No dia 1 de julho, comemora-se o Dia da Vacina BCG. Ela protege contra as formas graves de tuberculose, como, por exemplo, a meningite tuberculosa e a tuberculose miliar. Sua indicação é de proteção às enfermidades relatadas, e é sugerido sua aplicação logo após o nascimento da criança. Outra indicação da vacina é para contatos intradomiciliares de pessoas com diagnóstico de hanseníase. Ademais, existem pesquisas que investigam evidências da BCG na profilaxia da Covid-19.
É importante destacar o protagonismo dos enfermeiros na orientação da vacinação, na avaliação de contra indicações, assim como, na aplicação e na identificação de eventos adversos relacionados ao imunobiológico. Nesse sentido, é importante pontuar as contra indicações vacinais: pessoas com diagnóstico de HIV ou outras imunodeficiências, gestantes, pacientes em tratamento de corticoides em altas taxas, recém nascidos (RN) dos quais as mães utilizaram drogas imunomoduladoras no segundo e terceiro trimestre da gestação. Ainda nesse contexto, deve-se ter precaução na administração da vacina em RN com menos de 2kg, nesse sentido, recomenda-se o adiamento da vacina até que a criança adquira peso superior.
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Outrossim, a equipe de enfermagem deve informar ao vacinado, ou aos seus responsáveis, que qualquer alteração da cicatrização da ferida precisará ser avaliada. Alguns exemplos são abcessos subcutâneos (frios ou quentes), granuloma, cicatriz queloide, úlcera no local da aplicação (maior de 1cm). Caso seja identificada alguma reação, como citado, é necessário realizar a notificação, que normalmente está relacionada a erros de imunização.
Evolução da lesão vacinal
Frente a essa realidade, os enfermeiro ou o técnicos de enfermagem, que realizam o procedimento da aplicação da BCG, devem garantir a técnica correta, considerando, também, a indicação vacinal e a evolução da cicatriz. Espera-se que após a vacinação a lesão se comporte da seguinte forma:
- 1 à 2 semanas: Mácula avermelhada e endurecida (5 à 15mm);
- 3 à 4 semanas: Formação pústula, seguido de crosta;
- 4 à 5 semanas: Úlcera (4 à 10mm);
- 6 à 12 semanas: Cicatriz;
Convém informar que até o ano de 2018, havia indicação de revacinar as crianças que fossem vacinadas e não apresentassem cicatriz vacinal, entretanto, seguindo as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil passou a realizar apenas uma dose, independente da cicatriz vacinal, pois segundo estudos a inexistência da cicatriz não sugere ausência da proteção.
BCG X Covid-19
Vale mencionar, ainda com relação à BCG, que a vacina vem sendo estudada (por meio de ensaios clínicos) sobre sua atuação na prevenção de diversas doenças infecciosas. Pesquisas realizadas sobre a revacinação de idosos na Grécia e na África do Sul demonstraram, respectivamente, a redução de 79% das infecções respiratórias e 73% infecções de trato respiratório superior. Nessa lógica, alguns pesquisadores sugerem que pode ser considerada uma medida preventiva frente à Covid-19 por causar ação celular contra microorganismos mediante a resposta imune natural.
Como, por exemplo, o estudo intitulado Brace Trail, coordenado pelo pesquisador Australiano Nigel Curtis, que investiga se a BCG protege ou atenua a virulência do SARS-CoV-2. A referida pesquisa irá vacinar 10 mil pessoas como voluntários na Austrália, Reino Unido, Espanha, Holanda e Brasil. No Brasil é chamada de Brace Trial Brasil (BTB) e liderada pela pneumologista Margareth Dalcolmo (Fiocruz).
Atualmente ainda não é possível afirmar a relação entre a vacinação da BCG e a redução de gravidade dos casos de Covid-19, apesar de demonstradas em estudos epidemiológicos, pois devido a multifatores, ainda não considera-se que as informações são suficientes para estabelecer a causa entre a BCG e a atenuação da gravidade da doença. Apesar disso, é indispensável que haja incentivo às pesquisas científicas, ampliando as evidências e garantindo recursos preventivos para proteção da população quanto à Covid-19 e demais doenças infecciosas evitáveis.
Referências bibliográficas:
- Brasil. NOTA INFORMATIVA Nº 18/2018-CGPNI/DEVIT/SVS/MS. Presta orientações sobre o uso da vacina BCG do laboratório Serum Institute of India Ltd. 31 de jan de 2018. Acesso em: 19 de jun de 2021. Disponível em: http://www.sgc.goias.gov.br/upload/arquivos/2018-03/sei_ms—2283326—nota-informativa-18-bcg.pdf
- Brasil. Ministério da Saúde. Manual de vigilância epidemiológica de eventos adversos pós-vacinação. 4ª ed. – Brasília, 2020. Acesso em 28 de junho de 2021. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_vigilancia_epidemiologica_eventos_vacinacao_4ed.pdf
- Brasil. Ministério da Saúde. Manual de Normas e Procedimentos para Vacinação. Brasilia. 2014. Acesso em 28 de junho de 2021. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_procedimentos_vacinacao.pdf
- Informe ENSP. Fiocruz segue recrutando voluntários para testes com BCG contra a covid-19 [homepage na internet]. Acesso em: 20 de junho de 2021. Disponível em: https://portal.fiocruz.br/noticia/fiocruz-segue-recrutando-voluntarios-para-testes-com-bcg-contra-covid-19
- Escobar LE, Molina-Cruz A, & Barillas-Mury C. (2020). BCG vaccine protection from severe coronavirus disease 2019 (COVID-19). Proceedings of the National Academy of Sciences, 117(30), 17720-17726. Acesso em: 19 de jun de 2012. Disponível em: https://www.pnas.org/content/117/30/17720.full