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A definição de aborto espontâneo é o fim da gestação que ocorre até 24 semanas, resultando em morte e frequentemente expulsão do embrião ou feto. É o evento mais comum do início da gravidez, afetando até 1/5 de todas as gestações e está ligados principalmente a anormalidades cromossômicas do embrião.
Quando esse avento acontece de forma mais frequente, ele pode ser considerado aborto recorrente, e sua definição varia de acordo com as sociedades.
Por exemplo, a Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia considera aborto recorrente como aquele que ocorre duas vezes ou mais, de forma espontânea e consecutiva, ocorrendo em 1–2% dos casais. No entanto, muitos outros países adotaram o termo “aborto espontâneo recorrente” a partir do terceiro e não segundo evento espontâneo consecutivos, afetando 1% dos casais.
Extrapolando a quantificação exata do que seria sua definição, a condição é complexa e gera imenso comprometimento emocional para a mulher e o casal.
A sua causalidade foi atribuída a vários fatores, incluindo àqueles relacionados a anormalidades cromossômicas, imunológicas e imunogênicas, endocrinológicas, fragmentação de DNA no esperma, prejuízo na função biossensora do endométrio, bem como influências no estilo de vida. Infelizmente, porém, as investigações são normais para muitos casais e a causa acaba sendo considerada ‘inexplicada’ em cerca de 50% dos casos.
Enquanto o abortamento isolado esporádico está associado a um cariótipo embrionário anormal, à medida que o número de abortos consecutivos aumenta, a frequência de cariótipo embrionário anormal diminui significativamente. Isso sugere que o impacto do estilo de vida pode ser mais significativo na população em que o evento é recorrente.
A literatura já apresenta evidências de que o ambiente intrauterino peri-implantação é um determinante chave do desenvolvimento embrionário pré-implantação e da programação inicial. Por exemplo, diferenças na dieta de uma mulher podem alterar significativamente o ambiente de aminoácidos no fluido uterino humano.
A Revista Nature publicou uma revisão sistemática e meta análise no final de março deste ano de 2021 objetivando identificar quais os fatores externos, estilo de vida, poderiam se relacionar ao aborto recorrente.
Foram incluídos 16 estudos contemplando revisões sistemáticas e meta análises e chegou-se às seguintes conclusões:
Leia também: Hipotireoidismo e abortamento de repetição, há correlação?
Os estudos atuais são heterogêneos , houve muita dificuldades em agrupar os dados devido a inconsistências na metodologia e relatórios. Não foi encontrado sequer um ensaio clinico randomizado.
Portanto, há uma necessidade de estudos observacionais ou clínicos maiores que abordem os efeitos da dose do álcool, tabagismo e cafeína, qualidade da dieta, e prática de exercícios físicos nestes pacientes.
Referência bibliográfica:
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