O que é, como solicitar e qual é a única técnica laboratorial validada, até o momento, para coronavírus?

A PCR, originalmente, foi uma técnica desenvolvida para a amplificação do DNA, e o coronavírus é composto de material genético RNA. Qual estratégia usar?

As técnicas iniciais de biologia molecular, descritas na década de 80, revolucionaram a área de medicina laboratorial, abrindo um horizonte de infinitas possibilidades, além do diagnóstico das doenças em si.

Existem várias estratégias para a amplificação de ácidos nucleicos, sendo a reação em cadeia da polimerase, do inglês polymerase chain reaction (PCR) a principal delas. Basicamente, essa técnica consiste em uma reação química in vitro, na qual, por meio de processos enzimáticos (DNA polimerase), há a síntese de cópias sequenciais do DNA alvo.

A amplificação se dá por meio de ciclos, cada qual composto por três etapas: desnaturação do DNA alvo, ligação dos primers às sequências específicas, e extensão dos primers. Um aparelho termociclador é utilizado para que cada fase do ciclo seja realizada a uma temperatura ideal pré-determinada, e avançados programas de computador analisam os resultados gerados.

PCR para coronavírus

Na medida em que a PCR, originalmente, foi uma técnica desenvolvida para a amplificação do DNA, e o SARS-Cov-2 ser um vírus composto de material genético RNA, uma outra estratégia deve ser utilizada para sua amplificação. Uma transcrição reversa, a partir de alvos de RNA, é realizada para a produção de um DNA complementar (DNAc), e desse DNAc é que ocorre a amplificação. Essa técnica é conhecida como PCR pós-transcrição reversa, do inglês reverse transcription PCR (RT-PCR).

De um modo geral, no caso do SARS-CoV-2, a metodologia avalia a amplificação de três marcadores (gene RdRP, gene N e gene E). Na presença dos três marcadores, o resultado é reportado como detectado. Se apenas um ou dois marcadores forem detectados, o resultado pode ser reportado como inconclusivo.

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Qual é a metodologia indicada?

A reação em cadeia da polimerase com transcrição reversa em tempo real (rRT-PCR) é considerada a metodologia “padrão ouro” para o diagnóstico da Covid-19, única técnica validada até o momento, embora também tenha suas limitações. Por conta da sua realização em tempo real, algumas etapas da PCR ocorrem simultaneamente, no mesmo tubo. Dessa maneira, as manipulações pós-amplificação são eliminadas do processo, diminuindo a possibilidade de contaminação e reduzindo a poucas horas a reação completa.

Em virtude do alto custo de aparelhos, insumos e da necessidade de pessoal e treinamento especializados, poucos laboratórios no Brasil estão aptos a realizar esse tipo de técnica.

O turnaroud time, ou seja, o período que vai desde a coleta do material, passando pela fase de transporte, armazenamento e análise propriamente dita, até a liberação do resultado final, pode corresponder à um período de 24 a 48 horas (dependendo da demanda e capacidade de processamento do laboratório).

Como solicitar?

É indicado a descrição completa no pedido médico, com indicação, a fim de evitar erros de interpretação na etapa do cadastramento do exame. Em muitos casos, a pessoa responsável por alimentar o sistema de informática laboratorial com as solicitações, não é um profissional formado na área de saúde. Atentar que uma solicitação isolada de “PCR” pode ser inadvertidamente cadastrada como “proteína c-reativa” (que também possui a sigla “PCR”). Orientamos a solicitar “RT-PCR para SARS-CoV-2”, com indicação e dados clínicos do paciente.

Nos últimos dias, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a comercialização de um total de 17 kits para o diagnóstico in vitro do SARS-CoV-2. A maioria deles, porém, utiliza a técnica imunocromatográfica para a detecção de anticorpos (IgM e IgG) no sangue dos pacientes, conhecidos como “testes rápidos”. Esses ensaios ainda estão sendo avaliados quanto ao seu desempenho, e seus resultados (especialmente os negativos) devem ser interpretados com cautela, nesse momento.

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