Mudanças no estado da síndrome metabólica e risco de gota 

Um estudo nos mostra que a síndrome metabólica é um fator de risco modificável para o desenvolvimento de gota, por isso a importância de seu controle.

A gota possui forte associação com fatores de risco cardiovascular, especialmente a síndrome metabólica (SM). Estudos de base populacional identificaram que os pacientes com SM também apresentam risco aumentado de gota ou hiperuricemia assintomática. 

Recentemente, foi demonstrado que mudanças no estado da SM foram capazes de provocar redução no risco de doenças cardiovasculares, fibrilação atrial, doença renal crônica em estágio terminal e morte por todas as causas. 

Com base nessa premissa, Eun et al. desenvolveram um estudo com o objetivo de avaliar se a mudança no estado de SM poderia alterar a incidência de gota em pacientes homens e jovens. 

Métodos

Trata-se de um estudo retrospectivo de base populacional utilizando dados de serviços de saúde na Coreia do Sul. Foram incluídos pacientes do sexo masculino que realizaram seu primeiro exame de check-up de saúde com idade entre 20 e 39 anos no período entre 2009-2012 e que tinham registro de pelo menos mais dois exames de check-up com intervalo mínimo de dois anos entre eles. Pacientes com diagnóstico prévio de gota e aqueles que a desenvolveram ou morreram dentro do período de um ano após o exame de check-up foram excluídos. 

O desfecho primário analisado foi o diagnóstico de gota, que foi definido como presença de CID-10 da doença em 3 consultas ambulatoriais. 

A SM foi categorizada em quatro grupos: sem SM, SM crônica (entraram no estudo com SM e persistiram com SM até o final), SM iniciada (desenvolveu SM durante o seguimento) e SM melhorada (deixou de apresentar critérios de SM durante o seguimento). 

Veja mais: Risco de tromboembolismo venoso na gota 

Resultados

Após aplicação dos critérios de exclusão, foram incluídos 1.293.166 sujeitos nesse estudo. A idade média foi de 33,2±3,7 anos. Com relação à SM, 85,7% estavam no grupo sem SM, 5,3% no grupo SM crônica, 4,5% no grupo SM iniciada e 4,4% no grupo SM melhorada. 

A duração média do seguimento foi de 4,3±1,3 anos. A incidência de gota durante o seguimento foi de 3,36 casos por 1.000 pacientes/ano (18.473 sujeitos). A idade média do diagnóstico de gota foi 37,5±3,9 anos. 

Os sujeitos que estavam no grupo de SM crônica apresentaram um risco de gota incidente 3,8 vezes o dos pacientes sem SM (RR ajustado 3,82, IC95% 3,67–3,98). 

O desenvolvimento de SM no seguimento dobrou o risco de gota incidente (RR ajustado 2,31, IC95% 2,20–2,43), enquanto que a melhora da SM no seguimento reduziu esse risco pela metade (RR ajustado 0,52, IC95% 0,49–0,56). 

Dentre os componentes da SM, a hipertrigliceridemia foi a que mais se associou com o risco de gota incidente (SM iniciada – RR ajustado 1,74, IC95% 1,66–1,81; SM melhorada – RR ajustado 0,56, IC95% 0,54–0,59), seguido da obesidade abdominal  (SM iniciada – RR ajustado 1,94, IC95% 1,85–2,03]; SM melhorada – RR ajustado 0,69, IC95% 0,64–0,74). 

Comentários

Esse estudo nos mostra o importante impacto do controle da síndrome metabólica no risco de gota incidente, indicando que a SM é um fator de risco modificável para o desenvolvimento dessa doença. Assim, além dos benefícios cardiovasculares associados ao controle da SM, também podemos pontuar a redução no risco de gota no futuro. 

Leia também: A importância da Inclusão do Burnout no CID 11

Mensagem prática 

Esse aprendizado pode ser imediatamente levado para a prática médica diária, uma vez que pode ser um argumento adicional para o melhor controle da SM na população geral, particularmente em homens jovens, que foi a população alvo deste estudo. 

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • Eun Y, Han K, Lee SW, et al. Altered Risk of Incident Gout According to Changes in Metabolic Syndrome Status: A Nationwide Population-Based Cohort Study of 1.29 Million Young Men. Arthritis Rheumatol. 2023. DOI: 10.1002/art.42381. 

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