Embora algumas evidências sugiram que a poluição do ar contribua para a infertilidade, a literatura existente é mista e vários efeitos de poluentes já foram relatados. Um artigo recente se debruçou sobre a interferência da poluição na fecundidade do casal. Em janeiro de 2023 foi publicada na Human Reproduction Update uma revisão sistemática com o objetivo de resumir as evidências para associações de poluição do ar ao ar livre, fumante passivo e poluição do ar inalado em ambientes fechados com fecundidade, além de identificar lacunas e limitações na literatura para informar decisões políticas e pesquisas futuras.
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Métodos
Os pesquisadores realizaram uma busca eletrônica em seis bancos de dados para artigos de pesquisa originais em inglês publicados desde 1990 sobre poluição e tempo de gestação ou fecundidade e vários produtos químicos no contexto da poluição do ar, inalação e aerossolização.
Resultados
Os resultados obtidos pelos autores indicaram uma associação entre poluição do ar externo e fecundidade reduzida, incluindo poluição do ar relacionada ao tráfego e, especificamente, óxidos de nitrogênio e partículas com diâmetro ≤ 2,5 μm, bem como exposição à fumaça do cigarro e formaldeído. No entanto, as janelas de exposição diferiram muito entre os estudos, assim como o método de avaliação da exposição. Em relação aos solventes voláteis, houve pouca evidência de que a exposição estaria associada à fecundidade reduzida.
Conclusão
De acordo com o artigo publicado neste ano, a exposição a poluentes atmosféricos externos, o fumo passivo e alguns poluentes ocupacionais inalados podem reduzir a fecundidade. Contudo, estudos futuros devem usar monitores de ar interno e biomarcadores para melhorar a avaliação da exposição.
Mensagem prática
Os monitores de ar que capturam a exposição em tempo real podem fornecer informações valiosas sobre o papel da poluição do ar interno e são úteis para avaliar os efeitos agudos de curto prazo dos poluentes na fecundidade do casal.