O hepatoblastoma origina-se de uma célula pluripotente que daria origem ao hepatócito. Estudos observaram pico de incidência desse tumor em recém-nascidos e em crianças pequenas.
A prematuridade constitui-se de um fator de risco para o aparecimento do hepatoblastoma, uma vez que a maturação das células hepáticas foram interrompidas, aumentando o potencial carcinogênico. O hepatoblastoma não tem potencial para invadir a medula óssea.
Hepatoblastoma
O estadiamento, segundo COG, é feito da seguinte maneira:
- I: Ressecção completa;
- II: Resíduos microscópicos;
- III: Resíduos macroscópicos;
- IV: Metástase à distância.
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Estadiamento segundo SIOPEL, deominada PRETEXT;
- I: Três setores hepáticos livres;
- II: Dois setores hepáticos livres;
- III: Um setor hepático livre;
- IV: Todos os setores hepáticos comprometidos.
Classifica-se esse tumor hepática de acordo com o sistema de classificação de risco:
- Baixo risco: estádios I e II, com ausência de fatores biológicos desfavoráveis;
- Risco intermediário: estádio III, ou estádio I e II com presença de pequenas células indiferenciadas em sua histologia;
- Alto risco: estádio IV ou I, II ou III com alfafetoproteína menor que <100 ng/mL ao diagnóstico.
Na maioria dos casos a criança apresenta uma massa abdominal assintomática. Os meninos podem apresentar sinais de puberdade precoce devido a produção de testosterona e gonadotrofina coriônica pelo tumor. Esse achado é raro. A presença de icterícia também é rara.
Na consulta de enfermagem, o enfermeiro deve investigar início e manifestação dos sinais e sintomas, presença de síndromes diagnosticadas ou outras condições de saúde, histórico familiar de doença oncológica, histórico gestacional, exposição à radiação e substâncias químicas, medicamentos, histórico de perda de peso, prematuridade, etc. Realizar exame físico completo, verificando os sinais vitais, avaliação do abdômen, atentando para presença de massa abdominal, hepatomegalia. É importante pesar a criança.
O enfermeiro deve ter conhecimento sobre os possíveis alterações nos exames complementares, uma vez que no hemograma, as plaquetas podem estar aumentadas devido ao aumento da produção de trombopoetina; o nível sérico de alfafetoproteína pode estar elevado: essa proteína é produzida pelo fígado no período embrionário e fetal. Em condições normais, essa produção é interrompida após o nascimento e reduz durante o primeiro ano, e, nível sérico de gonadotrofina coriônica
É recomendado desde o início de qualquer doença oncológica a abordagem dos cuidados paliativos junto aos oncologistas, principalmente diante das condições com poucas possibilidades terapêuticas, muitos sintomas associados a doença principal e ao mau prognóstico.
A escolha da conduta terapêutica varia de acordo com o protocolo seguido pela equipe médica, classificação de risco da criança, estadiamento da doença, etc.
Pode ser realizado quimioterapia neoadjuvante pré-operatória, sendo os quimioterápicos utilizados cisplatina, etoposídeo, doxorrubicina, cirurgia para ressecção do tumor e transplante hepático em casos de tumores irressecáveis.
Cuidados da enfermagem
Os cuidados de enfermagem dispensados à criança com tumor hepáticos são inúmeros, principalmente:
- Cuidados relacionados aos procedimentos para o diagnósticos: coleta de sangue para exames, encaminhamento para exames de imagem, etc.
- Cuidados pré- e pós-procedimentos cirúrgicos.
- Administração de agentes quimioterápicos, conforme prescrição.
- Manejo das reações adversas dos quimioterápicos.
- Hidratação venosa.
- Transfusão de hemocomponentes, diante de quadro de anemia, pancitopenia, induzidos por quimioterapia ou decorrentes da doença oncológica.
- Cuidados com dispositivos venosos.
- Apoio à criança e aos familiares e escuta ativa.
- Orientações gerais a criança e família.
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Orientações ao paciente:
- Orientar sobre a condição clínica da criança, doença, manifestações, condutas terapêuticas, cuidados de enfermagem realizados, cuidados no domicílio, etc.
- Durante o tratamento quimioterápico, orientar sobre possíveis reações adversas, risco de toxicidades, cuidados específicos com cada quimioterápico, etc.
- Orientar acompanhamento rigoroso ao serviço de oncologia pediátrica.
- Orientar sobre a necessidade de realização de exames de imagem periodicamente, para acompanhamento de possíveis recidivas.
- Orientar sobre a realização de ecocardiograma, periodicamente, para identificar possíveis toxicidades cardíacas.
- Orientar a criança, de acordo com o nível de entendimento, e os familiares acerca dos sinais e sintomas relacionados as reações adversas do tratamento (quimioterapia e cirurgia), bem como a necessidade de reportar a equipe médica caso apresente algum deles.
Referências bibliográficas:
- Melaragno R, Camargo B. Oncologia Pediátrica: diagnóstico e tratamento. São Paulo, ed Atheneu, 2013.
- Filho OV, et al. Doenças Neoplásicas da criança e do adolescente. Barueri, São Paulo, Manole, 2012.
- Bonassa EMA, Gato MIR. Terapêutica oncológica para enfermeiros e farmacêuticos. 4. ed. São Paulo: Editora Atheneu; 2012.
- BR. (Brasil). Oncologia: manual de bases técnicas. SIA/SUS. Ministério da Saúde. Instituto Nacional do Câncer. 25ª edição. Brasília, 2019.