O tratamento da espondiloartrite axial (axSpA) sofreu uma grande revolução nas últimas décadas com a chegada dos medicamentos biológicos (bDMARDs) e sintéticos alvo-específicos (tsDMARD). Atualmente, os anti-TNF e os anti-IL-17A são as medicações de escolha para o tratamento desse grupo de doenças, mas novas moléculas, incluindo inibidores da JAK já estão sendo testadas com sucesso.
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Com novas opções terapêuticas, os esforços têm sido direcionados para a identificação precoce da doença, na tentativa de impedir ou reduzir a neoformação óssea e as consequentes progressão radiográfica e perda funcional. Nesse sentido, o ASAS, importante órgão internacional de estudo das axSpA, publicou um documento de consenso sobre a definição da espondiloartrite axial precoce.
Métodos
Foi realizada uma revisão sistemática sobre o tema, seguida de uma discussão dentro do grupo de trabalho do ASAS. Na sequência, o core minimum dataset foi enviado a todos os membros ASAS, que opinaram em 3 rodadas da metodologia Delphi. Os dados obtidos foram compilados pelo grupo de trabalho do ASAS e, por fim, apresentado no 2023 ASAS Annual Meeting para votação e endosso.
Resultados
Dentre os especialistas ouvidos (cerca de 150-160 em cada rodada), 81% concordaram com a necessidade de melhor definição de axSpA precoce, dada a heterogeneidade do uso desse termo na literatura. 91% foram favoráveis à adoção de critérios baseados na duração de sintomas, mas apenas 77% concordaram que os sintomas levados em consideração deveriam ser apenas os sintomas axiais (excluindo sintomas periféricos, entésicos e extra-articulares típicos da doença), para essa definição.
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Definição
A nova definição ASAS para axSpA precoce se refere aos pacientes com queixa de sintomas axiais (definidos como dor vertebral ou em nádegas ou rigidez matinal consideradas como relacionadas a axSpA após avaliação por um reumatologista), com início de sintomas há 2 anos ou menos.
Comentários
Essa é a primeira definição baseada em consenso de especialistas a respeito do termo axSpA precoce. Trata-se de um grande avanço para os estudos que serão conduzidos a partir desta data: com base na nova definição, novos estudos avaliando o impacto das medicações na prevenção de dano estrutural na espondiloartrite axial (axSpA) serão possíveis, trazendo dados mais robustos a esse respeito.
Por se tratar de uma definição consensual, obviamente que nem todos os especialistas concordaram com o que foi proposto. No entanto, pelo voto da maioria, essa será a definição utilizada pelo ASAS e é importante que os reumatologistas estejam atualizados nesse sentido, para que possam interpretar os estudos de maneira adequada.