Máscara cirúrgica ou N-95? Qual a taxa de eficácia de cada após 2 anos de uso?

Um estudo analisou a eficácia do uso de máscaras cirúrgicas e máscaras N-95 na prevenção da covid-19 em profissionais de saúde.

No início da pandemia de covid-19, muito se discutiu sobre o uso de máscaras para proteção. Principalmente sobre o tipo de máscara mais eficaz. Muitas dúvidas surgiram entre máscaras de pano, máscaras cirúrgicas e máscaras N-95 e sobre qual delas seria a mais indicada para cada grupo da população. Profissionais de saúde formaram a maior parte de pessoas expostas diretamente. A disponibilidade da máscara N-95 era e ainda permanece bastante heterogênia, principalmente nos países menos desenvolvidos e com maior precariedade econômica, levando a muitos profissionais a fazerem o uso de máscaras cirúrgicas comuns. 

A organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o uso de máscaras cirúrgicas na rotina de cuidados de pacientes positivos para covid-19, enquanto o Centro de Diagnóstico e Controle de Doenças (CDC) recomenda o uso de máscaras N-95, porém a disponibilidade dessas máscaras não é realidade em todos os países. 

Atualmente ainda existem dúvidas e preocupações em relação à eficácia de proteção de máscaras cirúrgicas, uma vez que essas não apresentam boa vedação e tampouco sistema de filtragem. Sabe-se, também, que o uso dessas máscaras contribuiu de forma signifivativa a evitar a propagação do vírus na população em geral. 

O estudo em questão analisou a eficácia do uso de máscaras cirúrgicas e máscaras N-95 na prevenção da covid-19 em profissionais de saúde responsáveis pelo tratamento direto de pacientes com diagnóstico positivo para o vírus. 

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Estudo

O estudo multicêntrico, randomizado foi realizado no período de 4 de maio de 2020 a 29 de março de 2022 em 29 unidades de tratamento de pacientes com covid-19 no Canadá (17), Israel (4), Paquistão (2) e Egito (6). Ao todo foram escolhidos 1009 profissionais sem comorbidades para covid-19 como imunossupressão, hipertensão, diabetes, obesidade, nefropatias, pneumopatias e que nunca apresentaram teste positivo ou infecção prévia por covid-19 e que não receberam nenhuma dose da vacina anticovid. Os participantes precisavam passar 60% ou mais do seu tempo no ambiente de trabalho. O uso das máscaras foram distribuidas de forma randomizada (500 para máscaras cirúrgicas e 509 para N-95) e os participantes deveriam utilizar as máscaras sempre que estivessem cuidando de pacientes com diagnóstico ou com suspeita de covid-19.  

As normas locais de cada instituição sobre o uso das máscaras foram respeitadas, e o uso de máscaras N-95 foi liberado em ambos os grupos em casos de procedimentos com liberação de aerosóis. As máscaras N-95 deveriam ser descartadas e trocadas quando apresentassem algum dano. 

O objetivo principal foi a detecção de ocorrência de positividade em testes PCR para covid-19 e secundariamente o aparecimento de sintomas relacionados ao covid-19 como febre, tosse, infecção de vias aéreas, falta ao trabalho, pneumonia ou complicações como necessidade de internação em unidade de terapia intensiva, necessidade de ventilação mecânica ou óbito. 

A aderência do uso das máscara N-95 (que são as mais incômodas) foram controladas por auto relatórios e por visitas de profissionais selecionados regularmente durante as semanas. Além disso foi solicitado que casos como exposição fora da área de trabalho fossem relatados. 

Resultados

Em relação ao objetivo principal do estudo, houve, no geral, 10,46% de casos positivos no grupo que utilizou máscara cirúrgica e 9,27% no grupo que utilizou máscara N-95. Uma análise de cada grupo por país mostrou as seguintes estatísticas: 

  • Canadá 6,11% para máscaras cirúrgicas e 2,22% para máscara N-95;
  • Israel 35.29% para máscaras cirúrgicas e 23.53% para máscara N-95; 
  • Paquistão 3,26% para máscaras cirúrgicas e 2,13% para máscara N-95; 
  • Egito 13,62% para máscaras cirúrgicas e 14,56% para máscara N-95. 

Em relação à análise secundária, houve uma incidência de dois participantes do grupo de máscara cirúrgica que apresentaram eventos adversos graves necessitando de hospitalização contra um participante do grupo de máscaras N-95. Porém nenhum deles necessitou de cuidados de terapia intensiva e nenhum óbito foi registrado. 

Exposição a pacientes com diagnóstico ou suspeita de covid-19, tempo de exposição a esses pacientes, procedimentos geradores de aerosol e exposição comunitária foram relativamente iguais em ambos os grupos. 

A aderência ao uso das máscaras foi reportada como 98,3%, no grupo de máscaras cirúrgicas, e 96,6%, no grupo das máscras N-95. 

Discussão

Foi observada uma grande variedade de testes positivos em relação aos países, havendo uma heterogenicidade de resultados devido principalmente ao momento do início da análise, que variou entre os locais, tipo de unidade atendida (emergência e unidades de internação) e exposição diferenciada ao subgrupo Ômicron. esses fatores podem ter sido os responsáveis pelo maior número de casos em Israel onde o estudo foi realizado em hospitais com centro de tratamento a longo prazo e Egito com uma população mais densa, na qual os participantes poderiam já ter sido expostos anteriormente ao estudo, por exemplo. 

Concluindo, entre os profissionais de saúde que tratam de pacientes com diagnóstico de covid-19 rotineiramente, o uso de máscaras cirúrgicas apresentou menos eficácia que o uso de máscaras N-95 em relação a contaminação e positividade do teste PCR, porém os dois tipos de máscara preveniram contra complicações provenientes da infecção pelo covid-19.

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Mensagem prática 

Apesar da disponibilidade de máscaras do tipo N-95 não ser uma realidade em todas as instituições de tratamento de pacientes com covid-19, é importante que sempre que possível ela seja utilizada por profissionais de saúde, principalmente aqueles com maior risco de desenvolver doença grave.

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • Loeb M, et al. Medical Masks Versus N95 Respirators for Preventing COVID-19 Among Health Care Workers : A Randomized Trial. Ann Intern Med. 2022 Nov 29:M22-1966.

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