Fórum de Sepse 2022: uso de biomarcadores na covid-19 – prós e contras

No primeiro dia do Fórum de Sepse 2022, uma das palestras discutiu o papel de biomarcadores na detecção de infecções na covid-19.

No primeiro dia do Fórum Internacional de Sepse 2022, uma das palestras discutiu o papel de biomarcadores na detecção de complicações infecciosas em casos de covid-19.

Argumentos a favor

  • Na covid-19 grave, concentrações elevadas de procalcitonina (PCT) podem não estar relacionadas a coinfecções bacterianas, podendo dever-se à própria infecção viral. Entretanto, a PCT vem sendo usada como marcador para interromper a antibioticoterapia.
  • Deve-se sempre considerar a variabilidade dos biomarcadores nas 48-72h após a admissão. Valor absoluto de leucócitos na admissão e a variância de PCR nas 48-72h esteve associado à presença de coinfecção bacteriana em pacientes internados com covid-19 grave.
  • A melhor aplicação da PCT parece ser sua capacidade, junto com um valor preditivo negativo > 90%, de excluir coinfecção bacteriana quando um valor de cut-off de 0,25 mcg/L.
  • Para infecções secundárias, um fator importante é que o uso de dexametasona e tocilizumabe leva à uma redução de PCT e de PCR nos pacientes, diminuindo o valor desses marcadores na detecção de infecções bacterianas secundárias. Além disso, a interrupção desses tratamentos leva a um aumento nos valores de PCT e de PCR sem significar a presença de infecção.
  • O valor de PCR a partir do D9 teria um fator diagnóstico e prognóstico na ocorrência de infecções bacterianas secundárias. O papel da PCR em infecções por enterobactérias também se mostrou relevante.
  • Contudo, para PAV, a PCT mostrou-se útil para diagnóstico, tanto em análises uni quanto multivariadas. Os valores de PCR não foram bons marcadores para diferenciar pacientes com e sem PAV.
  • A razão ferritina/procalcitonina foi um outro marcador que conseguiu discriminar pacientes com covid-19 de pacientes com pneumonia bacteriana, com valores mais altos falando a favor de infecção por SARS-CoV-2.

Argumentos contra

  • O uso de biomarcadores é sempre complementar aos dados clínicos, radiológicos e microbiológicos, podendo ser usados como ferramentas preditivas. PCR e PCT são os mais estudados e mais disponíveis na prática clínica.
  • Esses biomarcadores, já em estudos prévios ao Covid-19, parecem não ser bons preditores do desenvolvimento de infecções associadas aos cuidados da saúde. Ao mesmo tempo, existe uma grande sobreposição de valores entre pacientes com e sem infecção bacteriana.
  • Outros insultos inflamatórios são comuns em pacientes com covid-19 grave e que necessitam de tempo prolongado de terapia intensiva. Esse fato leva a alterações nos valores de PCR e mesmo de PCT.
  • Valores de PCT podem estar reduzidos em pacientes em terapia de substituição renal, podem estar elevados com a diminuição da TFG, deixam de aumentar com múltiplos insultos (como após várias infecções nosocomiais), e podem apresentar até 20% de falsos negativos.
  • Por esses motivos, a PCT pode ter um papel nas coinfecções bacterianas em pacientes com covid-19, mas pede performance após alguns dias de internação.

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