Confirmado primeiro óbito de criança por hepatite de causa desconhecida

As primeiras notícias sobre surtos de hepatite aguda de causa desconhecida em crianças foram relatadas no Reino Unido e na Irlanda do Norte.

Foi confirmado o primeiro óbito de criança por hepatite de causa desconhecida neste sábado (23/4). Não há detalhes ainda sobre a idade da criança ou o país que registrou a morte, informou a Organização Mundial de Saúde (OMS).

Até o momento, 169 casos da doença foram relatados em 12 países: Reino Unido (114), Espanha (13), Israel (12), Estados Unidos (9), Dinamarca (6), Irlanda (4), Holanda (4), Itália (4), Noruega (2), França (2), Romênia (1) e Bélgica (1).

Os casos atingiram crianças e adolescentes entre um mês e 16 anos de idade. Dezessete crianças (cerca de 10%) precisaram de transplante de fígado.

De acordo com a OMS, o quadro clínico consiste em hepatite aguda com enzimas hepáticas acentuadamente elevadas. Muitos pacientes apresentaram sintomas gastrointestinais, incluindo dor abdominal, diarreia e vômitos antes da evolução para a hepatite aguda e icterícia. Outro detalhe importante é que a maioria dos pacientes não apresentou febre.

As crianças afetadas possuem de um mês a 16 anos de idade, sendo que 17 delas precisaram realizar um transplante de fígado. Os vírus comuns que causam hepatite viral aguda não foram detectados em nenhum dos casos.

Confirmado primeiro óbito de criança por hepatite de causa desconhecida

Entenda o caso

As primeiras notícias sobre surtos de hepatite aguda em crianças pequenas foram relatadas no Reino Unido e na Irlanda do Norte, em 15 de abril de 2022 pela OMS.

Ainda não está claro se houve um aumento nos casos de hepatite ou um aumento na conscientização sobre casos de hepatite que ocorrem na taxa esperada, mas não são detectados. Embora o adenovírus seja uma hipótese possível, as investigações estão em andamento para o agente causador.

O adenovírus foi detectado em, pelo menos, 74 casos. Já o novo coronavírus foi identificado em 20 casos entre os que foram testados. Em 19 casos, foi detectada uma infecção simultânea pelos dois vírus.

As autoridades médicas do Reino Unido informaram um aumento significativo nas infecções por adenovírus, principalmente em amostras de fezes de crianças. A Holanda também reportou um aumento na circulação de adenovírus.

Leia também: OMS alerta para casos de hepatite aguda grave de causa desconhecida em crianças

No entanto, devido a testes laboratoriais aprimorados para adenovírus, esses resultados podem representar a identificação de um resultado raro ocorrendo em níveis não detectados anteriormente, que somente agora está sendo reconhecido devido ao aumento dos testes.

A OMS ainda destacou que, embora o adenovírus seja uma hipótese de causa do problema, ele não explica totalmente a gravidade do quadro clínico das crianças, uma vez que o adenovírus tipo 41 (detectado nas crianças até agora) não costuma causar problemas no fígado em crianças saudáveis.

Alerta do CDC

O Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC) emitiu na última quinta-feira (21/4) um alerta nacional de saúde para notificar médicos e autoridades de saúde pública sobre um grupo de crianças identificadas com hepatite e infecção por adenovírus.

Foi solicitado que todos os médicos que estejam atentos aos sintomas e notifiquem quaisquer casos suspeitos de hepatite de origem desconhecida em crianças de um a seis anos de idade, todas previamente saudáveis.

Nenhuma dessas crianças estava no hospital por causa de uma infecção atual pelo novo coronavírus. Os primeiros casos nos Estados Unidos foram identificados em outubro em um hospital infantil no Alabama que admitiu cinco crianças com lesão hepática significativa (incluindo algumas com insuficiência hepática aguda) sem causa conhecida, que também testaram positivo para adenovírus. Os vírus da hepatite A, hepatite B e hepatite C foram descartados.

Após investigação, uma revisão dos registros hospitalares identificou quatro casos adicionais, todos com lesão hepática e infecção por adenovírus; exames laboratoriais identificaram que algumas dessas crianças tinham adenovírus tipo 41, que mais comumente causa gastroenterite aguda pediátrica. Nenhum vínculo epidemiológico conhecido ou exposições comuns foram encontrados entre essas crianças.

Alerta os médicos

Na opinião do infectologista pediátrico Flavio Czernocha, sem dúvida trata-se de algo muito significativo dada a gravidade, mas o número de casos e a não confirmação de transmissão entre pessoas de forma consistente sugerem que não deverá se tratar de uma nova pandemia.

Saiba mais: Qual o papel da elastografia hepática na hepatite B?

“O agente implicado de forma preliminar é o adenovírus 41, um vírus já conhecido. A virulência em crianças sem doença de base é que difere do seu caráter habitual. Em qualquer caso suspeito, como crianças ou adolescentes com dor abdominal intensa, manifestações gastrointestinais, como vômitos e diarreia e, claro, icterícia, os médicos devem notificar os órgãos competentes Os casos devem ser investigados, sobretudo se houver história epidemiológica compatível, como viagem recente a um dos países já citados”, disse Czernocha, em entrevista ao Portal de Notícias da PEBMED.

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