Pneumonia nosocomial: qual a eficácia do ceftolozane-tazobactam?

Pneumonia nosocomial é uma das principais infecções associadas à assistência à saúde e apresenta alta mortalidade, que pode chegar de 20 a 50%.

Pneumonia nosocomial é uma das principais infecções associadas à assistência à saúde e apresenta alta mortalidade, que pode chegar de 20 a 50%. Quando são causadas por bactérias multirresistentes, o risco de morte é ainda maior.

A combinação ceftolozane-tazobactam é um novo antimicrobiano que já estava aprovado para uso em infecções do trato urinário ou intra-abdominais e que possui atividade in vitro contra bactérias que são agentes frequentes de pneumonia nosocomial, incluindo Pseudomonas aeruginosa multirresistente e enterobactérias produtoras de ESBL.

Além disso, estudos iniciais mostraram boa penetração em parênquima pulmonar. Essas características levaram a estudos visando a avaliar sua eficácia e segurança para o tratamento de pneumonia nosocomial. Recentemente, os resultados do estudo de fase 3 que levou à aprovação pelo Food and Drug Administration (FDA) do uso de ceftolozane-tazobactam para essa indicação foram publicados na The Lancet Infectious Diseases.

Uso do ceftolozane-tazobactam na pneumonia nosocomial

O ASPECT-NP foi um estudo de não inferioridade duplo-cego, randomizado e controlado que envolveu 119 hospitais em 29 países e avaliou 726 pacientes intubados (dos quais 362 receberam 3 g de ceftolozane-tazobactam e 364 receberam 1 g de meropenem, em infusão de 1h, de 8/8h) com diagnóstico de pneumonia nosocomial ou pneumonia associada à ventilação mecânica.

O tempo de tratamento variou de 8 a 14 dias, a critério da equipe assistente, e os pacientes poderiam receber terapia adjuvante com antibióticos com atividade contra MRSA ou com até 72h de amicacina nos locais em que a prevalência de P. aeruginosa resistente a carbapenêmicos fosse maior do que 15%.

As características clínicas e demográficas dos pacientes foram semelhantes entre os grupos, assim como o tempo de tratamento e o uso de terapia adjuvante. A mortalidade em 28 dias foi de 87/362 no grupo do ceftolozane-tazobactam (24%) e de 92/364 no grupo do meropenem (25,3%), o que preencheu o critério de não inferioridade definido no estudo.

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Ceftolozane-tazobactam também foi não inferior na análise de proporção de cura clínica. Os resultados se mantiveram nas análises por subgrupos, incluindo pacientes com uso de terapia adjuvante, nos com aumento de TFG e nos com falha terapêutica prévia. As taxas de erradicação microbiológica e a taxa de descontinuação de terapia por eventos adversos foram semelhantes entre os grupos.

Eventos adversos graves foram mais comuns no grupo do ceftolozane-tazobactam do que no grupo do meropenem (42 vs. 36%, respectivamente).

Conclusões

Vale destacar que em ambos os grupos apresentaram alta mortalidade, o que demonstra a gravidade desse tipo de infecção e a necessidade de adesão a suas medidas de prevenção. Outro ponto importante é o uso de meropenem 1 g, 8/8h, em infusão de 1h como comparador, posologia que não é considerada a mais otimizada em termos de farmacocinética e farmacodinâmica.

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Entretanto, os autores consideram que posologias diferentes dificilmente alterariam os resultados dado que a mais de 90% dos patógenos isolados no grupo do meropenem apresentavam MIC baixo (1 mcg/mL).

Assim, após as análises finais, os resultados sugerem que a combinação ceftolozane-tazobactam em doses elevadas é uma opção eficaz e segura para o tratamento de pneumonia nosocomial, incluindo pneumonia associada à ventilação mecânica.

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Referências bibliográficas:

  • Kollef MH,  et al. Ceftolozane-tazobactam versus meropenem for treatment of nosocomial pneumonia (ASPECT-NP): a randomize, controlled, double-blind, phase 3, non-inferiority trial. Lancet Infect Dis 2019 Published Online September 25, 2019 https://doi.org/10.1016/S1473-3099(19)30403-7
  • Novo antimicrobiano parece eficaz contra pneumonia nosocomial – Medscape – 25 de outubro de 2019.

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