Os estudos ainda não evidenciaram o real motivo para que os casos de Covid-19 na população mundial de crianças e adolescentes, sejam em sua maioria assintomáticos ou de apresentação leve. Algumas hipóteses sugerem uma menor expressão de receptores celulares ao vírus SARS-CoV-2, a possibilidade de crianças e adolescentes terem uma exposição recente a outros coronavírus, proteção cruzada, imunidade inata mais desenvolvida, entre outros.
Diante de um cenário de crescimento exorbitante de novos casos da doença no Brasil, no ano de 2021, é importante monitorar o comportamento da doença em crianças e adolescentes e verificar possíveis alterações relacionadas ao aumento de desfechos desfavoráveis nesse grupo.
Para uma real análise da situação do comportamento da doença na faixa etária de 0 a 19 anos, a Sociedade Brasileira de Pediatria, com base nos dados do Ministério da Saúde, comparou as taxas de hospitalizações e óbitos associados a doença, nos dois anos.
Covid-19 em crianças
Constatou-se uma redução do número de hospitalizações por Covid-19 de 14.638 no ano de 2020, para 2.057 no ano de 2021. Os óbitos infantojuvenis por Covid-19 também tiveram uma queda de 1.203, no ano de 2020, para 121 óbitos em 2021. A taxa de letalidade da doença na faixa etária de 0 a 19 anos está em queda, no ano de 2021.
Os desfechos com hospitalizações de casos graves e mortes nessa faixa etária não apresentou evidências de aumento nos três primeiros meses de 2021, apesar do avanço do número de casos de Covid-19 na população em geral.
No que tange imunização, os primeiros resultados dos testes iniciais das vacinas contra Covid-19 em crianças e adolescente, começaram a ser divulgados no último dia 22 de março, pela Sinovac. As primeiras evidencias mostraram que a vacina Coronavac é segura e eficaz contra Covid-19 na faixa etária de 3 a 17 anos, mostrando inclusive uma produção maior de anticorpos nessa população. Até o presente momento, esses dados ainda não foram publicados em periódicos científicos.
Apesar dos dados epidemiológicos citados, é importante lembrar que, no momento, há um aumento na incidência de quadros respiratórios acometidos pelo retorno sazonal da circulação do vírus sincicial respiratório (VSR) e outros vírus em algumas regiões do país, responsáveis pelo aumento das taxas de hospitalizações em crianças com Síndrome Respiratória Aguda Grave.
Referências bibliográficas:
- Sáfadi, MA. Kfouri RA. Dados Epidemiológicos da COVID-19 em Pediatria: Nota Técnica. Sociedade Brasileira de Pediatria. Março, 2021.
- Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO ESPECIAL número 44. Doença pelo Coronavírus COVID-19. Semana Epidemiológica 53 (27/12/2020 a 2/1/2021). Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/media/pdf/2021/ janeiro/07/boletim_epidemiologico_covid_44.pdf.
- Instituto Butantan. Testes iniciais com CoronaVac sugerem que vacina é segura e gera imunidade em crianças e adolescentes. Disponível em: https://butantan.gov.br/temp/butantan-tira-duvida/tira-duvida-noticias/testes-iniciais-com-coronavac-sugerem-que-vacina-e-segura-e-gera-imunidade-em-criancas-e-adolescentes