Nova nomenclatura para doença hepática gordurosa

Sociedades e especialistas da área se reuniram para escolher novos nomes para doença hepática gordurosa não alcoólica e esteatose hepática não alcoólica.

A doença hepática gordurosa não alcoólica acomete cerca de 20-30% da população mundial. No entanto, os termos “não alcoólica” e “gordurosa” utilizados na nomenclatura atual são considerados por muitos autores como estigmatizantes e pouco refletem a fisiopatologia da doença. A linguagem pode criar ou exacerbar estigmas, marginalizar segmentos da população e, em última análise, contribuir para desigualdades na saúde.

Além disso, indivíduos com fatores de risco para doença hepática gordurosa, como diabetes tipo 2, e que consomem mais álcool do que os limiares relativamente rígidos usados para definir a natureza não alcoólica da doença, não são adequadamente reconhecidos pela nomenclatura existente, e excluídos dos ensaios clínicos e dos tratamentos existentes.

Dessa forma, a denominação vigente não reconhece a possibilidade de sobreposição de etiologias. Nesse sentido, diversas sociedades se reuniram para estabelecer uma nova nomenclatura. No total, 75% dos especialistas escolheram a nomenclatura doença hepática esteatótica associada a disfunção metabólica (MASLD) para substituir o termo doença hepática gordurosa não alcoólica e 88% esteatose hepática associada à disfunção metabólica (MASH) como termo substituto para esteatose hepática não alcoólica.

A sigla MetALD foi escolhida por 28% para representar um subgrupo específico de pacientes com MASLD que consomem 140-350 g/semana de álcool para mulheres e 210-420 g/semana para homens. Chegou-se ao consenso de que os pacientes com esteatose e qualquer um dos critérios cardiometabólicos descritos abaixo seriam considerados como tendo MASLD. É importante ressaltar que fazer um diagnóstico de MASLD não implica que outras causas de doença hepática esteatótica não precisem ser consideradas, o que é particularmente relevante em crianças, nas quais é imperativo excluir outras causas de esteatose hepática antes de aplicar os critérios de diagnósticos de MASLD.

Nova nomenclatura para doença hepática gordurosa

Critérios diagnósticos cardiometabólicos para pacientes adultos (pelo menos um de cinco):

1) IMC ≥ 25 kg/m² [≥ 23 Asia] OU circunferência da cintura > 94 cm (homens) ou 80 cm (mulheres) OU ajustados por etnia.

2) Glicemia de jejum ≥ 100 mg/dL OU glicemia duas horas pós prandial ≥ 140 mg/dL OU HbA1c ≥ 5.7% OU diabetes tipo 2 OU tratamento para diabetes tipo 2.

3) Pressão arterial ≥ 130/85 mmHg OU tratamento com anti-hipertensivo.

4) Triglicérides ≥ 150 mg/dL OU tratamento com hipolipemiante.

5) HDL ≤ 40 mg/dL  (homens) ou 50 mg/dL (mulheres) OU tratamento hipolipemiante.

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