Mulheres com até 35 anos podem ser até 44% mais propensas a ter um AVC isquêmico que homens

Foi lançada uma pesquisa sobre gênero e acidentes vasculares cerebrais (AVCs). A diferença etária no AVC isquêmico chamou atenção. Saiba mais.

Uma pesquisa publicada em janeiro deste ano na edição especial Go Red for Women 2022 do jornal médico Stroke, da American Stroke Association, uma divisão da American Heart Association, apresentou uma série de estudos de gênero envolvendo acidentes vasculares cerebrais (AVCs).

No artigo, “Revisão sistemática das diferenças sexuais em derrames isquêmicos entre jovens adultos – as mulheres jovens estão desproporcionalmente em risco?” (Leppert et al.), foram analisadas as diferenças na incidência de acidente vascular cerebral entre ambos os sexos em diversas faixas etárias de adultos jovens.

Entre os principais dados observados foi a existência de uma grande diferença de incidência do AVC entre os sexos. Os AVCs isquêmicos aconteceram com uma maior frequência entre adultos com menos de 35 anos, em que as mulheres sofreram 44% mais do que os homens dessa faixa etária.

“Nesta segunda edição anual do Go Red Stroke , compilamos alguns artigos excelentes para informar nossos leitores sobre várias questões importantes da ciência clínica e translacional abordando as lacunas em nosso conhecimento sobre o AVC entre as mulheres. E descobrimos que o AVC afeta mais mulheres a cada ano do que os homens. Queremos que todos os profissionais de saúde conheçam essas pesquisas mais recentes sobre o reconhecimento, a prevenção e tratamento de AVC entre as mulheres”, destacou o editor-chefe da Stroke, Ralph L. Sacco, presidente do departamento de Neurologia, e da Olemberg Family Chair in Neurological Disorders e diretor executivo do Evelyn F. McKnight Brain Institute the University of Miami Leonard M Miller School of Medicine, em Miami, nos Estados Unidos.

médico avaliando exame de avc isquêmico

AVC isquêmico em grupos etários

Já as diferenças em grupos etários mais velhos foram mais difíceis de determinar devido à grande variabilidade na forma como os dados foram apresentados entre os estudos.

A pesquisa aponta também que a incidência de acidente vascular cerebral isquêmico aumenta exponencialmente com a idade, e apenas 15% de todos os AVCs isquêmicos ocorrem em adultos com menos de 50 anos.

Na conclusão das análises, os pesquisadores indicam que os fatores de risco ateroscleróticos tradicionais são um dos principais contribuintes para acidentes vasculares cerebrais isquêmicos em homens e mulheres jovens e se tornam cada vez mais importantes com a idade. No entanto, esses fatores de risco são menos prevalentes em mulheres mais jovens e podem não explicar a maior incidência observada de AVC isquêmico em mulheres com menos de 35 anos. de piores resultados funcionais em comparação com os seus homólogos do sexo masculino.

Para a equipe responsável pelo estudo serão necessárias mais pesquisas para definir melhor as diferenças sexuais do AVC isquêmico em adultos jovens, além das contribuições de fatores de risco não tradicionais, como gravidez, pós-parto e contraceptivos hormonais, podem desempenhar na carga geral de AVC isquêmico em mulheres jovens.

Leia também: Qual o risco de epilepsia pós-AVC?

Mais sobre a pesquisa

Foram relacionados na revista 16 estudos, que somados observaram 69.793 adultos jovens com AVC (33.775 mulheres + 36.018 homens), de mais de meia dúzia de países, incluindo os Estados Unidos, Canadá, França e Holanda.

Estudos de janeiro de 2008 a julho de 2021 publicados e indexados no PubMed, um dos maiores bancos de dados de pesquisa online do mundo gerenciado pela Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos foram revisados.

As pesquisas incluíram informações sobre qualquer tipo de acidente vascular cerebral, como acidentes vasculares cerebrais isquêmicos, AVC hemorrágico, ataque isquêmico transitório e acidentes vasculares cerebrais criptogênicos, para os quais nenhuma causa conhecida é identificada.

Vale lembrar que a maioria dos acidentes vasculares cerebrais observados era isquêmicos, representando 87% de todos os casos de acidentes vasculares cerebrais do mundo.

“Nossa descoberta sugere que derrames em adultos jovens podem estar acontecendo por razões diferentes dos derrames em adultos mais velhos. Isso enfatiza a importância de fazer mais estudos de AVC em grupos etários mais jovens, para que possamos entender melhor o que coloca as mulheres jovens em maior risco de AVC. Essa compreensão pode nos ajudar a fazer um melhor trabalho de prevenção e tratamento de acidentes vasculares cerebrais em jovens”, concluiu a coautora do estudo, Sharon N. Poisson, professora associada de Neurologia da Universidade do Colorado, em Denver, nos Estados Unidos.

*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED

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