Mpox: relembre surto da doença que acendeu alerta em 2022

Em 6 de maio de 2022, foi confirmado o surto de mpox no Reino Unido, que começou com um residente britânico que havia retornado de viagem.

Em 20 de Maio, a Organização Mundial de Saúde (OMS) emitiu alerta sobre o aumento do número de casos confirmados da doença em países não endêmicos e em 23 de Julho foi declarada emergência de saúde pública de importância internacional, visto que a doença estava disseminada para 72 países com 14.533 casos confirmados.

De acordo com a OMS, até novembro foram confirmados laboratorialmente 78.628 casos, além de haverem 3.703 considerados prováveis e 41 óbitos relacionados sido constatados. Os óbitos estão distribuídos entre Estados Unidos, Nigéria, Gana, Camarões, Espanha, Bélgica, Cuba, República Tcheca, Equador, Índia, Moçambique e Sudão. Os países com o maior número de casos confirmados, responsáveis por 72,32% dos casos notificados globalmente, são: Estados Unidos, Brasil, Espanha, França, Reino Unido e Alemanha.

Leia também: Monkeypox: novas características clínicas e apresentações.

Ainda que recentemente o número de casos novos notificados tenha diminuído 51,3%, essa foi a primeira vez em que houve cadeia sustentada de transmissão em países sem ligações epidemiológicas diretas com áreas onde a doença é endêmica (África Ocidental ou Central).

Quanto ao perfil epidemiológico dos casos confirmados mundialmente, 96,91% dos pacientes eram do sexo masculino com mediana de idade de 34 anos. Além disso, 86,4% se declararam como homens que fazem sexo com homens e a principal via de transmissão foi a sexual (71,3%). A maioria dos casos confirmados e prováveis não tiveram necessidade de hospitalização e, quando houve necessidade de internação, apenas 0,2% necessitaram de cuidados intensivos, o que corrobora o caráter benigno da infecção já visto previamente.

Mpox relembre surto da doença que acendeu alerta em 2022

Mpox no Brasil

Em termos de Brasil, até novembro de 2022 foram registradas 42.479 notificações para MPX, sendo 9.446 confirmadas ou prováveis. A maior concentração de casos ocorreu entre julho e agosto e na distribuição espacial. A Região Sudeste (6,6 casos a cada 100 mil habitantes) e a Centro-Oeste (6,8 casos a cada 100 mil habitantes) lideraram o ranking com o maior número de pacientes.

Quanto à evolução clínica, apenas 4,8% necessitaram de hospitalização para manejo clínico sendo 0,3% em unidade de terapia intensiva, com onze óbitos, o que segue o padrão mundial de característica benigna da doença. Entretanto, constatou-se prevalência de hospitalização 40% maior nos indivíduos que vivem com HIV e 42% maior em pessoas com imunossupressão. Da mesma forma, a prevalência de hospitalização nos maiores de 60 anos foi 3,64 vezes maior que naqueles com idade inferior. Esses dados, então, reforçam que imunossuprimidos e idosos são grupo de risco com maior chance de gravidade e óbito.

Outro ponto relevante do surto de MPX em 2022 é que as características clínicas observadas diferiram daquelas em relatos históricos. A maior parte dos pacientes apresentava lesões em mucosa (como região genital e perianal) e a predileção por essas áreas somado ao histórico de contato sexual recente, sugeriu que as lesões se iniciaram no sítio de inoculação, seguidas pelos sintomas sistêmicos e, então, disseminação das lesões. Além disso, manifestações cutâneas em estágios diferentes de evolução, o que sugere autoinoculação, também foi novidade juntamente com complicações como proctite, edema em pênis, parafimose e abscesso em orofaringe. Muitos pacientes apresentaram uma infecção sexualmente transmissível concomitante (46,2%), sendo N. gonorrhoeae e C. trachomatis as mais comuns.

Medicação

Atualmente não há um tratamento específico aprovado para tratar a MPX. Entretanto, alguns antivirais desenvolvidos para outras doenças podem ser benéficos. Como é o caso do tecovirimat, utilizado no tratamento de varíola humana em pacientes adultos e pediátricos, que no Brasil está disponível na formulação oral para pacientes com MPX em risco de evoluir gravemente. Cidofovir (utilizado no tratamento de retininte por citomegalovírus), brincidofovir (usado para o tratamento da varíola humana) e imunoglobulina vaccínia (usada para tratar complicações decorrentes da vacinação com vaccínia) também são recomendados para pacientes com doença grave, porém, não estão disponíveis no Brasil.

Além disso, a Anvisa aprovou em agosto a dispensa de registro para que o Ministério da Saúde importe a vacina Jynneos/Imvanex, uma vacina de terceira geração baseada na cepa Ankara do vírus vaccínia modificado, não replicante, com deleção de aproximadamente 10% do seu genoma. Ela é aplicada via subcutânea em duas doses, com intervalo de 28 dias, tem boa imunogenicidade, porém com menos efeitos colaterais que as demais vacinas testadas.

Saiba mais: Monkeypox e vacinação: um breve resumo.

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