A disfunção orgânica grave e irreversível muitas vezes cursa com a necessidade de realização de transplantes de órgãos com a necessidade de doadores, que podem ser vivos ou cadavéricos. Em ambas as situações a disponibilidade de doadores é o maior limitante para a realização dos transplantes. Diversos são os pacientes que agravam seu quadro ou acabam falecendo enquanto aguardam um órgão compatível.
Existem duas alternativas que, em teoria, poderiam suplantar a escassez de órgãos disponíveis: o uso de órgãos artificiais e a utilização de doadores não humanos bio-compatíveis. Ambas, infelizmente, estão longe de um uso rotineiro e duradouro. Os corações artificiais, por exemplo, são utilizados na maioria das vezes como “ponte” para um transplante em pacientes críticos.
A importância deste assunto é tão grande que existe uma sociedade nos Estados Unidos que discute especificamente a utilização e desenvolvimento de órgãos internos artificiais anualmente desde 1955. A revista científica Artificial Organs publicou um relatório com os principais destaques e novidades da 67ª reunião anual da American Society of Artificial Internal Organs, que ocorreu em Chicago neste ano.
Suporte circulatório
Foram apresentados dispositivos de suporte ventricular que pode ser implantado de forma percutânea para o ventrículo esquerdo e também suportes para o ventrículo direito de forma duradoura. As novas tecnologias de sensores permitem que os dispositivos de suporte ventricular desenvolvam um controle mais fino e melhores resultados. Nessas sessões foram discutidas e apresentadas novas ligas metálicas de titânio com uma melhor hemocompatibilidade assim como soluções de purga dos dispositivos.
Pediatria
Na pediatria também foram discutidos diversos modelos transportáveis de suporte circulatório e como isto também pode influenciar a qualidade de vida destas crianças. Na mesa também foi aberta a discussão sobre o uso de oxigenadores do tipo placenta artificial no manejo desta população.
Bioengenharia
Foi apresentado o primeiro pulmão microfluido impresso em 3D, que possui características semelhantes aos alvéolos pulmonares reais. Um outro dispositivo de suporte, totalmente portátil provou sua funcionalidade para pacientes com hipertensão pulmonar. Próteses de ePTFE recobertas por uma camada de carbono semelhante ao diamante, melhora o desempenho e a degradação quando comparada às próteses ePTFE convencionais.
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Renal
Na sessão renal, além da discussão sobre acessos vasculares para diálise, foi discutido o uso de rins bioartificiais. Talvez um dos órgãos artificiais mais utilizados são as máquinas de diálise e seus diferentes tipos de membranas foram apresentados e discutidos.
Mensagem prática
Ainda não conseguimos mandar construir um órgão específico para um determinado pacientes. No entanto, é crucial o desenvolvimento de técnicas e materiais para que um dia possamos literalmente fabricar um órgão desejado. Somente com pequenos avanços diários poderemos um dia usufruir das mais complexas biotecnologias.