Escolha da fixação da haste na artroplastia parcial do quadril em pacientes com DRC

A fratura do colo do fêmur é uma das mais comuns entre idosos com DRC, e a artroplastia parcial do quadril é o tratamento preferencial.

A doença renal crônica (DRC) é comumente associada ao envelhecimento e aos distúrbios do metabolismo mineral e ósseo. A fratura do colo do fêmur é uma das fraturas mais comuns entre idosos com DRC coexistente, e a artroplastia parcial do quadril (APQ) utilizando hemiartroplastia bipolar é o tratamento preferencial neste grupo. O método ideal de fixação da haste femoral não foi entretanto  determinado de forma conclusiva.

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Escolha da fixação da haste na artroplastia parcial do quadril em pacientes portadores de DRC

Análise atual

Um estudo publicado recentemente na revista científica Injury teve como objetivo investigar a taxa de reoperação e a sobrevivência do implante comparando a realização de hemiatroplastia bipolar com hastes cimentados ou não cimentadas em pacientes portadores de doença renal crônica com fratura do colo do fêmur.

Um total de 183 pacientes com fraturas do colo do fêmur e portadores de doença renal crônica moderada a grave foram submetidos a APQ entre 2003 a 2019. Esta amostra foi analisada com a divisão nos grupos cimentado (n = 56) ou não cimentados (n=127). Dados demográficos, investigações laboratoriais pré-operatórias, resultados radiográficos pré-operatórios, resultados perioperatórios e taxas de morbidade, mortalidade e reoperação em 90 dias por qualquer motivo foram registrados e comparados entre os grupos.

A análise de sobrevivência de Kaplan-Meier foi usada para comparar a sobrevivência do implante entre os grupos. O modelo de regressão de riscos proporcionais de Cox foi usado para identificar fatores de risco independentes para a sobrevivência do implante.

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Não houve diferenças significativas nas características dos pacientes ou dados pré-operatórios entre os grupos, exceto para a classificação de Dorr da geometria femoral proximal. O grupo cimentado apresentou proporção significativamente menor de Dorr tipo A (p = 0,020) e maior proporção de Dorr tipo C (p<0,001). O grupo não cimentado também teve perda sanguínea significativamente maior no intraoperatório (p<0,01). Não foram observadas diferenças significativas na morbidade ou mortalidade. A mediana do tempo de acompanhamento no grupo cimentado e no grupo não cimentado foi de 22,6 meses (intervalo: 0-151) e 22,6 meses (intervalo 0-154), respectivamente (p = 0,607). A taxa de reoperação foi de 5,4% e 4,7% entre os pacientes cimentado e não cimentado, respectivamente (p = 1,000). Não houve diferença significativa no tempo médio de sobrevida entre os grupos cimentado (139,5 ± 6,3 meses, IC 95%: 127,1–151,8) e não cimentado (142,5 ± 4,7 meses, IC 95%: 133,2–151,7) (p = 0,880). Análises univariadas e multivariadas não revelaram fatores de risco independentes para a sobrevivência do implante.

Conclusão

Os resultados deste estudo não mostraram diferenças significativas na taxa de reoperação ou sobrevivência do implante entre APQ cimentada e não cimentada para o tratamento das fraturas do colo do fêmur em pacientes com doença renal crônica moderada a grave.

Este estudo tem como ponto forte o fato de ser o primeiro a investigar reoperação e sobrevida comparando hemiartroplastia de quadril bipolar cimentada e não cimentada em pacientes com fratura do colo do fêmur com doença renal crônica moderada a grave. Seus achados sugerem que a disfunção renal pode não ser um fator importante na seleção do modo de fixação da haste na artroplastia parcial bipolar.

Referências bibliográficas:

  • Narkbunnam R, Kongwachirapaitoon P, Ruangsomboon P, Chareancholvanich K, Pornrattanamaneewong C. Reoperation rate and implant survivorship compared between cementless and cemented bipolar hemiarthroplasty in femoral neck fracture patients with chronic kidney disease. Injury. 2022 Mar;53(3):1114-1121. doi: 10.1016/j.injury.2021.11.010.

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