Predominância de terapia tripla após angioplastias com stent em portadores de fibrilação atrial

Estudo avaliou a conduta predominante em casos de uso contínuo de anticoagulante após angioplastias com stent em portadores de FA.

O estudo AVIATOR 2 foi publicado no periódico EuroIntervention em junho de 2022 e objetivou apontar a conduta médica predominante em casos de uso contínuo de anticoagulante após angioplastias com stent em pacientes portadores de fibrilação atrial. Os dados desse estudo de coorte foram coletados através de questionário entre junho de 2015 e agosto de 2016, em momento até um ano após intervenções coronárias percutâneas (ICPs) com implante de stent. 

Um estudo semelhante, o PIONEER-AF-PCI, comparou uso da chamada terapia tripla, anticoagulante antagonista da vitamina K mais dois antiplaquetários (AAS e um inibidor P2Y12) com esquemas incluindo anticoagulante não antagonista da vitamina K (no caso, a rivaroxabana) em esquemas combinados com antiplaquetário(s). Esse estudo demonstrou que esquemas com rivaroxabana e antiplaquetário(s), conforme esquemas posológicos e temporais utilizados no estudo, possuíam a mesma eficácia de terapia tripla (com antagonista da vitamina K ou anticoagulante novo) por um ano, até então convencional, porém com menor incidência de complicações por sangramento, mesmo em esquemas testados por tempo reduzido (um, seis ou 12 meses). 

stent

Resultados

O registro AVIATOR 2 mostrou que, após angioplastia com stent em paciente portador de fibrilação atrial com indicação de uso contínuo de anticoagulante, a conduta médica mais procedida foi a chamada terapia tripla (um anticoagulante – AVK ou NAVK). Esse esquema foi prescrito pelos médicos participantes do estudo para 66,5% dos seus pacientes. Em segundo lugar apareceu a terapia antiplaquetária dupla – DAPT, em 20,7%; e a chamada “terapia dupla”, a qual incluía um anticoagulante novo e um agente antiplaquetário, em 12,8% dos pacientes. 

O registro mostrou que a escolha da terapêutica foi embasada na percepção clínica subjetiva dos médicos em relação a possíveis efeitos adversos e eficácia antitrombótica. Entre os fatores de decisão estavam a prevenção de trombose de stent, prevenção de embolia cardiogênica e a capacidade de evitar sangramentos. 

Não foram detectadas diferenças nos desfechos clínicos importantes (acidente vascular cerebral isquêmico, acidente vascular cerebral hemorrágico, trombose de stent, outros sangramentos clinicamente significativos) no período de um ano após a escolha da intervenção farmacológica pelo médico assistente do paciente. 

Discussão 

No inquérito aplicado aos médicos ficou evidente a preocupação desses profissionais em equilibrar risco de possíveis eventos adversos importantes, como sangramento cerebral ou outros sangramentos (segurança da intervenção) com a prevenção de trombose de stent e de embolia cerebral cardiogênica (eficácia da intervenção). Já na percepção dos pacientes, a maior preocupação observada no estudo foi o temor de possível acidente vascular cerebral isquêmico, mostrando claramente algum descompasso entre as expectativas dos médicos e as dos pacientes.

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Mensagem prática

O registro publicado, AVIATOR 2, clarifica e reforça a ideia já corrente no meio médico de que, na ausência de evidências de alto nível epidemiológico (ECRs), a percepção clínica subjetiva do médico, obviamente com excelente preparo técnico específico, se constitui em adequado guia de conduta para decisões complexas ainda não fortemente embasadas por evidências de alto valor científico-epidemiológico.

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • Antithrombotic strategy variability in atrial fibrillation and obstructive coronary disease revascularised with percutaneous coronary intervention: primary results from the AVIATOR 2 international registry. EuroIntervention 2022;18-online publish-ahead-of-print June 2022 

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