Obesidade em crianças e a pandemia do novo coronavírus

Cientistas de Nova York acreditam que o fechamento de escolas devido à pandemia da Covid-19 exacerbará a epidemia de obesidade infantil nos Estados Unidos.

Segundo Rundle e colaboradores, cientistas em saúde pública de Nova York, o fechamento de escolas devido à pandemia da doença pelo novo coronavírus (Covid-19) exacerbará a epidemia de obesidade infantil nos Estados Unidos. As perspectivas dos pesquisadores estão descritas no artigo “Covid‐19 Related School Closings and Risk of Weight Gain Among Children”, publicado no jornal Obesity da Obesity Society.

Obesidade infantil e coronavírus

No texto, os pesquisadores destacam que, devido à pandemia, muitas escolas e sistemas escolares nos Estados Unidos não devem reabrir no ano letivo americano. Os pesquisadores preveem que a pandemia provavelmente dobrará o tempo fora da escola este ano para muitas crianças no país e exacerbará os fatores de risco para ganho de peso.

O artigo enfatiza que as crianças experimentam ganho de peso não saudável, não durante o ano letivo, mas principalmente durante os meses de verão, em que estão fora da escola. Esse ganho de peso é particularmente aparente para jovens latino-americanos e afro-americanos e crianças já com excesso de peso. Rundle e equipe frisam que o peso ganho durante os meses de verão é mantido durante o ano letivo e acumula a cada verão. Em longo prazo, a obesidade experimentada na infância está associada a um maior peso na idade adulta.

Dados apresentados

Os pesquisadores argumentam que o fechamento das escolas e as ordens de isolamento criam desafios alimentares e de atividade física para as crianças. Anualmente, mais de 30 milhões de crianças recebem almoços escolares gratuitos ou subsidiados. E, entre as famílias elegíveis, as taxas de insegurança alimentar são mais altas nos meses de verão. Projeções feitas pelos pesquisadores na Filadélfia demonstram que apenas três dias de fechamento das escolas podem resultar em mais de 405.000 refeições perdidas entre crianças em idade escolar. A insegurança alimentar tem sido associada ao risco de obesidade e ganho de peso. Os pesquisadores acreditam que a insegurança alimentar aumente para as crianças durante a pandemia, embora muitas comunidades estejam implementando meios inovadores para continuar o almoço.

Outro ponto abordado pelos pesquisadores é que as famílias estocam alimentos estáveis nas prateleiras, e acabam comprando alimentos ultraprocessados e densos em calorias. Rundle e colegas comentaram sobre suas próprias experiências em supermercados: junto com as prateleiras que continham farinha, arroz e feijão, as prateleiras que guardavam bolachas, batatas fritas, macarrão ramen, refrigerante, cereais açucarados e processados prontos para comer, estão bastante vazias. Embora o estoque de alimentos estáveis nas prateleiras seja claramente uma necessidade de preparo e ajude a minimizar as saídas de casa, os cientistas acreditam que muitas crianças experimentarão dietas mais calóricas durante a pandemia.

Leia também: Coronavírus e crianças em vulnerabilidade: quais os impactos da pandemia?

Dificuldades

Além disso, obviamente, o isolamento social e permanência em casa em cidades reduzem as oportunidades de atividade física, particularmente em áreas urbanas. Atividades sedentárias e tempo de tela devem se expandir. O uso de videogames online já está aumentando. Embora parques e playgrounds permaneçam abertos em algumas cidades, há uma percepção generalizada de que não é possível mantê-los limpos e que as crianças terão dificuldade em manter distância social. Portanto, as famílias urbanas podem, compreensivelmente, optar por não usar esses espaços. Isso exacerbaria a disparidade entre aqueles que podem/não podem permanecer fisicamente ativos ao ar livre.

Proposições

Algumas intervenções foram propostas pelos pesquisadores para reduzir fatores de risco para ganho de peso prejudicial durante o fechamento das escolas:

  • Alguns distritos escolares estão oferecendo refeições rápidas aos alunos nas dependências da escola ou através de ônibus que circulam em suas rotas regulares. Abordar a insegurança alimentar provavelmente trará benefícios em longo prazo para a saúde infantil;
  • Mercados de agricultores, que geralmente fornecem produtos étnicos e especiais e alimentos preparados valorizados pelas comunidades de imigrantes. Como tal, cidades e estados devem considerá-los como parte de serviços alimentares essenciais, mas também criar planos de distanciamento social para esses mercados;
  • À medida que as escolas desenvolvem sua capacidade de ensino à distância, elas devem priorizar a educação física, com planos de aulas em casa para atividades físicas.

Referências bibliográficas:

  • Rundle AG, et al. Covid-19 Related School Closings and Risk of Weight Gain Among Children. Obesity, 2020. doi:10.1002/OBY.22813

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