Comparação entre os fios usados para cerclagem do colo do útero

Um estudo britânico comparou a cerclagem do colo do útero realizada com fio de sutura monofilamentar versus fio de sutura trançado.

Ensaio clínico randomizado publicado na revista The Lancet por um grupo de cientistas britânicos, no final de outubro de 2022, comparou a cerclagem do colo do útero realizada com fio de sutura monofilamentar versus fio de sutura trançado. 

cerclagem

Métodos

O estudo em questão trata-se de um ensaio clínico randomizado, multicêntrico, publicado na revista The Lancet por um grupo de cientistas britânicos no final de outubro de 2022. Foi realizado em 75 centros britânicos de 2015 a 2021. Foram incluídas mulheres com indicação para cerclagem do colo do útero, com gestações únicas e maiores de 18 anos.  

Os médicos fizeram o procedimento conforme sua técnica de escolha. E as mulheres foram randomizadas na proporção 1:1 para uso do fio monofilamentar (Mersilene) ou fio trançado (Ethilon). 

O desfecho primário foi a perda gestacional, definida como aborto espontâneo e mortalidade perinatal, incluindo qualquer natimorto ou óbito neonatal na primeira semana de vida. Os desfechos secundários incluíram todos os resultados dentro do espectro de parto prematuro. Um desfecho secundário importante foi o tempo desde a concepção até o final da gravidez. 

Resultados 

Entre 21 de agosto de 2015 e 28 de janeiro de 2021, 2.049 mulheres foram aleatoriamente randomizadas para receber cerclagem com fio de sutura monofilamentar (n=1025) ou fio de sutura trançado (n=1024). O desfecho primário foi verificado em 1.003 mulheres no primeiro grupo e 993 mulheres no segundo grupo. A perda gestacional ocorreu em 80 (8,0%) de 1.003 mulheres e 75 (7,6%) de 993 mulheres (razão de risco ajustada 1,05 [IC 95% 0,79 a 1,40]; diferença de risco ajustada 0,002 [IC 95% -0,02 a 0,03]). 

Não foram identificadas diferenças significativas nos desfechos secundários maternos, com exceção de sepse materna e corioamnionite, para as quais a incidência foi menor no grupo de sutura monofilamentar do que o grupo de sutura trançada (RR 0,58 [IC 95% 0,40–0,82] para sepse materna; RR 0,45 [IC 95% 0,29–0,71] para corioamnionite).

Saiba mais: Cerclagem em gestações gemelares: indicação pelo exame físico

Interpretação dos resultados 

Este ensaio teve como objetivo estabelecer se o uso de um material de sutura monofilamentar era superior a um material de sutura trançado ao realizar uma cerclagem cervical vaginal para a prevenção da perda gestacional. A hipótese do estudo era que o fio trançado pudesse abrigar bactérias que predispõem à infecção, perda gestacional e parto prematuro.  

Porém, os resultados não encontraram evidências de diferenças nas taxas de perda gestacional entre os grupos de sutura. Os médicos devem considerar o uso de um fio de sutura monofilamentar quando realizar uma cerclagem cervical vaginal, para reduzir o risco de sepse materna e corioamnionite.

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • Hodgetts Morton V, Toozs-Hobson P, Moakes CA, Middleton L, Daniels J, Simpson NAB, et al. Monofilament suture versus braided suture thread to improve pregnancy outcomes after vaginal cervical cerclage (C-STICH): a pragmatic randomised, controlled, phase 3, superiority trial. The Lancet. outubro de 2022;400(10361):1426–36.