Diabetes: musculação melhora parâmetros laboratoriais

Pesquisadores avaliaram a correlação dos exercícios resistidos (musculação) e influência da HbA1c e na insulinemia no controle do diabetes. Veja os resultados:

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O diabetes tipo 2 (DT2) é a apresentação mais comum (90%) do diabetes e é causada por resistência insulínica e secreção alterada da insulina. Associado ao DT2, além do sedentarismo e de hábitos alimentares não-saudáveis, existem fatores de risco como dislipidemia, hipertensão e doenças cardiovasculares.

Neste contexto, a Associação Internacional de Diabetes tem reforçado mudanças no estilo de vida, como atividade física regular e bons hábitos alimentares, com o propósito de prevenir o início do DT2. Seguindo a mesma linha, a Associação Americana do Diabetes e o Colégio Americano de Medicina do Esporte afirmam que, para melhorar a qualidade de vida em pacientes diabéticos, bons hábitos de vida, com exercícios aeróbicos ou exercícios resistidos (ER), podem melhorar a ação da insulina e contribuir para manutenção de bons níveis da glicemia e lipídios, além de menor risco cardiovascular.

musculação

Diabetes x exercícios físicos

Como o exercício aeróbico já é amplamente conhecido como uma ferramenta capaz de melhorar parâmetros do DT2, por exemplo o controle glicêmico, a resistência insulínica e a dislipidemia, pesquisadores chineses publicaram neste ano uma revisão sistemática e meta-análise com o intuito de aumentar e validar o leque de opções de exercícios que contribuem para a melhoria nos marcadores do DT2. Para tanto, avaliaram a correlação dos exercícios resistidos (musculação) e sua influência na hemoglobina glicosilada (HbA1c) e na insulinemia.

Sabe-se que o valor de HbA1c e seu bom controle são determinantes para o risco de complicações provocadas pelo diabetes, assim como por sua mortalidade. Logo, o manejo adequado desse parâmetro é capaz de reduzir essa associação. Exemplos: 1% de redução na HbA1c reduz em 14% o risco de infarto do miocárdio e 21% do risco de morte relacionada ao diabetes.

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Essa revisão envolveu quase mil pacientes, em 24 estudos, divididos em grupos controle e exercício, com HbA1c próximo a 7,5%, idades entre 45 e 71 anos e pelo menos um ano de doença. Todos os estudos instituíram rotinas de exercícios que abrangeram os grandes grupos musculares (extensores e flexores da coxa, costas e peitorais), três séries de no mínimo oito repetições e na frequência, em sua maioria, de 3 vezes por semana. A duração dos estudos foi, em dois terços deles, de 12 semanas ou mais.

Resultados

Os achados revelaram que o efeito de ER na redução da HbA1c está associado com sua intensidade, sendo os efeitos (redução de 0,64% em valor absoluto) mais proeminentes quando da alta intensidade (IC: -0,90 a -0,33 e p=0,0001), o que significa executar os exercícios com mais de 75% da carga máxima que o paciente consegue levantar em apenas uma repetição (conhecido como 1RM). Para intensidades de baixa a moderada (20 a 75% de 1RM), também houve redução da HbA1c (menos 0,23% em valor absoluto), porém com menor proeminência (IC: -0,41 a -0,05 e p=0,01).

Para a redução da insulinemia, ER em alta intensidade apresentou uma importante redução (IC: -7,53 a -1,67 e p=0,002), enquanto que para intensidade baixa a moderada, o benefício não se mostrou considerável (CI: -3,28 a 3,42 e p=0,97). Quanto a glicemia, não se observou redução estatisticamente significativa.

O mecanismo molecular envolvido para melhora da sensibilidade à insulina está ligado ao aumento da massa e da densidade musculares e consequente maior capacidade de armazenamento de glicose, otimização da retirada da glicose da circulação e melhor capacidade oxidativa mitocondrial o do citosol. Soma-se a isso a redução na atividade pró-inflamatória (interleucina 6 e fator de necrose tumoral alfa diminuem) causada pelo treinamento resistido, temos então um sinergismo que envolve um melhor status oxidativo e menos inflamatório que promove melhorias na hemoglobina glicosilada, na insulina e na hiperglicemia do paciente com DT2.

Conclusão

A conclusão da revisão é que o foco da prescrição de ER para pacientes com DT2 deve estar na intensidade dos exercícios, uma vez que ficou evidenciado que a alta intensidade teve maiores benefícios sobre a HbA1c e na sensibilidade à insulina do que intensidade baixa a moderada.

Não foi observado maior incidência de efeitos adversos quando se comparou exercícios resistidos aos exercícios aeróbicos.

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Referências:

  • LIU, Yubo et al. Resistance Exercise Intensity is Correlated with Attenuation of HbA1c and Insulin in Patients with Type 2 Diabetes: A Systematic Review and Meta-Analysis. International Journal Of Environmental Research And Public Health, [s.l.], v. 16, n. 1, p.140-160, 7 jan. 2019. MDPI AG. http://dx.doi.org/10.3390/ijerph16010140.

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