O que a exposição à RM com gadolínio durante a gravidez pode acarretar ao feto e neonato?

Um estudo trouxe uma nova avaliação da repercussão feto materna do uso de RNM em gestações com mais de 20 semanas.  

A avaliação por imagem durante a gravidez é fundamental para diagnósticos e acompanhamentos mesmo de uma gravidez de baixo risco. A ultrassonografia tem sido o método de preferência por seu baixo custo, acesso fácil e rápido. Entretanto, nos últimos anos o uso da ressonância magnética tem ganhado prevalência, por não apresentar contato com radiação ionizante e oferecer melhor acurácia diagnóstica em relação ao USG.  

Contudo, o uso do gadolínio como contraste não seria isento de complicações para o binômio materno–fetal. Os riscos para o feto podem ser englobados em quatro categorias: riscos biológicos pelo campo magnético, risco pela radiofrequência, depósito de energia e injuria acústica. Poucos estudos ainda estão disponíveis para conclusões, mas não se evidenciou sinais de sofrimento fetal ou lesões intraútero pela exposição ao gadolínio apesar de poucas descrições de condições reumatológicas, inflamatórias e infiltrações de pele sendo descritas.  

Um estudo, recentemente publicado no American Journal of Obstetrics & Gynecology de 10 de outubro, trouxe uma nova avaliação da repercussão feto materna do uso de RNM em gestações com mais de 20 semanas.  

ressonância

Métodos

Em um estudo retrospectivo de mais de 11 milhões de gestantes de 1999 a 2014 submetidas a RNM com e sem uso de gadolínio. Foi necessário estar incluídas no MEDICAID (sistema de saúde) 90 dias antes da concepção até pelo menos 30 dias após o parto para entrar no trabalho. Mulheres com neoplasias prévias à gravidez, gestações múltiplas ou exposição a drogas teratogênicas no pré-natal foram excluídas, para não confundir nas mortes fetais. Os desfechos estudados morte fetal após 20 semanas ou neonatal e como desfecho secundário admissão em Unidades Intensivas Neonatais em até sete dias após nascimento.  

Um total de 782 gestantes foram expostas a RNM com gadolínio e 5.209 fizeram RNM sem gadolínio. As indicações mais comuns foram para avaliação fetal após exposição a teratógenos para diagnóstico anatômico fetal.  

Resultados

Encontraram 11 (1,4%) mortes fetais e neonatais no grupo com gadolínio e 73 (1,4%) no grupo sem gadolínio. As mortes foram principalmente pela prematuridade, sem relação com cromossomopatias. Admissão na UTI neonatal permaneceu 7,7% e 8,8% nos grupos com e sem gadolínio respectivamente, compatível com e média esperada.

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Conclusão

O estudo conclui que ainda existe segurança para o uso do gadolínio se necessário na gravidez para RNM. Entretanto deve-se seguir o protocolo das Sociedades relacionadas e restringir ao necessário seu uso uma vez que com os devidos ajustes estatísticos, não é possível garantir completa segurança ainda. Mais estudos são necessários.

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • Winterstein AG, Thai TN, Nduguba S, Smolinski NE, Wang X, Sahin L, Krefting I, Gelperin K, Bird ST, Rasmussen SA, Risk of fetal/neonatal death or neonatal intensive care unit admission associated with gadolinium magnetic resonance imaging exposure during pregnancy, American Journal of Obstetrics and Gynecology (2022), doi: https://doi.org/10.1016/j.ajog.2022.10.005.