuridade, sofrimento fetal e óbito intraútero. Entretanto, até o momento, não há evidências da causa desses óbitos fetais e tão pouco há alterações ultrassonográficas ou dopplervelocimétricas que sugerem a iminência desse desfecho. O que torna difícil o manejo desses casos pelos obstetras.

Entretanto, baseado em alguns estudos, supõe-se que os sais biliares afetam a função cardíaca fetal, iniciando assim um processo que pode culminar com o óbito fetal.

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colestase

Estudo

Um estudo de coorte publicado em maio de 2022, analisou a presença de disfunção miocardica fetal em mulheres chilenas com diagnóstico de colestase intra-hepática da gravidez. O estudo foi desenvolvido no Department of Obstetricsand Gynecology Hospital Carlos Van Buren (Valparaíso,Chile) de 2015 a 2020.

Foram incluídas 98 mulheres no estudo, sendo 49 no grupo com a doença e 49 no grupo controle. Foram consideradas portadoras de colestase intra-hepática gestacional, mulheres que apresentavam prurido em palma das mãos e planta dos pés por uma semana, descartado outras doenças cutâneas, imunológicas e hepáticas.
Essas mulheres foram submetidas a coleta de sangue para avaliação de função e enzimas hepáticas. A função cardíaca fetal foi avaliada através de um ecocardiograma fetal em busca dos desfechos primários o prolongamento PR e a disfunção sistólica e/ou diastólica.

As gestantes com colestase, quando comparadas ao grupo controle, apresentaram maior prevalência de valores acima do normal de bilirrubina conjugada (20,4% vs 2,0%, p=0,008), TGO (28,6% vs4,1%, p=0,002) e TGP (24,5% vs 2,0%, p=0,002). O grupo colestase também apresentou maior intervalo PR ao ecocardiograma (130 ± 12 ms vs 121 ± 6 ms, p<0,0001) e maior tempo de relaxamento isovolumétrico, o que sugere uma disfunção diastólica.

Conclusões

O estudo em questão aponta para uma provável disfunção miocárdica fetal em mulheres afetadas pela colestase intra-hepática gestacional. Uma doença com muito a ser descoberto e poucas condutas bem estabelecidas. E talvez esses achados sinalizem uma linha protocolar a ser desenvolvida e que poderá auxiliar no manejo dessa doença e reduzir a morbidade perinatal.

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • Rodriguez, M., Bombin, M., Ahumada, H., Bachmann, M., Egaña-Ugrinovic, G. and Sepúlveda-Martínez, A. (2022), Fetal cardiac dysfunction in pregnancies affected by intrahepatic cholestasis of pregnancy: A cohort study. J. Obstet. Gynaecol. doi: https://doi.org/10.1111/jog.15283