Histerectomia puerperal emergencial: incidência, fatores de risco e desfechos

Um aumento de cesáreas sucessivas como via de parto tem levado a elevação paralela das taxas de acretismo, resultando em histerectomia.

A histerectomia puerperal é o procedimento no qual é feita a remoção cirúrgica do útero durante a gestação, parto ou puerpério, por complicações graves apresentadas em algum desses períodos. Na falha dos métodos mais conservadores, a retirada do útero é a solução final para casos de hemorragia ou sepses de foco uterino para preservação da vida materna.

Esse não é um procedimento frequente na obstetrícia moderna. Entretanto, com o aumento das taxas de cesárea, seu uso tem se tornado mais prevalente. O aumento dos partos cesarianas tem trazido uma complicação das cesáreas sucessivas que é o acretismo placentário. Um aumento do número de cesáreas sucessivas como via de parto tem levado a elevação paralela das taxas de acretismo. O acretismo, com suas variantes, figura como grande etiologia dos quadros hemorrágicos puerperais, culminando na histerectomia puerperal.

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Estudos

Um artigo publicado em janeiro de 2023 no Obstetrics & Gynecology trouxe uma nova versão do mesmo artigo publicado em 2016 com atualização dos dados sobre as histerectomias puerperais realizadas ao redor de 42 países. No primeiro estudo, as conclusões principais foram quanto a incidência de histerectomia periparto de emergência tendeu a ser maior em países de renda baixa e média baixa.  

As principais indicações para histerectomia periparto de emergência eram hemorragia obstétrica maciça devido a patologias placentárias, atonia uterina ou ruptura uterina, seguidas por sepse puerperal. Desde a publicação desse estudo, novos estudos em países com baixa frequência de histerectomia puerperal foram incluídos. Assim, o novo estudo objetivou rever a frequência global de histerectomias puerperais emergenciais e em segundo plano rever indicações, fatores de risco, desfechos e manejo da histerectomia emergencial puerperal e comparar entre os vários extratos de renda.  

Com 26 novos estudos (revisões com metanálises) incluídos, perfazendo um total de 154 estudos, observou-se incidência de histerectomias puerperais global de 1,1 para cada 1000 nascidos vivos (IC 95%; 1.0 – 1.3). As maiores incidências foram observadas em países de baixa renda 3/1000 nascidos vivos; IC 95%; 2,5 – 3,5) sendo a maioria das indicações por ruptura uterina; já nos países de renda mais alta a incidência foi de 0,7/1000 nascidos vivos (IC 95%; 0,5 – 0,8) indicadas principalmente por patologias placentárias.  

As indicações mais comuns foram em 38% das vezes patologias placentárias (IC 95%; 33,9 – 42,4), atonia uterina (27%; IC 95%; 24,6 – 29,5) e ruptura uterina (21,2%; IC 95%; 17,8 – 25,0). Nas pacientes de mais baixa renda a ruptura uterina foi a causa principal (44,5%; IC 95%; 36,6 – 52,7). AS patologias placentárias foram as indicações mais frequentes no grupo de melhor renda (48,4%; IC 95%; 43,5 – 53,4). Metade de todas as mulheres submetidas à histerectomia puerperal tinham pelo menos uma cesárea anterior.  

Mensagem final

Os novos dados concluem que diferenças substanciais entre mulheres de alta e baixa renda alteraram a incidência de histerectomia puerperal. Mulheres de baixa renda têm mais risco de serem submetidas a histerectomia puerperal e sofrem maior morbimortalidade. Outra conclusão alarmante é o aumento da frequência de histerectomias relacionado ao aumento da taxa de cesáreas ao redor do mundo. 

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • Kallianidis, Athanasios F. MD, MSc; Rijntjes, Douwe BSc; Brobbel, Carolien MD, MSc; Dekkers, Olaf M. MD, PhD; Bloemenkamp, Kitty W. M. MD PhD; van den Akker, Thomas MD, PhD. Incidence, Indications, Risk Factors, and Outcomes of Emergency Peripartum Hysterectomy Worldwide: A Systematic Review and Meta-analysis. Obstetrics & Gynecology 141(1):p 35-48, January 2023. | DOI: 10.1097/AOG.0000000000005022