No último mês algumas notícias relacionadas à queda do número de doações de sangue foram à tona em redes públicas e notícias no mundo. No Brasil, em São Paulo a meta mensal é coletar mais de 9,5 mil bolsas de sangue, porém, no último mês houve coleta de 1,5 mil bolsas a menos que essa meta. Essa situação foi registrada pela Pró-Sangue, que é fornecedora para mais de 100 hospitais da região e é referência no país.
A situação se repete em outros lugares, em Sorocaba houve queda de 50% de doações de sangue, no Distrito Federal a queda foi de 23%, impactando em níveis baixos ou críticos, havendo uma média de 126 bolsas por dia, quando a média é de 163. Belo Horizonte registra baixa nos estoques, havendo queda de 40% em algumas tipagens sanguíneas, principalmente o com fator Rh negativo.
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No Amazonas, a queda também foi de 50% no último mês, impactando diretamente no estoque e consequentemente na suspensão de procedimentos eletivos. Sendo assim, está acontecendo convocação para as pessoas de todos os tipos de sangue irem doar.
Contexto internacional
Fora do Brasil, a situação também é preocupante, o Reino Unido, Estados Unidos da América e Escócia estão em alerta, sendo a última com o pior histórico de baixa do século. A situação é triste e coloca os profissionais médicos no poder de decisão para quem receberá e quem não receberá a transfusão.
A diminuição do estoque traz mudanças na rotina dos Bancos de Sangue, pois a dispensa das bolsas são restritas, ou seja, se o estoque está baixo, a dispensa acaba acompanhando o estoque. Sendo assim, é importante que haja conscientização no uso do sangue, usando-o somente em casos de real necessidade e aguardando a administração naqueles que podem esperar, de acordo com o caso clínico. Casos a parte são avaliados e discutidos entre as instituições envolvidas.
Covid-19 e doação de sangue
Durante a pandemia, as doações diminuíram, tanto de sangue, quanto de órgãos, isso aconteceu em decorrência do isolamento social e do número de pessoas infectadas pela Covid-19 e também pela gripe. Em contrapartida, o número de pessoas transfundidas diminuiu em decorrência da queda de acidentes automobilísticos.
Cabe refletir que mesmo após a população quebrar o isolamento rigoroso e voltar à rotina, os números de doações continuam insatisfatórios, levando-nos à preocupação que a cultura de doação da corrente da vida esteja sendo abandonada. Com a proporção de contaminação da variante ômicron, a queda de doações continua preocupante, visto que aumentaram as restrições/isolamento e todos contaminados precisam aguardar o prazo de dez dias para irem doar.
Nesse contexto, o abastecimento regular é muito importante para manter os estoques e para que os atendimentos sejam mantidos sem preocupações ou possíveis prejuízos aos usuários, sendo assim é necessário que a população se conscientize e valorize a doação de sangue, ato humano, sem fins lucrativos que salva vidas.
A enfermeira Isabelle e o enfermeiro Juan, conteudistas do Nursebook deixam um recado para que possamos refletir sobre a doação de sangue:
“A doação de sangue é um ato humanitário e solidário. Embora seja um processo simples, requer que cada doador busque ser o protagonista para que a história de um semelhante dê continuidade. Doe sangue sempre que puder, salve vidas!”, diz Isabelle.
São essas falas, gestos e o fato de ajudar um semelhante que nos movem e ajudam a conscientizar a população a respeito da doação. É importante o constante investimento em campanhas, uso de mídias sociais, chamada da população aos hemocentros e educação social em escolas, faculdades e ambientes públicos, chamando a atenção para as consequências positivas do ato de doar.
Por fim, válido lembrar quem pode doar: pessoas acima de 50 kg, com bom histórico de saúde, com idade igual ou superior a 16 anos e até 69, com documento de identificação com foto, respeitando a frequência de quatro doações anuais para homens e três para mulheres. Lembrando que no Brasil, o Supremo Tribunal da Justiça anulou a restrição de doação de sangue por parte de homossexuais. Para mais informações sobre restrições, acesse o site.