Covid-19: Quais as recomendações para endoscopia digestiva alta e baixa em crianças?

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) lançou uma nota de alerta sobre a realização de endoscopia digestiva alta e baixa em crianças em meio a Covid-19.

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) lançou, recentemente, uma nota de alerta sobre a realização de endoscopia digestiva alta e baixa nos pacientes pediátricos em meio a pandemia da Covid-19. Estudos prévios já evidenciaram que os sintomas extrarrespiratórios da Covid-19 podem estar presentes de forma recorrente na população, chegando a cerca de 18% de manifestações do trato gastrointestinal (TGI), conforme uma meta-análise chinesa envolvendo mais de 4 mil pacientes.

A realização dos procedimentos endoscópicos, na atual situação, em pacientes com doença crônica do TGI, com exacerbação ou crise podem ser realizadas com cautela, assim como em paciente com acometimentos agudos, como hemorragia digestiva com repercussão clínica. Logo, os profissionais de saúde precisam estar orientados sobre como realizar esses procedimentos invasivos na atual situação.

A prevalência da Covid-19 nesses profissionais é significativa, sendo o risco de contaminação três vezes maior que a população geral. Por isso, é fundamental a prevenção e o uso correto do equipamentos de proteção individual (EPIs).

médico realizando endoscopia digestiva em crianças durante a covid-19

Endoscopia digestivadurante Covid-19

Abaixo, deixo as orientações da SBP com base nas recomendações adaptadas da Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva (SOBED), Associação Americana de Gastroenterologia (AGA), Centro de Controle de Doenças (CDC) e Sociedade Americana de Endoscopia Gastroenterológica (ASGE):

1. Triagem dos pacientes submetidos a procedimentos endoscópicos

  • Deverá se realizada somente por médico experiente, capacitado a determinar o tempo de espera para realização do exame solicitado;
  • O procedimento endoscópico deverá ser realizado, num período de 24 horas a 8 semanas, após avaliação criteriosa e individual;
  • Precoce apenas em situações que colocam o paciente em risco de vida: hemorragia digestiva, obstrução de vias biliares com ou sem colangite e ingestão de corpo estranho;
  • Situações com prioridade: disfagia, necessidade de obtenção de uma via alimentar, pacientes em programa de erradicação de varizes esofágicas ou de dilatação endoscópica, estadiamento de câncer, piora progressiva de doenças graves, como doença inflamatória intestinal e tratamento de complicações pós-operatórias;
  • Exames eletivos deverão aguardar a involução da pandemia;
  • Pacientes admitidos no serviço de endoscopia devem assinar termo de consentimento, preferencialmente contendo informações que mostram estar cientes de que o exame está sendo realizado durante pandemia de Covid-19;
  • Pacientes triados para realização do exame devem ir ao serviço de endoscopia com apenas um acompanhante, que deverá ser acomodado em áreas adequadas para o distanciamento de 1,5 metros, recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

2. Recomendações gerais aos pacientes, seus familiares e profissionais de saúde envolvidos no procedimento

  • Somente o endoscopista experiente deve realizar o exame, sem a presença de estagiários e/ou residentes;
  • Não usar pertences pessoais nas áreas de procedimentos, tais como telefone e estetoscópio;
  • Somente o anestesista deve permanecer na sala, durante a intubação traqueal, preferencialmente;
  • Recomendações para realização de endoscopia digestiva alta e baixa em crianças durante a pandemia da Covid-19;
  • Manter a mesma equipe de enfermagem durante a condução do paciente à sala, à realização do procedimento e retirada do paciente e se possível, durante toda a jornada diária;
  • O paciente deverá permanecer de máscara durante toda sua permanência no serviço, sendo retirada exclusivamente durante a realização do procedimento.

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3. EPI’s que devem ser utilizados durante a realização de endoscopias

  • Máscara N95 ou N99 ou PAPR;
  • Dois pares de luvas;
  • Avental descartável;
  • Óculos de proteção ou “face shield”;
  • Touca;
  • Propé;
  • Sala do procedimento com pressão negativa sempre, ou filtro HEPA industrial.

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4. Recomendação para colocação dos EPI’s

  • Lave as mãos;
  • Coloque touca e propés;
  • Lave as mãos;
  • Coloque o avental, sem tocar a parte frontal;
  • Coloque a(s) máscara(s) sem tocar nas partes interna e externa, manuseie pelo elástico de fixação;
  • Coloque os óculos e/ou “face shield”;
  • Lave as mãos;
  • Coloque um par de luvas;
  • Coloque o outro par de luvas.

5. Recomendações para retirada dos acessórios e do aparelho de endoscopia ao final do exame

  • O endoscopista segura uma gaze junto ao canal de trabalho e o auxiliar remove o acessório, limpando toda a extensão do “corpo” do mesmo com outra gaze, mantendo pouca distância da mão do endoscopista;
  • Após retirada do aparelho, o endoscopista coloca em bandeja apropriada, identificada como contaminada;
  • O técnico, com luvas novas (limpas) e EPI’s já descritos, desconecta o aparelho da processadora, desliga os botões da mesma (conforme rotina do serviço) e leva a bandeja para a área de desinfecção.

6. Recomendações para retirada dos EPI’s

  • Retire um par de luvas;
  • Retire o segundo par de luvas;
  • Retire a “face shield” e os óculos;
  • Retire o avental sem tocar na parte frontal, enrole-o sobre a sua superfície externa e jogue no lixo;
  • Retire a máscara sem tocar nas suas superfícies interna e externa, manipule pelo elástico de fixação;
  • A máscara N95 deverá ser armazenada individualmente, num recipiente seco, tendo o cuidado de não tocá-la, manipular somente pelo elástico de fixação. Poderá ser reutilizada por até sete dias;
  • Lave as mãos.

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7. Recomendações para desinfecção, manipulação e armazenamento dos endoscópios

  • Não há recomendações específicas para desinfecção, manipulação e armazenamento durante a pandemia;
  • Manter desinfecção padrão de alto nível, tendo o cuidado de secar o endoscópio com fluxo contínuo por 10 minutos. Guardá-lo em local seco;
  • O técnico que manuseia o aparelho, deve estar devidamente capacitado e usar os seguintes EPIs: luvas, “face shield”, avental e máscaras (se possível, N95); e ter o cuidado de trocar as luvas após limpeza, para transportar e armazenar o endoscópio e acessórios.

8. Recomendações para limpeza da sala de endoscopia

Limpeza meticulosa da sala de procedimentos após cada procedimento, incluindo limpeza das superfícies horizontais e as de altura tocáveis, com desinfetante adequado.

O responsável pela limpeza devera usar os seguintes EPI’s: touca, avental, máscara cirúrgica, proteção ocular e luvas.

9. Seguimento do paciente após o procedimento endoscópico

Manter um canal de comunicação por telefone ou e-mail, orientando o paciente a informar ao serviço, caso apresente sintomas ou confirmação da doença nos próximos 14 dias após realização do exame.

Referências bibliográficas:

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