Influenza: muito além do pulmão

Conheça as principais complicações causadas pelo vírus influenza e saiba qual é a melhor estratégia de proteção para a população.

Este conteúdo foi produzido pela PEBMED em parceria com Sanofi de acordo com a Política Editorial e de Publicidade do Portal PEBMED.

A gripe é uma infecção causada pelo vírus influenza que, a depender das características climáticas e demográficas, pode ocorrer em epidemias sazonais e surtos esporádicos, resultando em cerca de quatro milhões de infecções graves e meio milhão de mortes por ano 1,2. Em regiões temperadas dos hemisférios norte e sul, essa sazonalidade é no inverno, enquanto em áreas tropicais os surtos podem ocorrer em todas as estações1,2.

O modo de transmissão mais importante é de pessoa para pessoa, através de espirros e tosse. Após a infecção, a eliminação viral ocorre cerca de 24-48 horas antes do início dos sintomas1. O período de incubação gira em torno de 18-72 horas, variando de caso a caso1.

Os sintomas da gripe costumam aparecer de forma repentina e são típicos: febre alta, calafrios, cefaleia, mialgia, fadiga, artralgia, hiperemia ocular, tosse seca e rinite 3. Os sintomas sistêmicos costumam durar 7 dias, mas a tosse e a fadiga podem durar semanas 1.  A maior parte dos pacientes com quadros graves tem idade igual ao superior a 65 anos, o que se explica pela imunossenescência. O envelhecimento está associado ao declínio progressivo da resposta imune e, assim, maior susceptibilidade a infecções1,3.

Complicações graves da Influenza

A pneumonia e a exacerbação da doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) são as complicações mais comuns, especialmente em idosos, gerando grande morbimortalidade1,3. Um amplo sistema de vigilância realizado nos EUA, que avaliou aproximadamente 5 mil pacientes internados por gripe, onde 1392 tiveram pneumonia associada, mostrou que ser idoso (principalmente com idade igual ou superior a 75 anos) é fator de risco para pneumonia, conforme gráfico abaixo3.

A pneumonia relacionada ao vírus influenza pode ser primária, mas também pode ser pneumonia bacteriana secundária, ou ambas, de forma concomitante 1,3. Os patógenos mais comumente identificados na pneumonia bacteriana associada são Staphylococcus aureus e Streptococcus pneumoniae 3.

Indo além do pulmão

Complicações extrapulmonares, como as cardiovasculares, também existem e muitas vezes são subestimadas, principalmente em pacientes jovens e  4. Podem ocorrer complicações cardiovasculares, como infarto agudo do miocárdio (IAM), miocardite, pericardite e acidente vascular encefálico (AVE). O paciente com gripe tem aproximadamente 10 vezes mais chance de evoluir com IAM e aproximadamente 8 vezes mais chance de evoluir com AVE 5. Um estudo estimou que 20% dos pacientes com síndrome coronariana aguda (SCA) relataram sintomas gripais nos trinta e cinco dias que antecederam o evento cardiovascular, sendo os sete primeiros dias do quadro viral os de maior risco para SCA6. Outro estudo observou que o pico da epidemia de influenza é concomitante com aumento da taxa de mortalidade por causas cardiovasculares7.

O vírus influenza pode modular a resposta inflamatória ao estimular a liberação sistêmica de citocinas (ex: interleucina 1, 6 e 8 e fator de necrose tumoral α). Além disso, o vírus parece possuir tropismo por estruturas vasculares, o que gera uma infiltração de macrófagos e liberação de citocinas localmente. Todo esse processo pode gerar mudanças estruturais na placa aterosclerótica, induzindo sua ruptura e causando o IAM8.

Além disso, infecções clinicamente relevantes exacerbam doenças cardiovasculares pré-existentes pois condições como febre, taquicardia e hipóxia geram aumento das demandas metabólicas do tecido miocárdico. Vale destacar também que modelos experimentais sugerem a possibilidade de dano cardiovascular direto pelo vírus influenza 8. Assim, deve-se suspeitar de envolvimento cardíaco em pacientes de qualquer idade que se apresentem com dor torácica, taquicardia e instabilidade hemodinâmica dentro de 2 a 4 semanas após início do quadro gripal 4.

Segue abaixo ilustração dos possíveis mecanismos patofisiológicos envolvidos na síndrome coronariana aguda durante a infecção por influenza:

Ademais, são também descritas complicações como miosite, mioglobinúria, sinusite, otite. Existem casos ainda mais graves, que evoluem com síndrome de Reye, meningite asséptica, encefalite e síndrome de Guillain-Barré 1.

Mensagem Final

A vacinação é a melhor estratégia de proteção contra o vírus influenza e suas complicações. Pessoas vacinadas têm um risco 28% menor de mortalidade por todas as causas, 18% menor por causas cardiovasculares e 22,5% menor de AVE 8,9. Além das vacinas trivalente e tetravalente que já eram disponibilizadas para população acima de 60 anos de idade, está também disponível uma vacina com quatro vezes mais antígenos que a vacina tetravalente habitual. Essa vacina de alta dose confere maior proteção contra a infecção pelo vírus influenza, além de ser mais eficaz na prevenção de internações hospitalares e apresentar maior redução na mortalidade pós influenza 10.

 

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo

Selecione o motivo:
Errado
Incompleto
Desatualizado
Confuso
Outros

Sucesso!

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo.

Você avaliou esse artigo

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Baixe o Whitebook Tenha o melhor suporte
na sua tomada de decisão.
Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • 1. Javanian, Mostafa, et al. “A Brief Review of Influenza Virus Infection.” Journal of Medical Virology, vol. 93, no. 8, 14 Apr. 2021, pp. 4638–4646.
  • 2. https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/influenza-seasonal, acessado em 19/06/2023.
  • 3. GARG, S. et al. Pneumonia among adults hospitalized with laboratory-confirmed seasonal influenza virus infection—United States, 2005–2008. BMC Infectious Diseases, v. 15, n. 1, 26 ago. 2015.
  • 4. RADOVANOVIC, M. et al. Influenza Myopericarditis and Pericarditis: A Literature Review. Journal of Clinical Medicine, v. 11, n. 14, p. 4123, 15 jul. 2022.
  • 5. WARREN-GASH, C. et al. Laboratory-confirmed respiratory infections as triggers for acute myocardial infarction and stroke: a self-controlled case series analysis of national linked datasets from Scotland. European Respiratory Journal, v. 51, n. 3, 1 mar. 2018.
  • 6. LIPPI, G.; SANCHIS-GOMAR, F. Cardiac troponin elevation in patients with influenza virus infections. Biomedical Journal, v. 44, n. 2, p. 183–189, abr. 2021.
  • 7. Mamas MA, Fraser D, Neyses L. Cardiovascular manifestations associated with influenza virus infection. Int J Cardiol. 2008;130:304-309.
  • 8. BOCALE, R.; NECOZIONE, S.; DESIDERI, G. The link between influenza and myocardial infarction: vaccination protects. European Heart Journal Supplements, v. 24, n. Supplement_I, p. I84–I88, 12 nov. 2022.
  • 9. TSIVGOULIS, G.; PALAIODIMOU, L. Influenza vaccination and stroke risk reduction. The Lancet Public Health, v. 7, n. 11, p. e888–e889, 1 nov. 2022.
  • 10. JKH, L. et al. Efficacy and Effectiveness of High-Dose Versus Standard-Dose Influenza Vaccination for Older Adults: A Systematic Review and Meta-Analysis. Disponível em: <https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/29715054/> MAT-BR-2302568 Julho/2023.