HPV: menos de 4 entre 10 meninos tomam duas doses da vacina no Brasil

Especialistas ressaltam que a vacinação contra o HPV ainda é a medida mais efetiva no combate ao câncer do colo do útero.

Entre os anos de 2013 a 2020, menos de quatro entre dez meninos tomaram as duas doses da vacina contra o papilomavírus humano (HPV), mesmo com a facilidade da gratuidade através do Sistema Único de Saúde (SUS). Os dados são da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

A primeira dose para meninas de 9 a 14 anos alcançou 83,4% de cobertura. Já a segunda dose chegou a apenas 55,6%, ao passo que entre meninos de 11 a 14 anos os índices foram de 57,9% para a primeira dose e de 36,4% para a segunda.

Os especialistas ressaltam que a vacinação contra o HPV ainda é a medida mais efetiva no combate ao câncer do colo do útero, uma vez que a probabilidade de infecção pelo papilomavírus humano é de 91,3% para o sexo masculino e 84,6% para o feminino. Um dado assustador é que mais de 80% da população vai contrair o vírus antes dos 45 anos de idade.

No Brasil, a vacina quadrivalente é indicada para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos, indivíduos que vivem com HIV e transplantados na faixa etária de 9 a 26 anos.

hpv

Vacinação de HPV pelo mundo

De acordo com o Fundo das Nações Unidas para Infância (UNICEF), a baixa adesão mundial da vacinação em geral passa pela baixas taxas de alfabetização e barreiras de gênero ou crenças socioculturais. E o órgão alerta que essa situação é uma preocupação crescente, especialmente em segmentos da população que têm acesso a informações falsas nas redes sociais.

“Países como a Inglaterra e a Austrália, que conquistaram altas coberturas vacinais entre os adolescentes, registram queda na incidência de câncer de colo do útero. Na Inglaterra, já foi verificada uma redução de 87% dos casos, sobretudo em mulheres vacinadas na adolescência. A vacina de HPV é comprovadamente segura e eficaz na prevenção das infecções pelo papilomavírus humano, das verrugas genitais às lesões precursoras dos cânceres associados a esse vírus”, afirmou o presidente da SBIm, Juarez Cunha em entrevista para o portal da entidade.

Nos Estados Unidos, o Centro de Controle de Doenças (CDC) aponta que 63% dos casos de câncer de pênis são atribuíveis ao HPV. É alta também a associação do vírus com o desenvolvimento de câncer de vagina (75%), vulva (69%), ânus (91%) e orofaringe (70%).

Entre os cânceres causados pelo papilomavírus humano, 92% são atribuíveis aos tipos que estão incluídos na vacina e que poderiam ser evitados em casos de cobertura vacinal adequada, acima de 80%.

Atualmente, a cobertura em Ruanda supera os 90%. Segundo órgãos internacionais, o sucesso se deve a vontade política e o apoio de diversos setores, envolvendo os Ministérios da Saúde, da Educação e da Promoção da Família.

Vacina de dose única oferece proteção sólida contra câncer do colo do útero, segundo a OMS

O Grupo Consultivo Estratégico de Peritos em Imunização da OMS (SAGE) avaliou positivamente as evidências que surgiram nos últimos anos de que os esquemas de dose única fornecem eficácia comparável aos regimes de duas ou três doses, oferecendo por si uma proteção sólida contra o câncer de colo de útero.

A recomendação é atualizar os esquemas de dose para HPV da seguinte forma:

  • Esquema de uma ou duas doses para o alvo primário de meninas de 9 a 14 anos;
  • Esquema de uma ou duas doses para meninas e mulheres jovens de 15 a 20 anos;
  • Duas doses com intervalo de seis meses para mulheres acima de 21 anos.

Indivíduos imunocomprometidos, incluindo aqueles com HIV, devem receber três doses, se possível, ou pelo menos duas doses. Ainda existem evidências limitadas sobre a eficácia de uma dose única neste grupo.

As recomendações da OMS serão atualizadas após consultas adicionais entre as partes interessadas.

*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED

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