OMS atualiza recomendações para a vacina contra o HPV

A nova recomendação reflete preocupações com a lenta introdução da vacina contra o HPV nos programas de imunização e baixa cobertura geral.

As recomendações para a vacina contra o HPV (papilomavírus humano) foram atualizadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Em novo documento, a entidade afirma que um esquema de dose única pode oferecer eficácia e durabilidade de proteção comparáveis a um esquema de duas doses. Os achados são fruto de uma reunião do Grupo Consultivo Estratégico de Peritos em Imunização da OMS (SAGE, na sigla em inglês), realizada entre os dias 4 e 7 de abril.

Conforme a Organização, a descoberta pode ser um divisor de águas para a prevenção da doença, uma vez que a dose única poderia ser aplicada em um número maior de mulheres. A OMS afirma que o câncer do colo do útero é altamente evitável, sendo uma doença de desigualdade de acesso.

OMS atualiza recomendações para a vacina contra o HPV

Baixa adesão em campanhas de vacinação

Embora a vacina seja uma das principais formas de prevenção, o percentual de pessoas imunizadas vem caindo mundialmente. Flávia Miranda Corrêa, consultora médica da Fundação do Câncer, avalia que são diversos os motivos para a baixa adesão.

“O foco foi colocado em evitar o vírus sexualmente transmissível, quando o foco tem que ser deslocado para a prevenção do câncer. Outra dificuldade é fazer a vacinação nas escolas no país e a terceira questão é mais relacionada ao movimento antivacinação que não é exclusivo no Brasil”, explicou.

No Brasil, desde 2014, quando a vacina HPV foi implementada no calendário nacional de vacinação, o fornecimento é feito com a vacina quadrivalente, oferecida gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

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Segundo o Ministério da Saúde, a vacina HPV é indicada para meninas e meninos de 9 a 14 anos, sendo altamente eficaz nos adolescentes dessa faixa etária não expostas aos tipos de HPV 6,11,16 e 18, induzindo a produção de anticorpos em quantidade muitas vezes maior do que a encontrada em infecção naturalmente adquirida num prazo de dois anos.

A época mais favorável para a vacinação é nesta faixa etária, de preferência antes do início sexual, ou seja, antes da exposição ao vírus. O Brasil é um dos países que oferece a vacina para as faixas etárias mais extensas e foi um dos primeiros da América Latina a incorporar os meninos na vacinação.

Em nota, o Ministério da Saúde informou que o Programa Nacional de Imunizações acompanha a discussão e está aguardando a conclusão de outros estudos sobre a duração da imunidade com dose única e levará esse assunto para discussão já no primeiro semestre de 2023.

Orientações da OMS

A OMS recomenda a atualização dos esquemas de dose para HPV da seguinte forma:

  • Esquema de uma ou duas doses para o alvo primário de meninas de 9 a 14 anos;
  • Esquema de uma ou duas doses para mulheres de 15 a 20 anos;
  • Duas doses com intervalo de seis meses para mulheres com mais de 21 anos.

Os indivíduos imunocomprometidos, incluindo aqueles com HIV, devem receber três doses, quando possível, ou no mínimo duas doses, uma vez que as evidências sobre a eficácia de uma dose única neste grupo ainda são limitadas.

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“Acredito firmemente que a eliminação do câncer do colo do útero é possível. Em 2020, a Iniciativa de Eliminação do Câncer Cervical foi lançada para enfrentar vários desafios, incluindo a desigualdade no acesso a vacinas. Essa recomendação de dose única tem o potencial de nos levar mais rápido ao nosso objetivo de ter 90% das meninas vacinadas aos 15 anos até 2030”, comentou a diretora-geral adjunta da OMS, Princess Nothemba (Nono) Simelela.

Este texto foi revisado pela equipe médica do Portal PEBMED.

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