Mesmo sabendo dos riscos, a adesão do paciente ao tratamento de hipercolesterolemia é muito abaixo do esperado

Apenas 41% pessoas com hipercolesterolemia afirmaram usar algum medicamento para controlar as taxas de colesterol.

Apenas 41% pessoas com hipercolesterolemia afirmaram usar algum medicamento para controlar as taxas de colesterol , embora 77% do total dos entrevistados alegarem saber que esse é um fator de risco para doenças cardiovasculares e 78% declarem conhecer alguém que veio a óbito em decorrência de complicações dessa condição, indica estudo realizado pela Novartis em parceria com a Minds 4Health.

Com objetivo de identificar o nível de conhecimento da população brasileira acerca do seu risco cardiovascular, a pesquisa ouviu 800 pessoas, em agosto de 2021, com os seguintes perfis: homens até 40 anos e 41 anos ou mais e mulheres até 40 anos e 41 anos ou mais de diferentes classes sociais e de todas as regiões do Brasil.

médico conversando com paciente com hipercolesterolemia

Os resultados da pesquisa

Confira os principais pontos coletados do estudo:

  • 76% afirmaram saber o que é risco cardiovascular;
  • Essa afirmação foi um pouco mais frequente entre os respondentes das classes A/B1;
  • Hipertensão, obesidade e estresse foram os fatores mais citados pelos pesquisados como aqueles que podem aumentar a chance de ataque cardíaco ou acidente vascular cerebral;
  • Cerca de 57% afirmaram ter conhecimento sobre o próprio risco cardiovascular;
  • Hipertensão foi a comorbidade mais associada com os três níveis de risco vascular. Obesidade e colesterol alto foram, respectivamente, a segunda e terceira menções mais frequentes, dentre as citadas espontaneamente;
  • Cerca de 45% dos entrevistados afirmaram ter recebido orientação de um cardiologista sobre risco cardiovascular. O clínico geral foi a segunda especialidade mais citada. E 24% disseram que não receberam orientação;
  • Cerca de 35% dos pesquisados afirmaram ter recebido o diagnóstico de colesterol alto de um médico. Dentre eles, 69% (24% do total) afirmaram ter recebido prescrição de algum medicamento, e 41% dos diagnosticados (14% do total) afirmaram que usam, atualmente, algum medicamento para controlar o colesterol;
  • Cerca de 4% dos pesquisados disseram já ter sofrido algum evento cardiovascular. O infarto foi o mais citado: 2,3% do total;
  • E 78% de todos os respondentes afirmaram conhecer alguém que veio a óbito em decorrência de algum evento cardiovascular.

Leia também: Hipercolesterolemia familiar: quais os benefícios da terapia precoce com estatinas?

Principais hipóteses, insights, oportunidades e riscos sobre os resultados, segundo os responsáveis pela pesquisa:

  1. As pessoas sabem que colesterol mata, no entanto não aderem ao tratamento prescrito;
  2. Não há diferença significativa na percepção dos entrevistados entre o grau de relevância dos fatores de risco cardiovascular;
  3. A compreensão de risco cardiovascular é mais conceitual e genérica do que individualizada;
  4. O grau de conhecimento declarado sobre risco cardiovascular varia mais em decorrência da classe socioeconômica do que da região geográfica;
  5. O colesterol alto ainda não está na agenda das equipes de saúde;
  6. O papel do enfermeiro dentro do atendimento básico de saúde na prevenção de doenças cardiovasculares ainda não é prática comum;
  7. Médicos da família e ginecologistas podem ser aliados na conscientização sobre risco cardiovascular;
  8. O colesterol alto pode estar sendo subdiagnosticado.

Desafios dos gestores públicos de saúde e médicos

“Os dados nos mostram um desafio que precisa ser enfrentado urgentemente e de forma intersetorial para que possamos efetivamente evitar que milhares de pessoas, cerca de 400 mil por ano somente no Brasil, venham a óbito por eventos que podem ser prevenidos”, afirmou a diretora médica da área cardiovascular da Novartis Brasil, Fabiana Roveda, em entrevista ao Portal PEBMED.

Para a especialista, é necessário trabalhar fortemente em cima de uma cultura de prevenção e promoção da saúde que envolva toda a sociedade, mas que também oriente o sistema de saúde para a implementação de uma linha de cuidado que pense sobre a continuação do tratamento da doença em casa, no dia a dia. “E que envolva as equipes de saúde como um todo no seu enfrentamento, considerando o paciente de ponta a ponta e integre os diversos setores da saúde e de políticas complementares como a política da assistência, educação e esportes”, completou Fabiana Roveda.

Cenário da doença no país

De acordo com a Pesquisa Nacional da Saúde (PNS), atualmente no Brasil há cerca de 18,4 milhões de brasileiros com o colesterol considerado alto, o que significa 12,5% da população. Infelizmente, é muito comum o paciente abandonar o tratamento.

Veja também: Colesterol LDL aumentado de forma prolongada em pacientes jovens tem relação com eventos cardiovasculares?

“A adesão ao tratamento a longo prazo é um desafio. Por isso é fundamental a realização de campanhas de prevenção e orientação da população sobre a importância dos níveis colesterol e sua associação com a doença cardiovascular, demonstrando o risco que traz aos vasos sanguíneos e ao coração. É importante lembrar que estamos falando de uma doença crônica e assintomática e que a sua primeira consequência pode ser fatal”, pontuou o cardiologista Fernando Carvalho Neuenschwander, e também coordenador geral do serviço de cardiologia do Hospital Vera Cruz, em Belo Horizonte, que não participou do estudo.

Vale ressaltar que o colesterol alto não provoca sintomas. Cansaço, cefaléia, dispnéia, dor no peito, palpitações podem indicar doenças cardiovasculares que tem grande correlação com altos níveis de colesterol.

Os médicos devem informar aos seus pacientes sobre os riscos e os cuidados de taxas altas de colesterol, solicitar exames de sangue com regularidade e alertar sobre os fatores que podem causar essa condição, como alimentação, histórico familiar, sedentarismo e excesso de bebidas alcoólicas.

*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED

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