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O comprometimento cognitivo e neuropsicológico associado ao nascimento extremamente prematuro persiste na idade adulta jovem, de acordo com novo estudo publicado na revista americana Pediatrics.
As crianças nascidas extremamente prematuras (EP), isto é, com menos de 26 semanas de idade gestacional, apresentam escores cognitivos mais baixos e uma taxa maior de comprometimento cognitivo em comparação a controles nascidos a termo. No entanto, a apresentação neuropsicológica desses indivíduos EP na idade adulta ainda não havia sido descrita. Esse foi o objetivo do estudo de O’Reilly e colaboradores (2020): avaliar os resultados neuropsicológicos no início da idade adulta após o nascimento de bebês EP na coorte EPICure de 1995 e investigar se a taxa de comprometimento intelectual mudou longitudinalmente.
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Comprometimento intelectual nos bebês extremamente prematuros
O estudo, intitulado “Neuropsychological Outcomes at 19 Years of Age Following Extremely Preterm Birth”, foi financiado pelo Medical Research Council United Kingdom e conduzido da seguinte forma: um total de 127 jovens adultos nascidos EP e 64 controles nascidos a termo tiveram uma avaliação neuropsicológica aos 19 anos de idade. Foram analisadas as habilidades cognitivas gerais (QI), habilidades visuomotoras, memória prospectiva e aspectos de funções executivas e de linguagem.
Resultados
Os adultos que nasceram EP tiveram uma pontuação significativamente menor que os controles nascidos a termo em todos os testes neuropsicológicos com tamanhos de efeito (Cohen d) de 0,7 a 1,2. Os pesquisadores observaram que 60% dos adultos nascidos EP apresentaram comprometimento em, pelo menos, um domínio neuropsicológico; déficits no funcionamento cognitivo geral e habilidades visuomotoras foram mais frequentes de acordo com os autores. A proporção de participantes EP com deficiência intelectual (QI 70) aumentou 6,7% entre 11 e 19 anos (P = 0,02). Além disso, o funcionamento visuoespacial na infância previu o funcionamento visuomotor aos 19 anos.
O estudo de O’Reilly e colaboradores (2020) concluiu que jovens adultos nascidos EP continuam a apresentar funções cognitivas inferiores quando comparados aos controles que nasceram a termo, com a prevalência de comprometimento intelectual aumentando significativamente dos 11 para os 19 anos de idade. Os cientistas descreveram que esses adultos nascidos EP apresentaram comprometimento de múltiplas funções neuropsicológicas, sendo que os déficits no funcionamento cognitivo geral e nas habilidades visuomotoras foram maiores.
Os resultados atuais desse estudo destacam a necessidade de uma avaliação neuropsicológica e educacional precoce e contínua em crianças que nasceram EP para garantir que elas recebam apoio adequado na escola e caminhos educacionais planejados.
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Autor:
Graduada em Medicina pela Faculdade de Medicina de Valença ⦁ Residência médica em Pediatria pelo Hospital Federal Cardoso Fontes ⦁ Residência médica em Medicina Intensiva Pediátrica pelo Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro. Mestra em Saúde Materno-Infantil (UFF) ⦁ Doutora em Medicina (UERJ) ⦁ Aperfeiçoamento em neurointensivismo (IDOR) ⦁ Médica da Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP) do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE) da UERJ ⦁ Professora de pediatria do curso de Medicina da Fundação Técnico-Educacional Souza Marques ⦁ Membro da Rede Brasileira de Pesquisa em Pediatria do IDOR no Rio de Janeiro ⦁ Acompanhou as UTI Pediátrica e Cardíaca do Hospital for Sick Children (Sick Kids) em Toronto, Canadá, supervisionada pelo Dr. Peter Cox ⦁ Membro da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) ⦁ Membro do comitê de sedação, analgesia e delirium da AMIB e da Sociedade Latino-Americana de Cuidados Intensivos Pediátricos (SLACIP) ⦁ Membro da diretoria da American Delirium Society (ADS) ⦁ Coordenadora e cofundadora do Latin American Delirium Special Interest Group (LADIG) ⦁ Membro de apoio da Society for Pediatric Sedation (SPS) ⦁ Consultora de sono infantil e de amamentação.
Referências bibliográficas:
- O’REILLY, H. et al. Neuropsychological Outcomes at 19 Years of Age Following Extremely Preterm Birth. Pediatrics, v.14, n.2, e20192087, 2020