É necessário realizar ultrassom obstétrico de rotina no terceiro trimestre de gestação?

Nas últimas décadas tem-se aumentado a facilidade de solicitar ultrassom obstétrico, mas o quão necessário e baseado em evidências isso é?

Nas últimas três décadas tem aumentado a facilidade de solicitação do ultrassom obstétrico, mas o quanto isso é necessário e baseado em evidências científicas? De acordo com Al-Hafez (2020) o ultrassom obstétrico de rotina realizado no terceiro trimestre não diminui a mortalidade perinatal quando comparada a solicitação deste exame seletivamente. Segundo a National Guideline Alliance – UK (2021) além de não diminuir a morbidade pode aumentar os custos em saúde, devendo ser solicitado apenas para pacientes de alto risco, ou de baixo risco que durante a consulta de pré-natal apresentaram algum sinal de alerta para justificar a solicitação deste exame.

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É necessário realizar ultrassom obstétrico de rotina no terceiro trimestre de gestação?

Análise recente

Em junho de 2021 foi publicado um estudo holandês de caso controle, envolvendo 1.275 gestantes de baixo risco. Um grupo realizou ultrassom obstétrico de rotina, enquanto o outro realizou apenas seletivamente. Foi analisado tanto o desfecho perinatal, quanto a ansiedade materna.

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De acordo com Westerneng (2021), não foi visto benefício em realizar ultrassom obstétrico de rotina no terceiro trimestre, pois não houve mudança no desfecho perinatal e as gestantes referiram maior ansiedade ao realizar o exame. Porém, o autor destaca que as gestantes que já tinham histórico de transtornos depressivos tiveram maiores solicitações de ultrassonografia.

No Brasil

Trazendo este artigo para a realidade brasileira, em relação à ansiedade das gestantes, nossa cultura é diferente da vivenciada pelas mulheres holandesas. Não temos estudos sobre o assunto, portanto, serei audaciosa em escrever que acredito ser ao contrário em nosso país. Porém, devemos nos atentar em não solicitar exames desnecessários e sem evidências científicas para nossas pacientes. Afinal, além de não mudar o desfecho obstétrico, pode-se aumentar os custos para a paciente, convênio e de saúde pública. 

Referências bibliográficas:

  • Westerneng M, de Jonge A, van Baar AL, Witteveen AB, Jellema P, Paarlberg KM, Rijnders M, van der Horst HE. The effect of offering a third-trimester routine ultrasound on pregnancy-specific anxiety and mother-to-infant bonding in low-risk women: A pragmatic cluster-randomized controlled trial. Birth. 2021 Jul 20. doi: 10.1111/birt.12573
  • National Guideline Alliance (UK). Routine third trimester ultrasound for fetal growth: Antenatal care: Evidence review Q. London: National Institute for Health and Care Excellence (NICE); 2021 Aug. Disponívele em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK573941/
  • Wanyonyi, S.Z., Orwa, J., Ozelle, H., Martinez, J., Atsali, E., Vinayak, S., Temmerman, M. and Figueras, F. (2021), Routine third-trimester ultrasound for the detection of small-for-gestational age in low-risk pregnancies (ROTTUS study): randomized controlled trial. Ultrasound Obstet Gynecol, 57: 910-916. https://doi.org/10.1002/uog.23618
  • Al-Hafez L, Chauhan SP, Riegel M, Balogun OA, Hammad IA, Berghella V. Routine third-trimester ultrasound in low-risk pregnancies and perinatal death: a systematic review and meta-analysis. Am J Obstet Gynecol MFM. 2020 Nov;2(4):100242. doi: 10.1016/j.ajogmf.2020.100242

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