Hepatoblastoma: ação da enfermagem no tumor hepático em crianças

O hepatoblastoma origina-se de uma célula pluripotente que daria origem ao hepatócito. Os cuidados de enfermagem são inúmeros. Vamos falar neste texto!

O hepatoblastoma origina-se de uma célula pluripotente que daria origem ao hepatócito. Estudos observaram pico de incidência desse tumor em recém-nascidos e em crianças pequenas.

A prematuridade constitui-se de um fator de risco para o aparecimento do hepatoblastoma, uma vez que a maturação das células hepáticas foram interrompidas, aumentando o potencial carcinogênico. O hepatoblastoma não tem potencial para invadir a medula óssea.

enfermeira administrando medicamento em soro de criança com hepatoblastoma deitada

Hepatoblastoma

O estadiamento, segundo COG, é feito da seguinte maneira:

  • I: Ressecção completa;
  • II: Resíduos microscópicos;
  • III: Resíduos macroscópicos;
  • IV: Metástase à distância.

Leia também: Tumor de Wilms: abordagem da enfermagem na neoplasia renal mais comum

Estadiamento segundo SIOPEL, deominada PRETEXT;

  • I: Três setores hepáticos livres;
  • II: Dois setores hepáticos livres;
  • III: Um setor hepático livre;
  • IV: Todos os setores hepáticos comprometidos.

Classifica-se esse tumor hepática de acordo com o sistema de classificação de risco:

  • Baixo risco: estádios I e II, com ausência de fatores biológicos desfavoráveis;
  • Risco intermediário: estádio III, ou estádio I e II com presença de pequenas células indiferenciadas em sua histologia;
  • Alto risco: estádio IV ou I, II ou III com alfafetoproteína menor que <100 ng/mL ao diagnóstico.

Na maioria dos casos a criança apresenta uma massa abdominal assintomática. Os meninos podem apresentar sinais de puberdade precoce devido a produção de testosterona e gonadotrofina coriônica pelo tumor. Esse achado é raro. A presença de icterícia também é rara.

Na consulta de enfermagem, o enfermeiro deve investigar início e manifestação dos sinais e sintomas, presença de síndromes diagnosticadas ou outras condições de saúde, histórico familiar de doença oncológica, histórico gestacional, exposição à radiação e substâncias químicas, medicamentos, histórico de perda de peso, prematuridade, etc. Realizar exame físico completo, verificando os sinais vitais, avaliação do abdômen, atentando para presença de massa abdominal, hepatomegalia. É importante pesar a criança.

O enfermeiro deve ter conhecimento sobre os possíveis alterações nos exames complementares, uma vez que no hemograma, as plaquetas podem estar aumentadas devido ao aumento da produção de trombopoetina; o nível sérico de alfafetoproteína pode estar elevado: essa proteína é produzida pelo fígado no período embrionário e fetal. Em condições normais, essa produção é interrompida após o nascimento e reduz durante o primeiro ano, e, nível sérico de gonadotrofina coriônica

É recomendado desde o início de qualquer doença oncológica a abordagem dos cuidados paliativos junto aos oncologistas, principalmente diante das condições com poucas possibilidades terapêuticas, muitos sintomas associados a doença principal e ao mau prognóstico.

A escolha da conduta terapêutica varia de acordo com o protocolo seguido pela equipe médica, classificação de risco da criança, estadiamento da doença, etc.

Pode ser realizado quimioterapia neoadjuvante pré-operatória, sendo os quimioterápicos utilizados cisplatina, etoposídeo, doxorrubicina, cirurgia para ressecção do tumor e transplante hepático em casos de tumores irressecáveis.

Cuidados da enfermagem

Os cuidados de enfermagem dispensados à criança com tumor hepáticos são inúmeros, principalmente:

  1. Cuidados relacionados aos procedimentos para o diagnósticos: coleta de sangue para exames, encaminhamento para exames de imagem, etc.
  2. Cuidados pré- e pós-procedimentos cirúrgicos.
  3. Administração de agentes quimioterápicos, conforme prescrição.
  4. Manejo das reações adversas dos quimioterápicos.
  5. Hidratação venosa.
  6. Transfusão de hemocomponentes, diante de quadro de anemia, pancitopenia, induzidos por quimioterapia ou decorrentes da doença oncológica.
  7. Cuidados com dispositivos venosos.
  8. Apoio à criança e aos familiares e escuta ativa.
  9. Orientações gerais a criança e família.

Veja mais: Choosing Wisely: práticas comuns que a enfermagem deve questionar

Orientações ao paciente:

  • Orientar sobre a condição clínica da criança, doença, manifestações, condutas terapêuticas, cuidados de enfermagem realizados, cuidados no domicílio, etc.
  • Durante o tratamento quimioterápico, orientar sobre possíveis reações adversas, risco de toxicidades, cuidados específicos com cada quimioterápico, etc.
  • Orientar acompanhamento rigoroso ao serviço de oncologia pediátrica.
  • Orientar sobre a necessidade de realização de exames de imagem periodicamente, para acompanhamento de possíveis recidivas.
  • Orientar sobre a realização de ecocardiograma, periodicamente, para identificar possíveis toxicidades cardíacas.
  • Orientar a criança, de acordo com o nível de entendimento, e os familiares acerca dos sinais e sintomas relacionados as reações adversas do tratamento (quimioterapia e cirurgia), bem como a necessidade de reportar a equipe médica caso apresente algum deles.

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Referências bibliográficas:

  • Melaragno R, Camargo B. Oncologia Pediátrica: diagnóstico e tratamento. São Paulo, ed Atheneu, 2013.
  • Filho OV, et al. Doenças Neoplásicas da criança e do adolescente. Barueri, São Paulo, Manole, 2012.
  • Bonassa EMA, Gato MIR. Terapêutica oncológica para enfermeiros e farmacêuticos. 4. ed. São Paulo: Editora Atheneu; 2012.
  • BR. (Brasil). Oncologia: manual de bases técnicas. SIA/SUS. Ministério da Saúde. Instituto Nacional do Câncer. 25ª edição. Brasília, 2019.

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