O pré-natal do parceiro é uma das formas de incluir os homens na paternidade consciente e ativa, além de promover ações de saúde para esse público que frequenta tão pouco as unidades de saúde. A inclusão dos parceiros visa à quebra de paradigmas, tendo em vista que, o planejamento reprodutivo e cuidados a família estiveram por tanto tempo vinculado apenas à mulher.
Importância da participação
A gestação é marcada por mudanças psicológicas tanto para as mulheres como para os homens. Ambos acrescentam ao papel de companheiro e companheira o de pai e mãe. Tal alteração é um marco do desenvolvimento do casal. E, em casos de desequilíbrios pode levar a crises emocionais, emoções instáveis, e até sintomas físicos como ganho de peso, enjoos, dentre outros que caracterizam a Síndrome de Couvade.
Embora exista uma tendência dos pais participarem mais ativamente do pré-natal e nascimento nos últimos anos, observamos na prática que muitos ainda não são incluídos no pré-natal do parceiro, conforme preconizado pela Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH) em 2009. O mesmo inclui acolhimento do parceiro desde a suspeita da gravidez, perpassando a oferta de testes rápidos de sífilis e HIV e aconselhamento, a atualização do cartão de vacina, a participação de atividades educativas, consultas e exames, e a participação no momento do parto.
Saiba mais: Exposição pré-natal ao álcool e efeitos adversos nos filhos
Ademais, é necessário pensar nesse cuidado para além dos preceitos biológicos e heteronormativos, considerando os diversos arranjos familiares existentes e possibilidades de vivências de paternagem. E, em todos os casos, o profissional de saúde deve respeitar a decisão da mulher de ser ou não acompanhada pelo parceiro nessas consultas.
Mensagem final
Portanto, os principais desafios e soluções são a mudança de paradigma de cuidados na atenção de pré-natal. Nesse cenário, o profissional focará no trinômio pai-mãe-criança e não no apenas binômio mãe-criança. Contudo, é a partir dessas cisões de conhecimentos que nós, enfermeiras, avançaremos para a visão holística do indivíduo e entenderemos que a nossa profissão não cabe na visão biomédica. Que tal chamar o companheiro da gestante para próxima consulta de pré-natal e orientá-lo sobre os serviços disponíveis no serviço e seus direitos?
Referências bibliográficas:
- Herrmann A, et al. Guia do Pré-Natal do Parceiro para Profissionais de Saúde. Rio de Janeiro: Ministério da Saúde, 2016.
- Maldonado MT. Psicologia da gravidez: gestando pessoas para uma sociedade melhor. São Paulo: Ideias & Letras, 2017.