Dia Mundial do Rim: conhecimento para saúde renal

Você sabia que no dia 12 de Março será comemorado o Dia Mundial do Rim? A data foi idealizada pela Sociedade Internacional de Nefrologia.

Você sabia que no dia 12 de Março será comemorado o Dia Mundial do Rim? A data foi idealizada pela Sociedade Internacional de Nefrologia e reúne pessoas de mais de 150 países com o objetivo de conscientizar sobre a saúde dos rins. A data, coordenada no Brasil pela Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), tem como foco esse ano a educação sobre a saúde renal em todos os setores da saúde da comunidade, de profissionais de saúde e de formuladores de políticas em saúde pública.

Além disso, o Dia Mundial do Rim em 2022 tem como objetivos incentivar a população em geral e pacientes renais crônicos a adotarem uma vida mais saudável, capacitar os pacientes renais e suas famílias para uma melhor qualidade de vida, integrar a DRC à outras doenças crônicas não transmissíveis em programas de âmbito nacional para possibilitar a detecção precoce e rastreamento da doença e informar aos gestores públicos sobre o impacto da doença nos orçamentos e no sistema de saúde.

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Dia Mundial do Rim: conhecimento para saúde renal

Doenças renais no Brasil

Segundo dados da SBN, uma a cada dez pessoas no mundo sofre com doenças renais e mais de 140 mil realizam diálise no Brasil atualmente. A disfunção renal é definida como uma síndrome clínica devido ao declínio da função renal com aumento de metabólitos e alteração de eletrólitos e subdivide-se em injúria renal aguda (IRA) e doença renal crônica (DRC).

A IRA caracteriza-se pela redução abrupta em horas ou dias da função renal na depuração das escórias nitrogenadas, diminuição da filtração glomerular e/ou do volume urinário resultando no desequilíbrio acidobásico e na homeostase hidroeletrolítica, em geral, de caráter reversível. A lesão renal aguda pode ser classificada de forma simples, considerando-se a origem da lesão e localização no sistema renal: pré-renal, renal ou pós-renal.

A DRC é caracterizada através da lesão irreversível nos rins, sustentada por no mínimo três meses e por não provocar sintomas significativos ou específicos, por vezes só é diagnosticada em seu estágio avançado quando são necessárias terapêuticas como a diálise e o/ou transplante renal. Por se tratar de uma doença considerada silenciosa, a SBN acredita que o conhecimento referente à doença, seus principais fatores de risco (ex.: hipertensão e diabetes mellitus) e exames para diagnóstico (ex.: creatinina sérica e exame de urina), podem ser determinantes para evitar, conforme a estimativa, em 2040, a doença renal crônica possa ser a 5ª maior causa de óbito no mundo. A DRC pode ser grave em estágios avançados. Na fase terminal da patologia, tornam-se necessários a terapia renal substitutiva (TRS) ou o transplante renal.

A TRS é iniciada em quadros agudos previamente à complicações em outros órgãos. As principais modalidades são a diálise peritoneal, hemodiálise, hemofiltração, hemodiafiltração, hemodiálise intermitente, hemodiálise contínua e hemodiálise de baixa eficiência.

Os profissionais de enfermagem que atuam no tratamento dialítico à beira do leito devem ter o registro no Conselho Regional de Enfermagem do estado onde atuam e o enfermeiro deve possuir o título de especialista em nefrologia. Os principais cuidados de enfermagem durante o tratamento dialítico incluem desde a avaliação do estado hemodinâmico do paciente antes de iniciar a terapia escolhida, além de auxiliar na passagem do cateter, certificar-se da instalação correta do sistema, monitorar a estabilidade hemodinâmica de forma contínua, controlar a glicemia capilar, monitorar resultados de exames laboratoriais, monitorar o eletrocardiograma, observar sinais de sangramento, realizar balanço hídrico rigoroso, registrar o peso do paciente, dentre outros.

No processo de transplante renal, a enfermagem possui importância fundamental já que participa deste processo desde o momento da captação do órgão doador, durante o intraoperatório para o paciente receptor, indo até o acompanhamento no pós-cirúrgico. Esta assistência deve ser altamente especializada com capacitação específica. Durante o período pré-operatório o enfermeiro é capaz de esclarecer dúvidas, reduzir a ansiedade e trabalhar comportamentos para a adesão terapêutica. Já na fase intraoperatória, cabe à enfermagem avaliar e detectar possíveis complicações, para intervir precocemente objetivando evitar os riscos de rejeição do transplante.

Após as duas fases mencionadas, temos o período de pós-operatório, onde além de estar associado à grande instabilidade hemodinâmica e à necessidade de reposição de líquidos, é o momento onde o enfermeiro deve lidar com as expectativas do resultado cirúrgico, orientar e direcionar o paciente e seu núcleo dependente referente à importância da aderência ao tratamento e dos cuidados na alta após o transplante. As complicações cirúrgicas mais comuns ao transplante renal podem incluir: infecção de sítio cirúrgico, hemorragia, trombose do enxerto, estenose da artéria renal e obstrução ureteral.

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O enfermeiro tem papel essencial na prestação de cuidados aos indivíduos atingidos por esta patologia por ser capaz de desenvolver papel educativo ao prestar assistência. As ações educativas desenvolvidas em conjunto com o próprio paciente, familiares e comunidade, estão inteiramente pautadas ao conhecimento para o autocuidado diário e ao modo de vida benéfico.

O paciente portador de doença renal crônica precisa ser orientado e amparado, pois a patologia altera a rotina do paciente e pode ser caracterizada também como uma questão social já que, impacta no papel que esse sujeito exerce em sua sociedade. Por este motivo é tão importante à educação em saúde em pacientes acometidos por esta condição, já que através da educação podemos antecipar a identificação dos sintomas e como cada por portador vai lidar com a doença e toda mudança e limitação que a acompanham.

A implantação da SAE junto com a construção dos diagnósticos de enfermagem torna a assistência e o cuidar, um processo mais estruturado e organizado, já que o enfermeiro é capaz de compreender através da sua experiência e habilidade técnica/cognitiva, quais são as demandas principais de cuidado e prospectar uma assistência individualizada visando as necessidades particulares do paciente e seu núcleo familiar.

Processos de cuidado

A coleta de dados do paciente por meio da anamnese e do exame físico representam a primeira etapa do processo de enfermagem. A anamnese busca identificar os sinais e sintomas prévios e o exame físico busca alterações no momento. Pacientes em terapia dialítica é preciso avaliar a fístula arteriovenosa (FAV) ou o cateter vascular.

Considerando as informações levantadas a partir da avaliação do paciente, na segunda etapa os diagnósticos de enfermagem irão direcionar a assistência de enfermagem, sendo os principais segundo NANDA: volume de líquidos excessivo, risco de desequilíbrio eletrolítico e risco de sangramento.

Na terceira etapa deve-se planejar e implementar as intervenções baseadas nos diagnósticos estabelecidos em busca dos resultados esperados. De acordo com a Nursing Interventions Classification (NIC), as principais intervenções consistem em controlar a eliminação urinária através da restrição hídrica, monitorar a eliminação urinária e registrar o débito urinário; realizar controle hidroeletrolítico com pesagem diária, monitorar o estado hemodinâmico e níveis de eletrólitos e controlar a perfusão tissular com monitoramento do local de saída do cateter, avaliar a permeabilidade da FAV e cateter e heparinizar os cateteres.

Na quarta etapa, por meio da Nursing Outcomes Classification (NOC), os principais resultados de enfermagem elencados para avaliação do paciente em diálise são estado circulatório, perfusão tissular periférica, função renal, eliminação urinária e equilíbrio hidroeletrolítico e ácido-base.

O registro de enfermagem constitui a quinta etapa e devem ser realizados de forma rotineira e constar de cálculos de balanço hídrico e mensuração de perdas insensíveis

Por fim, quando os portadores da DRC e seus familiares estão bem orientados e inseridos dentro do centro do processo isso leva a maior adesão do tratamento, promovendo maior perspectiva e qualidade de vida.

Autores(as):

Camila Tenuto
Enfermeira (EEAAC/UFF) • Especialista em Terapia Intensiva Neonatal (IFF/FIOCRUZ) • Especialista em Terapia Intensiva (UNYLEYA) • Discente do Mestrado Profissional em Ensino na Saúde (EEAAC/UFF) • Enfermeira rotina do CTI Geral (HUPE/UERJ)

Bárbara Petillo Hayashi
Graduada em Enfermagem pela Universidade Anhembi Morumbi ⦁ Especialista em Centro Cirúrgico e Central de Material Esterilizado pela Universidade Braz Cubas ⦁ MBA em Gestão de Serviços em Saúde pela Universidade Anhembi Morumbi ⦁ Enfermeira no Centro Cirúrgico do Hospital Nipo-Brasileiro

Referências bibliográficas:

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