Cuidado a saúde de pessoa com necessidade especiais: deficiência visual

O debate do cuidado a saúde de pessoas com deficiência visual é algo muito importante para toda a sociedade.

Chega o dia de tratar de um assunto muito importante para a sociedade: o cuidado a saúde de pessoas com deficiência visual. Estamos falando de pessoas cegas ou com baixa visão. Sabemos que a deficiência é considerada a perda de estrutura ou função do corpo, seja ela psicológica, fisiológica ou anatômica, relacionada à diminuição do desempenho ou mesmo incapacidade, comparada a padrões considerados normais. Hoje, diversos tipos de deficiência são conhecidos, umas das deficiências sensoriais que carece de atenção dos profissionais é a visual. Uma pessoa cega ou com baixa visão precisa de atenção e adaptações estruturais que são protegidas por lei que nem sempre são respeitadas.

Cabe ressaltar que todos nós somos iguais e devemos nos reconhecer como seres integrais, e pertencentes a um mundo de direitos. Este deve ser protegido por todos nós, em diversos locais, também no serviço de saúde. Os profissionais de enfermagem devem estar preparados, uma vez que são os principais profissionais responsáveis pelo acolhimento no serviço de saúde.

Um estudo publicado em 2017, revela que pessoas cegas, em relação ao deslocamento para o serviço de saúde, utilizam transporte público, sendo que alguns vão sozinhos, tendo mais autonomia e outros acompanhados de familiares. Em relação a acessibilidade física do local, são encontradas muitas dificuldades estruturais e pouco ou nenhuma identificação para pessoas com deficiência visual, ficando o usuário com deficiência refém da empatia alheia. Outro dado relevante é relacionado ao despreparo dos profissionais frente ao atendimento de pessoas com deficiência visual, havendo falta de acessibilidade de comunicação. Ainda que os materiais de saúde não são adaptado com metodologias assistivas para pessoas com deficiência. A desestrutura é tamanha que as pessoas com deficiência visual possui barreiras no acesso ao serviço de saúde da comunicação, ou atitudes, até questões que reforçam o afastamento de informações básicas de cuidado.

Os profissionais de enfermagem são os responsáveis pelo primeiro atendimento na maioria das vezes. Sendo importantes no acesso das pessoas ao serviço de saúde, se tornam imprescindíveis para a comunicação eficaz para estabelecer uma comunicação asserativa com pessoas com deficiências. Dessa forma, vamos compreender algumas possibilidades de atendimento e o que não se deve fazer;

  • Se apresente informando suas características físicas;
  • Realize o acolhimento do usuário desde a porta de entrada do serviço;
  • Oriente e acompanhe o usuário, mostrando o espaço e a acessibilidade quando houver, respeitando sempre a independência;
  • No atendimento, sempre se direcione a pessoa, mesmo que esta esteja acompanhada;
  • Realize orientações e promova o diálogo para compreender as questões de saúde;
  • Lembre-se que todas as questões são importantes, sejam elas: saúde sexual, desenvolvimento, saúde física, emocional, psíquica, etc;
  • Nos primeiros atendimentos lembre-se de criar empatia e valorizar as queixas do usuário;
  • Valorize as questões de saúde. levantamento de doenças hereditárias e histórico de saúde devem ser bem investigado como em qualquer atendimento.
  • Realize todos os procedimento previsto para qualquer pessoa, lembre-se devemos realizar um atendimento mais equânime possível;

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O que não se deve fazer:

  • Não trate pessoas cegas com diferença;
  • Não limite a pessoa cega, isso é promover o capacitismo;
  • Não generalize questões positivas e negativas, considerando pessoas cegas como de comportamento ou vivência semelhante;
  • Não se dirija a uma pessoa cega chamando-a de “cego”, chame-a sempre pelo nome, esse comportamento é uma ofensa pela designação da pessoa por características;
  • Não fale com a pessoa cega como se ela fosse surda;
  • Não apresente comportamento de pena ou solidariedade exagerada, afinal ela deve ser cuidada em posição de igualdade;
  • Não se dirija à pessoa como uma pessoa extraordinária, em questões onde a pessoa realiza atividades cotidianas, como usar o telefone. Lembre-se que, com acessibilidade, pessoas cegas podem realizar todas as atividades instrumentais;
  • Não fale de sexto sentido ou dedução quando esta realiza atividades, uma vez que pessoas cegas são educadas a atividades cotidianas em aprendizados contínuos; fazer isso é menosprezar a capacidade de desenvolvimento de atividades;
  • Não modifique a linguagem e use a palavra cego sem rodeios. Nomenclaturas podem modificar-se constantemente, o que não muda a condição. A questão é tratar com educação e, caso uma pessoa se incomode com algum termo, modifique a linguagem.
  • Não segure a pessoa cega para levá-la ao local de assistência, você pode ser o guia, então a pessoa segura em você, para deambularcaminhar. Não se deve acompanhar a pessoa em diagonal, pois esta pode perder a orientação;
  • Não se apresente de forma genérica, afinal, há diversas pessoas que se chamam Rafael, Juan, Mariana, Nathália, Manuela ou Renata. Lembre-se de identificar características, tais como: barba, cor do cabelo, dos olhos, expressões físicas, altura, entre outras.
  • Nunca pegue o braço de uma pessoa cega para conduzi-la ou coloque a mão no corpo sem permissão;
  • Facilite os espaços físicos em que existam portas e janelas, isso vale para objetos também;
  • Não fale com a pessoa cega como se esta tivesse comprometimento intelectual;
  • Ao orientar uma pessoa cega não trate a orientação como apenas direita e esquerda, defina os objetos e aproximação da distância. Não oriente em relação a quantos passos de distância ou coisa do tipo;
  • Não deixe de realizar identificação frente a uma pessoa cega, se anuncie e se descreva;
  • Complemente de maneira natural, respeitando as medidas de segurança da pandemia;
  • Certifique que a pessoa cega esteja de mascara corretamente e que tenha acesso ao uso de álcool gel;
  • Não faça perguntas como: sabe quem eu sou? ou advinha quem é?
  • Não se comunique por meio da comunicação não verbal;
  • Não fique com “vergonha” de orientar a pessoa quanto a sua vestimenta quando esta não tiver adequada, afinal é um ato de cuidado;
  • Não suponha que a pessoa cega saiba como é o espaço físico. Em locais de atendimento em saúde, quando houver senhas de apresentação visual, adapte nominalmente;
  • Não fique sem ação se receber ajuda de uma pessoa cega para cuidar. A limitação é muito mais nossa do que de quem convive com ela todos os dias;

Leia também: O Braille e sua importância para a inclusão

Comentário

Caro leitor, não devemos dizer aonde uma pessoa pode chegar ou o que ela não pode fazer. Devemos nos preocupar em o que ela pode fazer! Seja sensível e empático. O número de pessoas  cegas que conseguem entrar em uma universidade ainda é baixo, bem como nos serviços de saúde e em locais de lazer. Isso acontece porque a sociedade não proporciona acessibilidade em totalidade. Não aja como uma barreira para o acesso dos serviços de saúde.

Lembre-se: todos devem ser cuidados de forma integral, respeitando a universalidade e a equidade. Vamos juntos tornar o Sistema de Saúde mais acessível para todos.

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