Percepção das mães quanto à icterícia de seus bebês recém-nascidos

Ensinar as mães a avaliar visualmente seus bebês quanto à icterícia neonatal demonstrou ser viável, de acordo com estudo recente publicado.

Ensinar as mães a avaliar visualmente seus bebês quanto à icterícia neonatal demonstrou ser viável, de acordo com o estudo Validity of maternal visual assessment of neonatal jaundice: a hospital-based study in Thailand, publicado no jornal Paediatrics and International Child Health

A hiperbilirrubinemia é uma causa comum de admissão hospitalar de recém-nascidos (RN) e a avaliação visual materna da icterícia pode reduzir visitas desnecessárias ao hospital. Dessa forma, esse estudo realizado na Tailândia teve o objetivo de investigar a validade da avaliação visual materna da icterícia para identificar RN com hiperbilirrubinemia que requerem fototerapia ou que apresentam hiperbilirrubinemia significativa ≥ 239,4 µmol/L (14 mg/dL). 

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Representação de uma das mães do estudo que as ensinou a identificar icterícia em bebês

Metodologia

Os pesquisadores conduziram um estudo prospectivo em um hospital universitário em Bangkok, no período entre abril e novembro de 2017. Na chegada à enfermaria de pós-parto, os enfermeiros informaram as mães sobre o estudo. As mães elegíveis receberam um panfleto sobre icterícia neonatal e foram informadas de que poderiam comparecer à aula de aconselhamento e treinamento do dia seguinte, independentemente de sua decisão de participar do estudo. O investigador principal montou uma pequena classe de três a cinco mães durante 24 a 48 horas após o parto. Os objetivos da aula eram aconselhar as mães sobre a importância da icterícia neonatal e a prevenção do kernicterus, além de treiná-las sobre como avaliar visualmente a extensão da icterícia em seus bebês. As mães foram treinadas para avaliar a icterícia neonatal usando as palmas das mãos de seus RN como referência de cor da pele.

A decisão de medir bilirrubina transcutânea (transcutaneous bilirubin – TcB) ou microbilirrubina (microbilirubin – MB) sérica foi feita pelos médicos assistentes, sem qualquer influência dos pesquisadores. As mães de bebês que tiveram TcB ou MB sérica realizadas foram recrutadas para o estudo. Mães treinadas que não tinham conhecimento desses valores em seus bebês os avaliaram e relataram ‘icterícia’ ou ‘sem icterícia’, além de determinar a gravidade usando zonas dérmicas (a zona dérmica definida foi a zona mais distal em que a icterícia foi detectada).

Resultados

Os resultados demonstraram que todas as mães eram de nacionalidade tailandesa, com idade média de 27,8  anos. Os níveis de escolaridade materna eram: ensino médio ou menos (56,7%), certificado profissional (19,4%) e bacharelado ou mais (23,9%). Oitenta e nove crianças (49,4%) eram do sexo masculino. A média da idade gestacional foi de 38,5  semanas e a média do peso ao nascer foi de 3083,3g. A idade média (mín/máx) dos bebês quando foram avaliados visualmente para icterícia pela primeira e segunda vez foi de 3 e 5 dias (4/9), respectivamente. O tempo médio entre a avaliação visual materna e a medição de TcB ou MB sérica foi de 30 minutos.

Os pesquisadores observaram que, em 180 mães, o valor mediano (min/máx) da TcB ou MB sérica em seus bebês foi de 177,8 micromol/L. A sensibilidade e os valores preditivos negativos da avaliação materna para detectar hiperbilirrubinemia que necessitou de fototerapia foram 91,7% e 96,6%, respectivamente. Já para identificar hiperbilirrubinemia significativa foram 92,9% e 96,6%, respectivamente. A precisão do relato materno de zonas dérmicas para os níveis de MB sérica foi de 44,5%. Em 56 bebês que receberam uma segunda avaliação, a sensibilidade da avaliação materna para detectar aumento de TcB ou MB sérica foi de 93,9%.

Saiba mais: Como fazer a abordagem inicial da icterícia neonatal?

Limitações

Os pesquisadores descreveram que limitações do estudo incluem o baixo nível de MB sérica nos RN recrutados, o número relativamente pequeno de RN que foram avaliados duas vezes e o fato de que este estudo não se aplica a RN prematuros e doentes. Além disso, o cálculo do tamanho da amostra com base na precisão e não na sensibilidade pode ser outra limitação. Dessa forma, mais estudos são necessários para confirmar os achados deste estudo, e para estabelecer se a avaliação visual materna pode diminuir com segurança as visitas ambulatoriais para RN ictéricos.

Conclusões

Esse estudo mostra que ensinar as mães a usar as palmas das mãos de seus bebês RN como uma referência de sua própria cor da pele e zonas de icterícia dérmica de Kramer para avaliá-los sistematicamente nas zonas dérmicas 1-5 e monitorar a progressão da icterícia é viável. As mães do estudo puderam definir seu bebê como ‘ictérico’ quando a MB sérica era ≥ 239,4 micromol/L, e também puderam definir quando esses valores aumentaram durante o período de acompanhamento.

Referências bibliográficas:

  • Kittiarpornpon V, Ngerncham S, Plumjit S. Validity of maternal visual assessment of neonatal jaundice: a hospital-based study in Thailand. Paediatr Int Child Health. 2020 Nov;40(4):242-247. doi: 10.1080/20469047.2020.1816670. Epub 2020 Sep 29. PMID: 32990182

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