Conheça novidades no manejo da via aérea extra-hospitalar

No cenário extra-hospitalar, a obtenção de uma via aérea segura e patente para ventilação e oxigenação é uma das prioridades do atendimento emergencial.

Tempo de leitura: [rt_reading_time] minutos.

No cenário extra-hospitalar, tanto do ACLS (parada cardíaca) como no ATLS (trauma), a obtenção de uma via aérea segura e patente para ventilação e oxigenação é uma das prioridades do atendimento e deve ser realizada imediatamente. No Brasil, o médico ainda é a figura principal nas decisões terapêuticas em ambulâncias de Bombeiros e SAMU, mas no exterior já há a figura do paramédico muito desenvolvida.

Leia mais: Via aérea difícil: dicas para te ajudar neste cenário perturbador

Por isso, diversos estudos são feitos para avaliar qual a melhor estratégia de abordagem da via aérea fora do hospital, local onde os desafios são grandes: menos tempo de treinamento, situações mais urgentes, suporte de oxigênio limitado, posições atípicas (ex: acidente de carro), entre outros.

O primeiro passo é determinar a necessidade de suporte à via aérea:

  • Patência/obstrução – nível consciência, estridor, traumas
  • Ventilação – frequência respiratória, tiragem, musculatura acessória
  • Oxigenação – cianose, oximetria

Em todo o momento você deve ter em mente que A PRIORIDADE É MANTER VIA AÉREA PATENTE SEM HIPOXEMIA! A IOT é importante, mas um paciente ventilando com oximetria > 90% provavelmente não irá parar da causa respiratória.

No segundo passo, você deve decidir o suporte necessário:

  • Hipoxemia leve com via aérea patente → suporte O2 → cateter nasal x máscara facial
  • Hipoventilação e via aérea patente → máscara + bolsa reservatório (ex: ambu)
  • Hipoxemia avançada e/ou hipoventilação e/ou não-patência → IOT vs dispositivo extraglótico

Neste terceiro cenário, há controvérsias se o ideal é tentar intubar – mais eficaz porém mais difícil de fazer – ou passar dispositivo extraglótico – menos eficaz porém mais fácil inserção. Além disso, discute-se qual DEG: máscara laríngea vs tubo laríngeo. Um artigo de revisão recente trouxe quatro estudos que podem ajudar nossa decisão:

Bougie

Já foi nosso tema de reportagem prévia: o bougie é uma estratégia melhor que o TOT + guia em pacientes com pelo menos um preditor de via aérea difícil – mas não qualquer via aérea, pois estudo excluiu angioedema e massa cervical. Os resultados são aplicáveis para condições associadas com traqueia anteriorizada, como obesidade e uso de colar cervical. Obs: este estudo foi feito na emergência e não no pré-hospitalar.

Máscara com bolsa reservatório (BVM) (ex: ambu)

Estudo multicêntrico na Bélgica e França que comparou, em cenário extra-hospitalar, ventilar apenas com BVM versus IOT. A eficácia na recuperação neurológica foi semelhante, mas com BVM houve mais complicações por broncoaspiração e falha na ventilação.

Tubo Laringeo

Também tema de reportagem prévia, que comparou o tubo laringeo (TL) com a IOT. Os resultados mostraram que o TL foi superior à intubação orotraqueal, não só por maior sucesso na inserção, como melhor ventilação e sobrevida! Os críticos argumentam que a taxa de sucesso na IOT foi baixa (51%), e por isso o TL teria se saído melhor. Ainda assim, foi um belo resultado!

Máscara Laringea tipo i-gel

O i-gel, um tipo de máscara laringea, foi comparado com IOT. Os resultados gerais mostram que a taxa de sucesso e complicações foram iguais. Contudo, se analisados apenas os pacientes que de fato foram passados com sucesso o i-gel ou o TOT, a máscara se mostrou superior na sobrevida sem sequela neurológica.

O que aprendemos com isso?

A prioridade é manter via aérea patente, ventilando bem e sem hipoxemia. A bolsa máscara é mais rápido e fácil, porém, muitas vezes, a máscara vaza e há o risco de insuflação gástrica → vômitos → broncoaspiração. Os dispositivos supraglóticos são eficazes e de inserção mais fácil, mas você precisa estar treinado. Eles são especialmente úteis para paramédicos, pela menor experiência com intubação. E o TOT? Segue como padrão ouro. Se condições anatômicas, de ambiente e tempo forem favoráveis, ele é a melhor forma de ventilar.

É médico e também quer ser colunista do Portal da PEBMED? Inscreva-se aqui!

Referências:

  • Benger JR, Kirby K, Black S, et al. Effect of a Strategy of a Supraglottic Airway Device vs Tracheal Intubation During Out-of-Hospital Cardiac Arrest on Functional OutcomeThe AIRWAYS-2 Randomized Clinical TrialJAMA. 2018;320(8):779–791. doi:10.1001/jama.2018.11597
  • https://www.intersurgical.com/info/igel
  • Jabre P, Penaloza A, Pinero D, et al. Effect of Bag-Mask Ventilation vs Endotracheal Intubation During Cardiopulmonary Resuscitation on Neurological Outcome After Out-of-Hospital Cardiorespiratory ArrestA Randomized Clinical TrialJAMA. 2018;319(8):779–787. doi:10.1001/jama.2018.0156

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo

Selecione o motivo:
Errado
Incompleto
Desatualizado
Confuso
Outros

Sucesso!

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo.

Você avaliou esse artigo

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Baixe o Whitebook Tenha o melhor suporte
na sua tomada de decisão.

Especialidades

Tags