Os transtornos de personalidade considerado dissocial são um conjunto, considerando a personalidade amoral, antissocial, associal, psicopática e sociopática. Possuem comportamentos comuns e outros característicos do quadro. A relação entre eles se dá ao fato de haver desvio considerável de comportamento em relação as normas sociais estabelecidas pela sociedade. Mesmo havendo experiências adversas e punitivas o comportamento não é alterado. Em alguns dos quadros pode haver baixa tolerância a frustração, ideação violenta silenciosa, agressividade em atos planejados com tendência em culpar terceiros. Há um conflito com a sociedade, o que gera uma austeridade social. Dois dos que geram mais interesse das pessoas e que mantém relação com ações criminais são a sociopatia e psicopatia.
A sociopatia e a psicopatia
A sociopatia e psicopatia são doenças onde há comportamento antissociais e amorais, sem manifestação de sentimento em relação ao dano causado ao patrimônio ou às pessoas. As pessoas que sofrem dessas patologias possuem dificuldades de se relacionar, não possuem empatia e o seu egocentrismo pode ser aparente, não aprendendo com experiências mesmo que essas gerem dano a si ou a outrem. Ambas as patologias possuem relação com o transtorno de conduta. Os principais comportamentos são: conduta agressiva, representadas por meio de extrema violência, com ameaças ou lesões físicas a pessoas ou animais; violações de patrimônio, furto e roubo são comuns: a pessoa não se importa com a lesão patrimonial de outrem. Mas há diferença entre a sociopatia e a psicopatia. Então vamos conhecer as principais diferenças.
Psicopatia e sociopatia são condições definidoras na personalidade antissocial. O que difere, segundo vários autores, são os fatores genéticos, biológicos e fisiológicos versus os fatores ambientais, relacionais e sociais. A psicopatia se originaria por meio de fatores genéticos. No entanto, a controvérsia acontece enquanto estudos em psicologia mostram que questões graves acontecem com psicopatas durante a infância. Tradicionalmente, a sociopatia é vista de forma mais branda que a psicopatia, em relação a danos à pessoa, ligada a crimes menos graves e com grande ocorrência, ligadas ao dano de patrimônio privado ou público, ou mesmo, a posicionamentos e comportamento político que não considera o outro na relação de dano. Em sumo, a psicopatia estaria ligada a questões inatas, genéticas e a sociopatia a questões sociais e ambientais, sendo assim, vulnerabilidades poderiam contribuir para a sociopatia ou mesmo as relações interpessoais.
Uma questão importante para que possam concretizar as diferenças conceituais é relativo ao comportamento. O psicopata seria teatral, possuindo a dissimulação como comportamento central. Produzem crimes hediondos sem sentir emoções quanto à dor de outrem, sendo capazes de ocultar intenções na relação pretendida. Já os sociopatas criam conflitos sociais, associados ao crime. São menos estáveis o que provoca a irregularidade de comportamento, deixam mais pistas quando associados a crime pela impulsividade. O psicopata, por sua vez, na realização de um crime, planeja cada passo, sendo muitas vezes um desafio para o Estado identificar os crimes com outros membros da sociedade. É importante dizer que muitos autores relatam que sociopatia e a psicopatia são sinônimos, e que a distinção só acontece pela aproximação do psicopata com o psicótico e pela relação do comportamento criminoso arquitetado e pensado na sua execução.
Psicopata | Sociopata | |
Etiologia |
Associada a genética e a condição inata do indivíduo. A psicologia revela traumas na infância como ligação ao comportamento. A hereditariedade é o fundamento apontado segundo estudos. |
É desenvolvido durante a vida da pessoa, com relação com as vulnerabilidades. A educação, a criação, a relação com pessoas e com o ambiente e contato a sociedade seriam a fonte dos problemas. |
Relações sociais |
Os psicopatas aparentam normalidade, sendo muito educados, inteligentes, com boas posições ou carreiras, se relacionando de forma satisfatória com pessoas. Mas são aparências, pois não conseguem criar laços afetivos. São manipuladores e podem cometer diversos crimes hediondos.
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Considera-se que os sociopatas criam laços e se sentem culpados por atingirem pessoas da família ou próximo. Não acontece muito com desconhecidos. São pessoas agressivas e violentas. Possui dificuldade de relacionamento e permanência em ambiente coletivo com regras, como escola ou trabalho.
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Impulsividade | O comportamento geralmente é planejado milimetricamente, calculado, principalmente para que seus atos não sejam descobertos. | A espontaneidade dos atos, ligados a agressividade e violência revelam o comportamento do sociopata. A impulsividade é característica |
Empatia e culpa |
Não sentem culpa ou empatia. O ato de ferir ou se aproveitar dos outros não geram nenhum sentimento nos psicopatas. Sem culpa ou empatia. |
Possuem empatia com familiares e amigos próximos. Nesses casos os sociopatas podem sentir culpa e se importar com essas pessoas. |
Comportamento criminal |
Risco calculado e comportamento premeditados, escondendo evidências, podendo cometer crimes em séries com sequência programadas (serial killer) e escondendo os fatos, muitas vezes estando próximo ao local do crime, enganando as autoridades.
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Deixam evidências e na maioria das vezes são de natureza impulsiva. Acontecem por atos violentos e de desentendimento. Lesão ao patrimônio público e privado é uma das principais características, além de furtos, roubo e outros crimes. |
% da população |
Cerca de 1% da população geral, no mundo apresentam graus diferentes de psicopatia. |
Cerca de 4% da população geral, apresenta graus diferentes de sociopatia, se relaciona com vulnerabilidades. |
É importante conhecer essas particularidades. Os profissionais de saúde lidam com essas pessoas em diversos locais de acedências. Identificar esses elementos na sociedade é de profunda importância para proteger membros da sociedade de diversas violências possíveis que possam ser realizadas. Além disso, o enfermeiro trabalha com a população carcerária e esse conhecimento é importante, uma vez que uma das atividades que o enfermeiro necessariamente desenvolve é o acolhimento e a empatia. Compreender os quadros antissociais podem servir de recurso para o trabalho com jovens e adultos que se relacionam com o crime ou que acessem os dispositivos de saúde. Principalmente os dispositivos de saúde mental.
Autor:
Referências bibliográficas:
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