Hepatite desconhecida em crianças: orientações do Ministério da Saúde

O ministério lançou nota técnica sobre a notificação, investigação e fluxo laboratorial dos pacientes suspeitos de hepatite desconhecida.

Em 05 de Abril de 2022, a Organização Mundial de Saúde (OMS) foi notificada através do Ponto Focal Nacional do Regulamento Sanitário Internacional do Reino Unido, sobre o surgimento expressivo de novos casos de hepatite aguda grave em pacientes pediátricos previamente hígido de etiologia desconhecida.

Nos pacientes em questão, foi descartada a possibilidade de infecção por vírus hepatotrópicos como os vírus A, B, C, D e E. No entanto, um ponto comum relevante entre os casos e que chamou a atenção foi a detecção de coronavírus (Sars-CoV-2) e/ou adenovírus em vários desses pacientes. Tais pacientes tinham uma apresentação clínica de dor abdominal, diarreia e vômitos associados a alterações importantes das enzimas hepáticas (aspartato transaminase (AST) e/ou alanina transaminase (ALT) acima de 500 UI/L).

Leia também: Confirmado primeiro óbito de criança por hepatite de causa desconhecida

As evidências atuais apontam para uma possível associação da hepatite aguda com o aumento da atividade do adenovírus que está circulando concomitante ao SARS-CoV-2, porém o real papel desses vírus na patogênese dos casos ainda não está esclarecido mas permanece sob constante investigação.

Nesse contexto, o ministério da Saúde, através da secretaria de vigilância da saúde, lançou a nota técnica no dia 10 de Maio de 2020 para orientar sobre a notificação, investigação e fluxograma laboratorial dos pacientes suspeitos, com base em guidelines internacionais.

Hepatite desconhecida em crianças: orientações do Ministério da Saúde

Definição de caso

Caso provável/suspeito:

  1. Crianças/adolescentes (< 17 anos),  com quadro de hepatite aguda caracterizada pelo aumento de AST e/ou ALT  > 500 UI/L diagnosticadas a partir do dia 20 de abril de 2022;
  2. Crianças/adolescentes (< 17 anos) com quadro de hepatite aguda que evoluiu para hepatite fulminante sem etiologia conhecida e necessidade de transplante de fígado no período de 01 de outubro de 2021 a 20 de abril de 2022.

OBS: Deve ser excluída a possibilidade de infecção por vírus A-E.

Contato de caso provável:

  1. Indivíduo com hepatite aguda de qualquer idade que seja um contato próximo de um outro caso suspeito desde 20 de abril de 2022.

Notificação dos casos prováveis

É orientado que a notificação de casos prováveis de hepatite aguda de etiologia desconhecida seja realizada imediatamente, em até 24 horas, por todos os profissionais de saúde, públicos ou privados, por meio dos canais de comunicação do Ministério da Saúde:

a) Formulário de notificação: https://forms.office.com/r/BGwZjYz9Mu

Deverá ser sinalizado no formulário a seguinte situação:

Na opção 01 — Situação que será notificada: caso ou óbito suspeito de doença ou agravo de causa desconhecida.

Na opção 02 — Informe o evento a ser notificado: caso provável de hepatite aguda de etiologia desconhecida.

b) E-mail: [email protected];

c) Telefone: 0800-644-6645.

Investigação de casos prováveis

Para auxiliar na investigação dos casos suspeitos de hepatite aguda, deve-se seguir o seguinte fluxograma:

1. Deverão ser coletadas as amostras de sangue, swab nasofaríngeo e fezes ou swab retal

  • Sangue
    • Orientações  de coleta: 60 mL de amostra de sangue total (tubo sem anticoagulante) e 1 a 5 mL de amostra de sangue total em tubo de hemograma (tubo com anticoagulante);
    • Agentes etiológicos pesquisados: hepatites virais, arboviroses, enterovírus, CMV, EBV, sorologia SARS-CoV- 2 (para menores de 05 anos, não vacinados, com PCR swab nasal negativo);
  • Swab nasofaríngeo:
    • Orientações de coleta e armazenamento: 1 swab de orofaringe e 1 swab passado nas duas narinas. Manter os tubos com swab em geladeira comum ou caixa de isopor com gelo falso e enviar 24 a 48 horas para o LACEN.
    • Agentes etiológicos pesquisados: Adenovírus e SARS CoV-2;
  • Fezes ou Swab retal:
    • Orientações de coleta: Fezes in natura, colocar em frasco estéril, boca larga, com tampa rosqueada. Fazer coleta de uma segunda amostra 24 horas após a primeira. Na impossibilidade de se obter as fezes, utilize o swab retal;
    • Manter o frasco em geladeira comum ou caixa de isopor com gelo falso e enviar 24 a 48 horas para o Laboratório Central de Saúde Pública (LACEN);
    • Agentes etiológicos pesquisados: Adenovírus, norovírus e enterovírus.

Saiba mais: OMS alerta para casos de hepatite aguda grave de causa desconhecida em crianças

A realização dos exames deverá seguir a ordem de pesquisa para os seguintes agentes etiológicos conforme a figura abaixo:

Figura 1. Fluxograma para realização de exames complementares frente aos casos suspeitos de hepatite aguda de etiologia desconhecida — Adaptado de nota técnica Nº 13/2022-CGEMSP/DSASTE/SVS/MS — Orientação sobre a notificação, investigação e fluxo laboratorial de casos prováveis de hepatite aguda de etiologia desconhecida em crianças e adolescentes.

Vale ressaltar que todas as amostras clínicas deverão ser encaminhadas ao LACEN de cada unidade federada ou ao laboratório de referência, caso o LACEN não realize. As amostras com volume inferior ao preconizado deverão ser enviadas para o Laboratório de Referência pelo LACEN para que sejam realizadas as pesquisas para todos os possíveis agentes etiológicos. Caso seja identificado qualquer agente etiológico, o sequenciamento genético deve ser realizado.

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