O que determina a persistência de biológicos nos pacientes com artrite psoriásica?

A artrite psoriásica (PsA) é a manifestação extracutânea mais frequente da psoríase, acometendo cerca de 25% dos casos.

Com o desenvolvimento de diversos biológicos, a resposta ao tratamento e o prognóstico da artrite psoriásica (PsA) melhoraram substancialmente nos últimos anos. Dentre os biológicos atualmente prescritos para PsA, temos incluídos os anti-TNF, anti-IL-12/23, anti-IL-17 e anti-IL-23, além de novos DMARDs sintéticos, como inibidores da JAK e apremilaste (indisponível no Brasil).

Estudos prévios de grandes registros nacionais avaliaram a persistência apenas de anti-TNF na artrite psoriásica. Desse modo, dados relativos aos outros biológicos ainda são escassos.

Com base nessa premissa, Rida et al. analisaram os dados acerca do uso de biológicos em um centro especializado no tratamento da PsA por um período de 20 anos.

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O que determina a persistência de biológicos nos pacientes com artrite psoriásica

Métodos do estudo sobre artrite psoriásica

A Toronto Western Hospital PsA Clinic segue pacientes com PsA utilizando um protocolo estruturado desde 1978. Esse estudo é uma coorte retrospectiva, que incluiu apenas pacientes em uso de terapias avançadas durante o período de 01/01/2000 a 07/07/2020. Como os dados com outros biológicos eram escassos (pelo seu lançamento mais recente), foram incluídos dados de 5 anti-TNF e 2 anti-IL-17.

Cada paciente poderia contribuir com múltiplos cursos de biológicos. Caso o paciente tenha feito 2 cursos de um mesmo biológico com um intervalo < 180 dias, ele foi considerado como um curso único.

Resultados

Foram incluídos 571 pacientes (cerca de 57% do sexo masculino, com idade média de cercad de 48 anos). Os medicamentos mais prescritos foram: etanercepte (39%), adalimumabe (27%), anti-IL-17 (13%), infliximabe (8%), golimumabe (7%) e certolizumabe (5%).

Como primeiro biológico, o certolizumabe apresentou a maior probabilidade de retenção até 3 anos de tratamento (RR 0,80, IC95% 0,52-1,00), enquanto que os anti-IL-17 foram os com menor probabilidade de retenção (RR 0,48, IC95% 0,28-0,81).

Saiba mais: Devemos associar DMARDs sintéticos convencionais aos anti-TNF no tratamento da artrite psoriásica?

Apesar disso, quando utilizado como segundo biológico, o certolizumabe foi o que apresentou a menor probabilidade de retenção (RR 0,23, IC95% 0,09-0,62), mesmo após controle para viés de seleção.

Na tentativa de identificar preditores para descontinuação ou não, os autores encontraram que pacientes mais velhos apresentaram maior chance de interromper as medicações por eventos adversos. Depressão e ansiedade se associaram com uma menor retenção; ao contrário, maior grau de instrução aumentou a retenção.

Considerações sobre biológicos na artrite psoriásica

Esse estudo traz informações interessantes a respeito das taxas de retenção dos biológicos na PsA. De maneira geral, os anti-TNF tiveram taxas de retenção melhores do que os anti-IL-17. No entanto, por se tratar de um estudo observacional de centro único, não é possível tirar conclusões definitivas a esse respeito.

Um fato interessante é que o certolizumabe, quando iniciado como primeira droga, apresentou as melhores taxas de retenção no estudo.

Conclusão e mensagem prática

Levando em consideração o custo mais baixo dessa medicação em relação às demais (considerando as médias históricas dos produtos originadores), isso pode ser um estímulo à utilização dessa medicação nesse contexto. No entanto, com a chegada de vários biossimilares no mercado (não disponíveis em grande parte do período analisado), esse cenário pode ser diferente.

Além disso, alguns fatores que influenciaram nas taxas de retenção são modificáveis e podem ser alvo de intervenção terapêutica pelo médico assistente, com potencial impacto nessas taxas.

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • Rida M-A, Lee, K-A, Chandran V, et al. Persistence of biologics in the treatment of psoriatic arthritis: data from a large hospital-based longitudinal cohort. Arthritis Care Res. 2023. DOI: 10.1002/acr.25112.