Febre materna intraparto: o que há de mais recente sobre manejo clínico?

Uma revisão sobre a febre materna intraparto foi recentemente publicada na revista AJOG. Confira os detalhes.

A febre intraparto é uma ocorrência comum, especialmente entre as pacientes nulíparas que recebem analgesia peridural. É uma morbidade de bastante interesse na prática obstétrica, especialmente pela sua correlação com morbidade perinatal.  

Uma revisão foi recentemente publicada sobre o tema na revista AJOG, levantando os últimos dados da literatura. 

febre intraparto

Aferição da temperatura materna

A aferição da temperatura normalmente é realizada durante o trabalho de parto a termo a cada quatro horas com membranas integras e a cada uma a duas horas diante da rotura de membranas amnióticas. O local de aferição mais comum nos Estados Unidos é oral e timpânica, sendo a oral a que mais se correlaciona com a temperatura no meio intrauterino. 

De forma geral, a temperatura oral subestima a temperatura intrauterina em 0,8 oC e a temperatura fetal interna em 1,6 oC. Assim, uma temperatura materna de 38 oC, significa uma temperatura fetal de 39,6 oC. 

Temperatura materna durante o trabalho de parto 

A temperatura materna varia ligeiramente durante o trabalho de parto, ocorrendo um aumento proporcional a duração do trabalho de parto.  

Esse aumento correlaciona-se com desfechos obstétricos desfavoráveis, quando ultrapassa o limite fisiológico, sendo a morbidade materna e perinatal “dose-dependente” da temperatura materna. 

A febre intraparto é definida como temperatura maior ou igual a 38ºC. 

Morbidade materna e perinatal 

A verdadeira sepse materna é rara; apenas cerca de 1,4% das mulheres com corioamnionite a termo desenvolvem sepse grave.  

No entanto, a combinação de inflamação e hipertermia afeta negativamente a contratilidade uterina e, por sua vez, aumenta o risco de cesariana e hemorragia pós-parto em duas a três vezes.  

Para o recém-nascido, as taxas de encefalopatia ou a necessidade de hipotermia terapêutica foram relatadas serem maiores na presença de febre materna >39 C quando comparada com uma temperatura de 38 C a 39 C (1,1 vs 4,4%; P<0,01). Em um grande estudo de coorte, a combinação de febre intraparto e acidose fetal foram particularmente prejudiciais, o que sugere que febre intraparto pode diminuir o limiar para lesão cerebral hipóxia fetal.

Leia também: Gravidade da febre intraparto e resultados neonatais

Manejo da febre intraparto 

A febre intraparto geralmente tem uma origem inflamatória não infecciosa, no entanto, processos infecciosos não são facilmente excluídos na prática médica.  

O diagnóstico de corioamnionite requer uma temperatura intraparto materna de 39 oC ou uma temperatura materna intraparto de 38° C a 38,9° C e um fator clínico adicional: leucocitose materna, secreção cervical purulenta, ou fetal taquicardia. 

O tratamento com antibióticos deve ser considerado mesmo com febre intraparto isolada (> 38oC). Há vários regimes de antibióticos descritos na literatura, mas de forma geral deveriam incluir gentamicina e ampicilina.  

Além da antibioticoterapia, deve-se atentar para os cuidados em controlar os efeitos colaterais imediatos da febre intraparto, mais especificamente a contratilidade uterina diminuída, hipóxia fetal e o risco de hemorragia pós-parto. 

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